Notícias
G20 Brasil 2024
Troca de experiências entre países do G20 é um dos passos para a redução do risco de desastres
O secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff, abriu a sessão de debates. (Fotos: Marcos Pinheiro/MIDR)
Brasília (DF) - Com a cooperação de países que lidam com eventos climáticos, o encontro presencial do Grupo de Trabalho de Redução do Risco de Desastres do G20 começou, nesta sexta-feira (26), no Rio de Janeiro, com reuniões preparatórias para a abertura oficial do evento, na próxima segunda-feira (29), que contará com a presença do ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), Waldez Góes.
O secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff, abriu a sessão de debates ressaltando que o compartilhamento de informações é um dos pilares do grupo de trabalho. “Essa troca de boas práticas e experiências entre os 20 países membros é a oportunidade que eles têm de se articular e apresentar os casos de sucesso”, reforçou.
Com o tema “Alerta Precoce e Ação Antecipatória”, o primeiro painel do dia discutiu a importância do alerta antecipado para a população residente em área de risco. Participaram da reunião o diretor do Escritório Regional para as Américas da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Julian Baez Benitez, e representantes da Defesa Civil do Rio de Janeiro e do Centro Estadual de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden/RJ).
No evento, o diretor do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad) da Defesa Civil Nacional, Armin Braun, explicou que a população brasileira é alertada em casos de desastres via SMS, TV por assinatura, WhatsApp, Telegram, Google e ainda terá acesso a uma nova ferramenta, com previsão de lançamento na próxima semana. “Estamos com a tecnologia desenvolvida. Será possível enviar alertas sem necessidade de cadastro do usuário”, informou.
Os Emirados Árabes Unidos também abordaram a gestão da comunicação durante crises e emergências, além do salvamento de vidas como prioridade absoluta. “Sempre colocamos os seres humanos em primeiro lugar. O compromisso com a vida é a prioridade para o nosso país. Nosso foco é criar ambientes onde todos os seres vivos possam ser vistos dessa forma, principalmente em situações de crise”, completou Fátima Mohamed Al Nuaimi, representante dos Emirados Árabes Unidos.
A segunda sessão tratou do tema “Infraestrutura Resiliente” com a participação de representantes da Índia, do Japão, do Escritório das Nações Unidas para Redução de Riscos de Desastres (UNDRR) e do Banco Mundial, além do diretor do Departamento de Obras de Proteção e Defesa Civil da Defesa Civil Nacional, Paulo Falcão.
“Uma política que consiga integrar essa visão de infraestrutura resiliente e que possa ser vista por outras políticas parte de algumas premissas relevantes, como a avaliação do risco. É preciso ter uma completa visão das vulnerabilidades que existem nas infraestruturas e das ameaças naturais, tecnológicas ou sociais que possam afetar a resiliência”, afirmou Falcão.
Na ocasião, a representante da Índia e diretora regional da Coalition for Disaster Resilient Infrastructure (CDRI), coligação internacional que visa promover a infraestrutura resiliente a desastres, Ranjini Mukherjee, agradeceu ao Brasil pela participação no evento e ressaltou a necessidade de infraestruturas resilientes. “A infraestrutura está no centro de qualquer desenvolvimento e progresso. Por isso, o evento de hoje foca no compartilhamento de boas práticas e na necessidade dos países membros se ajudarem nessa questão”, reforçou.
Conhecido pelas ações na área de gestão e planejamento de riscos de desastres, o Japão enviou para o evento o professor Nishikawa, da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA). Na reunião, o professor destacou a importância de mapas atualizados das cidades. “As principais cidades japonesas estão em áreas de inundação. Vale destacar aqui a necessidade de incorporar os riscos no planejamento das cidades e a produção de mapas atualizados das regiões de risco”, disse.
O terceiro painel “Financiamento da Redução do Risco de Desastres com Setor Público e Privado e Engajamento Multilateral” trouxe para a discussão especialistas da área, como o diretor do Departamento de Estruturação de Projetos da Secretaria Nacional de Fundos e Instrumentos Estratégicos (SNFI), Marcos Torreão. “O papel do setor público é criar políticas, regulamentos e planos de ação para a redução do risco de desastres, além de isenções fiscais, subsídios e outros incentivos financeiros para encorajar o investimento na redução de risco. O setor privado faz investimentos em infraestruturas resilientes, participando de parceria publico-privada, e as organizações multilaterais, além de disponibilizar financiamento, entram com assistência técnica e promovem a cooperação internacional”, explicou.
Representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Confederação Nacional de Seguros Gerais do Brasil também participaram.
Combater vulnerabilidades e reduzir desigualdades
O evento desta sexta também abordou a redução do risco de desastres para combater a desigualdade e reduzir a vulnerabilidade, com a presença de representantes da Índia, África do Sul e Brasil. Na reunião, o secretário nacional de Periferias, Guilherme Simões, enfatizou a necessidade do tema. “Nossos esforços estão orientados na perspectiva de que a redução do risco de desastres também é a redução das desigualdades. No contexto brasileiro, o passado colonial e a herança desigual ainda permanecem de forma estrutural na economia, na economia e nas políticas públicas e se materializam em precariedade urbana, pobreza e maior vulnerabilidade a risco de desastres”, conclui.
Representante do UNDRR, Jekulin Lipi Saikia, chamou atenção para o Mecanismo de Engajamento das Partes Interessadas (SEM/UNDRR), que cria um caminho aberto e estruturado para o envolvimento estreito das partes interessadas na implementação do Quadro de Sendai por meio de processos políticos globais, regionais e nacionais importantes. “O que buscamos é o engajamento da sociedade na redução do risco de desastres e a criação de um movimento inclusivo de compartilhamento de informações”, afirmou Jekulin.
Representante da África do Sul, Pumeza Tyali, destacou o trabalho feito nas escolas do país, principalmente as especiais, para minimizar os riscos. “Estamos falando de crianças especiais, com alguma dificuldade, que também precisam de um olhar especial. Para isso, começamos a instalar medidas de mitigação dos riscos e criar programas de treinamento dos professores e funcionários. Todo mundo precisa saber como agir diante de um alerta. Até a linguagem temos que adequar para que todos da comunidade entendam o que está acontecendo e o que precisam fazer para se salvarem. É claro que ainda temos muitos problemas, não conseguimos acessar toda a comunidade e os mais vulneráveis, mas estamos no caminho”, completou.
A presidente do Movimento do Aluguel Social e Moradia de Petrópolis (RJ) e da Comissão das Vítimas das Tragédias da Região Serrana do Rio de Janeiro, Cláudia Renata Ramos, comemorou a participação no evento. “Estamos ocupando espaços que não tínhamos antes, é importante estarmos aqui, é um grito de socorro das vozes que foram atingidas nas chuvas da Região Serrana do Rio”, concluiu.
Coordenadora nacional do G20 Favelas e da Central Única das Favelas (Cufa), Letícia Gabriella da Cruz Silva, destacou o trabalho da Cufa durante a pandemia e a importância do G20 Favela. “O G20 Favela foi criado para construir um diálogo com as potências mundiais. Estamos contribuindo para a Cúpula do G20 com informações reais das populações das favelas e periferias”, afirmou.
O tema que encerrou o primeiro dia de reuniões foi “Integrando Soluções Baseadas na Natureza para Resiliência e Redução de Riscos de Desastres: Estratégias, Desafios e Oportunidades” com representantes da Coreia e do Japão.
Presidência do Brasil
Desde 1º de dezembro de 2023, o Brasil assumiu, pela primeira vez, a presidência do G20 e colocou na pauta prioridades como a reforma da governança global, as três dimensões do desenvolvimento sustentável (econômica, social e ambiental) e o combate à fome, pobreza e desigualdade.
A logomarca da presidência brasileira, com as cores das bandeiras dos países-membros, destaca o dinamismo e multilateralismo com que o Brasil aborda as questões mundiais.
Com o slogan “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável”, a atual presidência traz o compromisso e o desejo do Brasil em promover o desenvolvimento econômico e social global.
G20
O Grupo dos Vinte, o G20, nasceu após uma sequência de crises econômicas mundiais. Em 1999, países industrializados criaram um fórum para debater questões financeiras. Em 2008, no auge de mais uma crise, o grupo teve a primeira reunião de cúpula com chefes de Estado e, desde então, não parou de crescer no âmbito das discussões sobre estabilidade econômica global.
Com presidências rotativas anuais, o G20 desempenha papel importante nas grandes questões econômicas internacionais.
Atualmente, além de 19 países dos cinco continentes (África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia), integram o fórum a União Europeia e a União Africana. O grupo agrega dois terços da população mundial, cerca de 85% do PIB global e 75% do comércio internacional.
A agenda do G20 inclui outros temas de interesse da população mundial, como comércio, desenvolvimento sustentável, saúde, agricultura, energia, meio ambiente, mudanças climáticas e combate à corrupção.
Credenciamento
O ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, irá presidir a sessão de abertura, que ocorrerá no dia 29/7, às 8h30. Logo em seguida atenderá à imprensa. Jornalistas que quiserem se cadastrar para participar do evento devem enviar e-mail para credenciamento@g20.gov.br
Outras notícias
MIDR anuncia lançamento do Plano Nacional de Defesa Civil para este semestre
MIDR coordena, no G20, novas sessões de debate sobre ações de proteção e defesa civil
Governo Federal prorroga até 31 de agosto prazo para prefeituras cadastrarem novas famílias no Auxílio Reconstrução