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“A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza será um dos principais resultados da presidência brasileira do G20”, afirma Lula na ONU
Foto: Ricardo Stuckert / PR
O combate à insegurança alimentar e a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza foram temas destacados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta terça-feira (24.09), em discurso na abertura da 79° Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, faz parte da comitiva presidencial e participou do debate. Entre as autoridades, também estavam presentes a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara; do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva e da Igualdade Racial, Anielle Franco.
No discurso, o presidente brasileiro lembrou que acabar com a fome é o “compromisso mais urgente” do seu governo. “A fome não é apenas resultado de fatores externos”, explicou ao citar crises econômicas e pandemias. “Decorre, sobretudo, de escolhas políticas. O mundo produz alimentos para erradicá-la, o que falta é criar condições de acesso ao alimento”, completou.
Só em 2023, retiramos 24,4 milhões de pessoas da condição de insegurança alimentar severa”
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Lula lamentou o aumento em mais de 152 milhões de pessoas que passam fome no mundo desde 2019, com maior gravidade na Ásia, África e parte da América Latina, afetando mais meninas e mulheres. Citou, na contramão, avanços realizados pelo Brasil. “Só em 2023, retiramos 24,4 milhões de brasileiros da condição de insegurança alimentar severa”, lembrou.
Um dos programas que tem contribuído para esse resultado é o Bolsa Família, relançado em 2023. Desde então, passou a ter uma série de benefícios adicionais para dar suporte, com igualdade e justiça social, às diferentes composições familiares. Atualmente, transfere renda mensalmente, com condicionalidades de saúde e educação, para mais de 55 milhões de pessoas, o equivalente a um quarto da população brasileira.
O presidente também falou sobre a importância da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. “A Aliança nasceu dessa vontade política e espírito de solidariedade, será um dos principais resultados da presidência brasileira do G20 e está aberta a todos os países do mundo”, enfatizou.
Reforma da ONU
O ministro Wellington Dias lembrou que, historicamente, o Brasil é o primeiro país a abrir o debate e falou sobre a importância da cerimônia. “Na sessão de abertura, como é tradição, o Brasil faz seu pronunciamento e coloca os grandes desafios da humanidade: mudanças climáticas, os ODS 2030, que estão relacionados à Aliança Global, a promoção de uma política de paz e a nova governança”, resumiu.
“O mundo mudou e a ONU precisa trabalhar uma composição que leve em conta essas mudanças, para se ter a legitimidade e garantia da solução dos problemas da humanidade”, completou.
A reforma da governança mundial foi abordada no discurso de Lula, que ainda criticou o fato de a ONU nunca ter tido uma secretária-geral mulher. “A ONU está esvaziada e paralisada. É hora de reagir com vigor a essa situação. Não bastam ajustes pontuais, é preciso contemplar ampla revisão da Carta”, defendeu.
O presidente citou como necessárias as transformações no Conselho Econômico e Social, a revitalização do papel da Assembleia Geral e a reforma do Conselho de Segurança, de modo a torná-lo mais eficaz e representativo. “A exclusão da América Latina e África nos assentos permanentes no Conselho de Segurança é um eco inaceitável de práticas de dominação do passado colonial”, lamentou.
Mudança climática
O presidente Lula também tratou da urgência climática. “O planeta já não espera para cobrar da próxima geração e está farto de acordos climáticos não cumpridos. Está cansado de metas de redução de emissão de carbono negligenciadas e do auxílio financeiro aos países pobres que não chega. O negacionismo sucumbe ante as evidências do aquecimento global”, afirmou.
“O Brasil sediará a COP-30, em 2025, convicto de que o multilateralismo é o único caminho para superar a urgência climática. É hora de enfrentar o debate sobre o ritmo lento da descarbonização do planeta e trabalhar por uma economia menos dependente de combustíveis fósseis”, concluiu.
Assessoria de Comunicação - MDS