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MIDR inaugura laboratórios para impulsionar o desenvolvimento regional no semiárido cearense
Laboratórios inaugurados nesta semana darão suporte aos polos do Cordeiro, Mel, Leite e Fruticultura em áreas como nutrição animal e soluções digitais (Foto: Divulgação/MIDR)
Brasília (DF) – O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) está investindo no desenvolvimento regional do semiárido do Ceará. O trabalho se dá por meio do Programa Rotas de Integração Nacional, que apoia pequenos produtores e agricultores familiares em quatro regiões do estado (Sertão Central, Centro Sul, Inhamuns e Sertões de Crateús). Integram a iniciativa quatro polos, que fazem parte das Rotas do Cordeiro, do Leite, do Mel e da Fruticultura.
Uma parceria entre o MIDR e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), por meio do Centro de Inovação e Difusão de Tecnologias para o Semiárido (CDITS), vem sendo essencial para o crescimento desses polos e, agora, ganha ainda mais potencial. Nessa quinta-feira (26), o CDITS inaugurou, na cidade de Boa Viagem (CE), dois laboratórios de inovação, que darão suporte aos polos em áreas como nutrição animal e soluções digitais, que incluem, entre outros, tecnologias voltadas a comércio eletrônico e sistemas de monitoramento.
Além desses dois laboratórios, outros quatro centros de tecnologia também serão instalados futuramente. No total, o MIDR vai investir R$ 3,5 milhões nos seis laboratórios, sendo R$ 2 milhões em obras e R$ 1,5 milhão para a compra de equipamentos.
“Esses dois laboratórios que inauguramos nesta semana serão muito importantes para o desenvolvimento dos polos cearenses das Rotas de Integração Nacional. Um deles é o Laboratório de Inovação para o Desenvolvimento do Semiárido (LISA), que fornecerá soluções digitais para o setor produtivo. Eles vão desenvolver toda a parte de comércio eletrônico, sistemas para monitoramento e uma gama de soluções para aplicativos, que podem ser utilizadas em favor das cadeias produtivas do estado”, explica a secretária nacional de Políticas de Desenvolvimento Regional e Territorial do MIDR, Adriana Melo.
“Além disso, também inauguramos o Laboratório de Bromatologia e Nutrição Animal do Sertão Central (LABNAS), que vai trabalhar com a análise de alimentos que são utilizados na produção animal. É uma iniciativa que vêm beneficiar as rotas do Cordeiro, do Leite e todo o escopo das rotas que o programa abrange no estado”, completa Adriana Melo.
Entre os projetos que serão realizados pelos laboratórios estão a execução dos sistemas de mapeamento, inscrição e escrituração de uso técnico para atender aos criadores de cordeiro; o projeto Comer Inteligente, que busca prever produção, produtividade e realizar o acompanhamento do desenvolvimento de colônias de abelhas, para os apicultores do Polo do Mel; e o projeto Leite do Futuro, que visa melhorar a qualidade do leite dos produtores locais.
Leite do Futuro
Lívia Pereira Mota, 18 anos, é estudante de Análise e Desenvolvimento de Sistemas no IFCE e participa do projeto Leite do Futuro. Segundo Lívia, a iniciativa visa mapear as chamadas vacas A2A2, capazes de produzir apenas uma das proteínas do leite, a beta-caseína A2. O leite produzido por esses animais não desencadeia no organismo desconfortos que provocam a má digestão ou fermentação em indivíduos que têm dificuldade de digerir a beta-caseína A1, produzido pelas vacas comuns.
“Sabemos que, na nossa região, existe esse tipo de leite A2 e que não é valorizado nem notado pela comunidade. O projeto vai ajudar os produtores de forma econômica e social, e ainda contribuir para as pessoas que sofrem de APLV, que é a alergia à proteína do leite de vaca”, observa a estudante.
Por meio do LABNAS, o projeto prevê disseminar e expandir o mapeamento do leite e também criar um sistema de rastreamento utilizando a ferramenta de rastreabilidade blockchain, para que a comunidade em geral tenha acesso a todo o percurso do leite, do produtor ao consumidor.
“As ferramentas disponibilizadas pelo MIDR, como os laboratórios e os equipamentos, são de extrema importância, tanto para esse projeto como para os demais, já que os mesmos trazem evoluções econômicas e sociais e de grande impacto, não só para a nossa, mas também para as demais regiões do semiárido cearense”, avalia Lívia.
O LABNAS foi construído com recursos de emendas parlamentares, sendo R$ 800 mil em equipamentos e R$ 600 mil para as obras de construção. O MIDR aportou cerca de R$ 100 mil para material de custeio para funcionamento dos laboratórios, na análise de solos e ração para auxiliar os produtores das rotas do Leite, do Cordeiro e da Fruticultura.
Inteligência artificial
No caso do LISA, um dos objetivos é buscar soluções no âmbito da inteligência artificial (IA), desenvolvimento de sistemas e automação, inseridos no conceito do AGRO 5.0 - combinação da coleta de informações em tempo real e em larga escala com as tecnologias da IA para tornar fazendas mais dinâmicas e sustentáveis. O laboratório O laboratório recebeu R$ 110 mil em equipamentos pelo MIDR e agrega equipes multidisciplinares para o desenvolvimento de protótipos e modelos a serem aplicados para solucionar problemas relacionados ao semiárido e às Rotas da Integração Nacional.
Um dos coordenadores do CDITS, Igo Andrade destacou que os recursos já repassados pelo MIDR também permitiram o custeio de cursos de informática. “Foram ministrados cerca de dez cursos de informática no laboratório. Além disso, compramos uma série de materiais que, além de serem adotados nos cursos, proporcionaram aos nossos estudantes a capacidade de desenvolver novos protótipos e produtos que atendam às Rotas”, ressalta.
Rota da Galinha Caipira
A inauguração dos laboratórios ocorreu durante o 1º Fórum de Tecnologia Para o Semiárido. No evento, a secretária Adriana Melo anunciou o lançamento da Rota da Avicultura Caipira, que consiste na criação de aves por meio de princípios tradicionais e sustentáveis, garantindo o bem-estar animal e produzindo alimentos de qualidade.
“Esse é um setor que também vem despontando no mercado por ser altamente inclusivo, em função de ser um alimento saudável”, afirma Adriana. Nesse sistema, as aves são criadas soltas, em ambiente natural, com acesso a pastagem e alimentação balanceada. “Também vamos implantar a Rota da biodiversidade, que vai aproveitar a caatinga para desenvolver seus potenciais. Produtos da biodiversidade com respeito e sustentabilidade ambiental”, destaca.
“Esse momento vivido no estado do Ceará, com o protagonismo do IFCE, do Governo do Estado, da Companhia do Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e todos os parceiros locais, é de suma importância para a consolidação das Rotas de Integração Nacional, levando valores e transformação na ponta a quem realmente mais precisa, que são os produtores rurais, fortalecendo, agregando valor e inovação tecnológica de ponta, levando à risca a proposta do MIDR, que é desenvolvimento regional a partir de um diálogo pleno com todos os parceiros envolvidos, para soluções reais de problemas locais”, ressalta o coordenador das Rotas de Integração Nacional, Tiago Araújo.