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Entenda a diferença entre os tipos de desastres naturais e tecnológicos registrados no Brasil
Brasília (DF) – No Brasil, os desastres naturais e tecnológicos (provocados) são divididos em grupos e subgrupos, a partir da Classificação e Codificação Brasileira de Desastres (Cobrade). Para os naturais, são considerados cinco grupos: geológicos, hidrológicos, meteorológicos, climatológicos e biológicos. Já os tecnológicos são separados em ocorrências relacionadas a substâncias radioativas, produtos perigosos, incêndios urbanos, obras civis e transporte de passageiros e de cargas não perigosas.
"A Cobrade foi definida como um processo de nivelamento dos tipos de desastres de acordo com uma codificação internacional, ou seja, ela traz a especificidade dos desastres que temos no Brasil, mas é alinhada com os marcos internacionais de gestão de risco de desastres. Essas definições refletem a complexidade que é a gestão de riscos em um País tão grande como o nosso", observa o coordenador-geral de Gerenciamento de Desastres do Centro Nacional de Gerenciamento de Risco e Desastres (Cenad), Tiago Molina Schnorr.
Schnorr explica que, atualmente, a Cobrade apresenta 65 tipos ou subtipos de desastres e que o trabalho da Defesa Civil Nacional se baseia nessas especificações. "Essa codificação representou um grande avanço no sentido de delimitar a atuação dos órgãos de proteção e defesa civil”, afirma o coordenador.
Dentre os desastres que geram maior impacto e mais são registrados no Brasil, estão os relacionados ao excesso ou à falta de chuvas.
Confira abaixo as especificações de cada desastre.
DESASTRES NATURAIS
1) Desastres geológicos
No grupo dos desastres naturais geológicos, estão os terremotos, as emanações vulcânicas, os movimentos de massa e as erosões.
a) Terremotos
São subdivididos em tremor de terra – vibrações do terreno que provocam oscilações verticais e horizontais na superfície da Terra (ondas sísmicas) – e tsunami – série de ondas geradas pelo deslocamento de um grande volume de água causado geralmente por terremotos, erupções vulcânicas ou movimentos de massa.
b) Emanações vulcânicas
São materiais vulcânicos lançados na atmosfera a partir de erupções vulcânicas.
c) Movimentos de massa
São subdivididos em quedas, tombamentos e rolamentos; deslizamentos; corridas de massa e subsidências e colapsos.
• Quedas, tombamentos e rolamentos: pode ser de blocos, lascas, matacães e lajes (materiais rochosos)
• Deslizamentos: pode ser de solo e/ou rocha
• Corridas de massa: pode ser de solo/lama ou de rocha/detrito
• Subsidências e colapsos: afundamento rápido ou gradual do terreno devido ao colapso de cavidades, redução da porosidade do solo ou deformação de material argiloso.
d) Erosões
São subdivididas em erosões costeira/marinha, de margem fluvial e continental.
• Costeira/marinha: processo de desgaste (mecânico ou químico) que ocorre ao longo da linha da costa (rochosa ou praia) devido à ação das ondas, das correntes marinhas e das marés
• Margem fluvial: desgaste das encostas dos rios que provoca desmoronamento de barrancos.
• Continental: remoção das partículas do solo provocada por escoamento hídrico superficial concentrado ou não concentrado.
2) Desastres hidrológicos
No grupo dos desastres naturais hidrológicos, estão as inundações, as enxurradas e os alagamentos.
a) Inundações
Submersão de áreas fora dos limites normais de um curso de água em zonas que normalmente não se encontram submersas. O transbordamento ocorre de modo gradual, geralmente ocasionado por chuvas prolongadas em áreas de planície.
b) Enxurradas
Escoamento superficial de alta velocidade e energia, provocado por chuvas intensas e concentradas, normalmente em pequenas bacias de relevo acidentado. Caracterizada pela elevação súbita das vazões de determinada drenagem e transbordamento brusco da calha fluvial. Apresenta grande poder destrutivo.
c) Alagamentos
Extrapolação da capacidade de escoamento de sistemas de drenagem urbana e consequente acúmulo de água em ruas, calçadas ou outras infraestruturas urbanas, em decorrência de chuvas intensas.
3) Desastres meteorológicos
No grupo dos desastres naturais meteorológicos, estão os sistemas de grande escala/escala regional, as tempestades e as temperaturas extremas.
a) Sistemas de grande escala/escala regional
São subdivididos em ciclones e frentes frias/zonas de convergência.
• Ciclones: podem ser de ventos costeiros – quando há a intensificação dos ventos nas regiões litorâneas, movimentando dunas de areia sobre construções na orla – e marés de tempestade (ressaca) - ondas violentas que geram maior agitação do mar próximo à praia. Ocorrem quando rajadas fortes de vento fazem subir o nível do oceano em mar aberto e a intensificação das correntes marítimas carrega uma enorme quantidade de água em direção ao litoral. Como consequência, as praias ficam inundadas.
• Frentes frias/zonas de convergência: é uma massa de ar frio que avança sobre uma região, provocando queda brusca da temperatura local, com período de duração inferior à friagem. Zona de convergência é uma região que está ligada à tempestade causada por uma zona de baixa pressão atmosférica, provocando forte deslocamento de massas de ar, vendavais, chuvas intensas e até queda de granizo.
b) Tempestades
São subdivididas em tornados, tempestade de raios, granizo, chuvas intensas e vendavais.
• Tornados: coluna de ar que gira de forma violenta quando entra em contato com a terra e a base de uma nuvem de grande desenvolvimento vertical. A coluna de ar pode percorrer vários quilômetros e deixa rastro de destruição pelo caminho percorrido.
• Tempestade de raios: tempestade com intensa atividade elétrica no interior das nuvens e grande desenvolvimento vertical.
• Granizo: precipitação de pedaços irregulares de gelo.
• Chuvas intensas: chuvas que ocorrem com acumulados significativos, causando múltiplos desastres, como, por exemplo, inundações, movimentos de massa e enxurradas.
• Vendavais: forte deslocamento de uma massa de ar em uma região.
c) Temperaturas extremas
São subdivididas em ondas de calor e de frio.
• Onda de calor: período prolongado de tempo excessivamente quente e desconfortável, onde as temperaturas ficam acima de um valor normal esperado para aquela região em determinado período do ano. Geralmente é adotado um período mínimo de três dias com temperaturas 5°C acima dos valores máximos médios.
• Onda de frio: pode ser classificada como friagem - período de tempo que dura, no mínimo, de três a quatro dias, e os valores de temperatura mínima do ar ficam abaixo dos valores esperados para determinada região em um período do ano – ou geada - formação de uma camada de cristais de gelo na superfície ou na folhagem exposta.
4) Desastres climatológicos
No grupo dos desastres naturais climatológicos, está o período de seca, que pode ser dividido em estiagem, seca, incêndio florestal e baixa umidade do ar.
• Estiagem: período prolongado de baixo ou nenhum registro de chuva, em que a perda de umidade do solo é superior à sua reposição.
• Seca: é uma estiagem prolongada, durante o período de tempo suficiente para que a falta de chuvas provoque grave desequilíbrio hidrológico.
• Incêndio florestal: propagação de fogo sem controle em qualquer tipo de vegetação situada em áreas protegidas. No mesmo grupo, também estão os incêndios em áreas não protegidas, com reflexo na qualidade do ar.
• Baixa umidade do ar: queda da taxa de vapor de água suspensa na atmosfera para níveis abaixo de 20%.
5) Desastres biológicos
No grupo dos desastres naturais biológicos, estão as epidemias e as infestações/pragas. Veja a diferença entre eles.
• Epidemias: são subdivididas em doenças infecciosas virais, bacterianas, parasíticas e fúngicas.
• Infestações/pragas: são subdivididas em infestações de animais, de algas e outras infestações
DESASTRES TECNOLÓGICOS
1) Desastres relacionados a substâncias radioativas:
a) Desastres siderais com riscos radioativos
Neste caso, entram as ocorrências de queda de satélites que possuem, em sua composição, motores ou corpos radioativos, podendo ocasionar a liberação deste material.
b) Desastres com substâncias e equipamentos radioativos de uso em pesquisas, indústrias e usinas nucleares
Neste caso, entram as ocorrências com fontes radioativas em processos de produção e quando o escapamento acidental de radiação que excede os níveis de segurança estabelecidos em norma da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
c) Desastres relacionados com riscos de intensa poluição ambiental provocada por resíduos radioativos
Desastres com outras fontes de liberação de radionuclídeos para o meio ambiente, com escapamento acidental ou não acidental de radiação originária de fontes radioativas diversas e que excede os níveis de segurança estabelecidos em norma da CNEN.
2) Desastres relacionados a produtos perigosos
a) Desastres em plantas e distritos industriais, parques e armazenamentos com extravasamento de produtos perigosos
Liberação de produtos químicos diversos para o ambiente, provocada por explosão/ incêndio em plantas industriais ou outros sítios.
b) Desastres relacionados à contaminação da água
São divididos em subgrupos:
• Liberação de produtos químicos nos sistemas de água potável
Derramamento de produtos químicos diversos em um sistema de abastecimento de água potável, que pode causar alterações nas qualidades físicas, químicas e biológicas.
• Derramamento de produtos químicos em ambiente lacustre, fluvial, marinho e aquífero
Derramamento de produtos químicos diversos em lagos, rios, mar e reservatórios subterrâneos de água, que pode causar alterações nas qualidades físicas, químicas e biológicas.
3) Desastres relacionados a conflitos bélicos
Neste caso, entra a liberação de produtos químicos e contaminação como consequência de ações militares. O agente de natureza nuclear ou radiológica, química ou biológica, considerado perigoso, pode ser utilizado intencionalmente por terroristas ou grupamentos militares em atentados ou em caso de guerra.
4) Desastres relacionados a transporte de produtos perigosos
São divididos em subgrupos:
a) Transporte rodoviário
Extravasamento de produtos perigosos transportados no modal rodoviário.
b) Transporte ferroviário
Extravasamento de produtos perigosos transportados no modal ferroviário.
c) Transporte aéreo
Extravasamento de produtos perigosos transportados no modal aéreo.
d) Transporte dutoviário
Extravasamento de produtos perigosos transportados no modal dutoviário.
e) Transporte marítimo
Extravasamento de produtos perigosos transportados no modal marítimo.
f) Transporte aquaviário
Extravasamento de produtos perigosos transportados no modal aquaviário.
5) Desastres relacionados a incêndios urbanos
São divididos em subgrupos:
a) Incêndios em plantas e distritos industriais, parques e depósitos
Propagação descontrolada do fogo em plantas e distritos industriais, parques e depósitos.
b) Incêndios em aglomerados residenciais
Propagação descontrolada do fogo em conjuntos habitacionais de grande densidade.
6) Desastres relacionados a obras civis
a) Colapso de edificações
Queda de estrutura civil.
b) Rompimento/colapso de barragens
Rompimento ou colapso de barragens.
7) Desastres relacionados a transporte de passageiros e cargas não perigosas
a) Transporte rodoviário
Acidente no modal rodoviário envolvendo o transporte de passageiros ou cargas não perigosas.
b) Transporte ferroviário
Acidente com a participação direta de veículo ferroviário de transporte de passageiros ou cargas não perigosas.
c) Transporte aéreo
Acidente no modal aéreo envolvendo o transporte de passageiros ou cargas não perigosas.
d) Transporte marítimo
Acidente com embarcações marítimas destinadas ao transporte de passageiros e cargas não perigosas.
e) Transporte aquaviário
Acidente com embarcações destinadas ao transporte de passageiros e cargas não perigosas.