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Desenvolvimento Regional
Governo Federal investe na Faixa de Fronteira do Amapá para potencializar áreas que possam ser desenvolvidas
Dezesseis estudantes da Universidade Federal do Amapá (Unifap) foram escolhidos como bolsistas do corpo técnico que realizará a pesquisa de elaboração do Plano Estadual para o Desenvolvimento e Integração da Faixa de Fronteira (PDIFF) no estado (Foto: Márcio Pinheiro/MIDR)
Brasília (DF) – O Governo Federal deu mais um importante passo na execução de uma ação considerada prioritária pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva: concluir os planos de desenvolvimento da faixa de fronteira em 11 estados brasileiros. Após o repasse, pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), de mais de R$ 1,3 milhão para a realização de trabalhos de campo e visitas técnicas em oito municípios do Amapá, 16 estudantes da Universidade Federal do Amapá (Unifap) foram escolhidos como bolsistas do corpo técnico que realizará a pesquisa de elaboração do Plano Estadual para o Desenvolvimento e Integração da Faixa de Fronteira (PDIFF).
O PDIFF tem o objetivo de estruturar ações para o desenvolvimento de atividades voltadas à melhoria da qualidade de vida e ao crescimento socioeconômico e ambiental, em benefício da população fronteiriça. O documento servirá como base para o mapeamento de políticas públicas inovadoras, potencializando áreas como meio ambiente, educação, saúde, segurança pública, infraestrutura e desenvolvimento sustentável, entre outras.
O ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, destaca que o MIDR, assim como o Governo Federal como um todo, está atento e atuante na redução da desigualdade social no Brasil e que a preocupação é melhorar os indicadores das populações mais pobres do país, acompanhando o crescimento do PIB e desenvolvimento econômico. O plano que será desenvolvido na região fronteiriça do Amapá servirá de base para ações de outros ministérios do Governo Federal.
“O plano não é para ser executado apenas em políticas que o Ministério [da Integração e do Desenvolvimento Regional] é responsável, mas tem que enxergar as potencialidades de negócios, infraestrutura pouco produtiva, pouca ou nenhuma conectividade, falta de cobertura de segurança pública, por exemplo. Ele vai enxergar o social, o econômico e o estrutural em todos os aspectos”, observa Waldez.
O ministro estar confiante no PDIFF e na importância dele para o desenvolvimento do Amapá. “Em relação aos ambientes de conhecimento, quanto mais nós tivermos melhor para a sociedade e é nisso que eu aposto. Daqui a menos de um ano, vamos entregar um planejamento daquilo que deve ser a melhor política pública para a região de fronteira do estado do Amapá”, afirma.
Plano modelo
O coordenador-geral de Gestão do Território do MIDR, Vitarque Coelho, destaca que o plano de fronteiras do Amapá será modelo para os demais planos estaduais. “É uma ferramenta que trabalhará, primeiro, um diagnóstico dos municípios de fronteira, o levantamento das necessidades junto à população. Por meio dos bolsistas, teremos um trabalho de mobilização e planejamento, que resultará em uma carteira de projetos em todos os segmentos", explica.
Professor da Unifap e coordenador do PDIFF no Amapá, Paulo Gustavo Pelegrino Torreira destaca que a expectativa do trabalho realizado pelos estudantes é produzir um documento propositivo sobre políticas públicas e estruturas para fortalecer a faixa de fronteira.
"A expectativa é que nossos 16 pesquisadores possam fazer pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo fundamental, trabalho com essas cidades por meio de oficinas e audiências públicas para entender, principalmente a partir das lideranças locais, quais são as necessidades", explica Gustavo Pelegrino.
Uma das indicadas para o projeto é Jade Figueiredo, 25 anos. Mestranda em Estudos de Fronteiras, a estudante realizará entrevistas com líderes comunitários e de povos originários, com o objetivo de identificar as necessidades e demandas locais e orientar o desenvolvimento da região de forma a beneficiar as pessoas que ali vivem.
"Para mim, é muito importante participar desse projeto, porque é uma oportunidade que normalmente não chega aos estudantes, vai mais para professores e para quem já está envolvido nessa área de pesquisa" avalia Jade. "Nossa expectativa é que, enquanto estudante, possamos obter mais experiência para o trabalho de campo" completa.
Duas fronteiras
Com uma área territorial de 142.470.762 km² e uma população estimada em 887,6 mil pessoas, o Amapá possui duas fronteiras internacionais, com a Guiana Francesa, ao norte, e com o Suriname, ao noroeste. Conta com 70% do território coberto por áreas protegidas, como áreas de proteção ambiental, reservas extrativistas, parques naturais e terras indígenas. Apesar de iniciar a implementação do PDIFF, o estado amapaense já teve um comitê de fronteira instalado no primeiro mandato do presidente Lula, mas que foi desativado nas últimas gestões.
"Nos últimos seis anos, o Brasil decidiu se desconectar de parceiros históricos. Vimos, por questões políticas e ideológicas, um afastamento de parceiros e uma política de desintegração. Aqui no Amapá, vivemos isso", afirma o secretário das Relações Internacionais e Comércio Exterior do Amapá, Lucas Abrahao. “O município de Oiapoque, que faz fronteira com a Guiana Francesa, foi um dos mais afetados, pois tem uma economia que depende muito dos vizinhos. Mas agora, com a mudança de governo, há um sentimento de reaproximação e reaquecimento. Com o presidente Lula, pensamos em sonhos maiores, em ter um duty-free, um shopping de fronteira para que possamos fixar esse capital, esse poder de compra francês, que é em euro, aqui no Amapá. Para que eles consumam, comprem e vendam aqui", finaliza.
O professor Paulo Gustavo Pelegrino destaca a importância de fortalecer a área de fronteira também com o Suriname. "Essa é uma região que também é fronteira com o Caribe. O Suriname já é um país caribenho, mesmo na América do Sul, então essa é uma fronteira de oportunidade para nós. Além disso, o Amapá é o único estado do Brasil isolado geograficamente, não temos conexão terrestre com nenhum outro estado do País, o que traz algumas peculiaridades para pensar o estado e, principalmente, a fronteira e ver como podemos enxergar as oportunidades e enfrentar os desafios", conclui.