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SEGURANÇA HÍDRICA
Em seminário, ministro Waldez Góes defende políticas de irrigação para garantir segurança alimentar sustentável
No seminário, foram feitas entregas referentes à complementação do orçamento do Termo de Execução Descentralizado (TED), com investimento que ultrapassa R$ 9,5 milhões. (Foto: Márcio Pinheiro/MIDR)
Brasília (DF) – O uso de políticas públicas de irrigação para garantir segurança alimentar de forma sustentável foi defendido pelo ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, no 1º Seminário de Agricultura Irrigada no Cerrado nesta quinta-feira (15). O evento abordou o desenvolvimento do bioma como potência agrícola nacional e internacional no contexto das mudanças climáticas e foi palco de entregas de projetos importantes dentro desse tema com a presença de pesquisadores.
De acordo com o ministro, o seminário serviu para contextualizar as iniciativas do Governo Federal quanto às questões hídricas, trazendo as dificuldades enfrentadas sem deixar de comemorar os resultados conquistados. “Quando o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) foi lançado, a agenda da água subiu de patamar. Sob o comando do ministro Rui Costa e a pedido do presidente Lula, a agenda da água se transformou em um eixo, o eixo ‘Água para Todos’”, destacou o ministro.
O encontro também proporcionou, por meio de pesquisadores que atuam nos setores da agricultura irrigada e recursos hídricos, a disseminação de informações e dados climatológicos sobre o tema. O secretário nacional de Segurança Hídrica do MIDR, Giuseppe Vieira, garantiu que todas as discussões do seminário serão levadas em consideração de forma estratégica para que seja possível continuar avançando com a atividade da agricultura irrigada sem deixar de pensar na sustentabilidade, além de preservar o meio ambiente e priorizar a boa gestão e eficiência na gestão dos recursos hídricos.
“Não adianta ficarmos pensando em soluções sem considerar o cenário de mudanças climáticas cada vez mais extremas. Queremos, com o evento de hoje, que esses pesquisadores tragam informações e dados para a sociedade e para as instituições públicas brasileiras a nível federal, estadual e municipal. É possível, sim, continuarmos avançando e é uma obrigação do país continuar produzindo alimentos de forma sustentável, garantindo a soberania alimentar da nossa população e, também, do mundo”, disse o secretário.
Estruturas importantes da Política Nacional de Irrigação (PNI) para o desenvolvimento regional, os Polos de Agricultura Irrigada, criados com o objetivo de alavancar essa atividade a partir de um trabalho conjunto entre as organizações de irrigantes e as diversas esferas de governo, foi um dos assuntos principais do seminário. O MIDR reconheceu 12 polos nacionais como parte dessa iniciativa, sendo oito dentro dos estados que integram o bioma Cerrado.
O diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Marcelo Moreira, explicou que vários projetos de agricultura irrigada existem em algumas regiões do país e estão em pleno funcionamento. “Nós temos vários projetos de agricultura irrigada no oeste da Bahia e estamos desenvolvendo projetos novos no DF e em Goiás. Há, também, investimento na agricultura familiar para os pequenos produtores como forma de incentivá-los a produzir, terem renda própria e constituírem pequenos polos de irrigação”, disse Moreira.
O coordenador do Polo de Irrigação Sustentável do Noroeste de Minas, Felipe Silveira, compartilhou que a iniciativa do MIDR é importante para facilitar os processos de comunicação entre as regiões e os entes federais. “A gente consegue consolidar as demandas e encaminhá-las via um ente federal e, por uma articulação política, esse poder, quem está lá na região, não tem. Uma ‘ponte’ é feita entre a região produtora com suas dificuldades e desafios para tentar buscar uma solução, seja no Governo Federal ou estadual”, argumentou Silveira.
Entregas
Com investimento que ultrapassa R$ 9,5 milhões, as entregas foram referentes à complementação do orçamento do Termo de Execução Descentralizado (TED), tanto para a Codevasf, quanto para os Institutos Federais Goiano e do Mato Grosso Canarana, contemplando o Projeto Ametista, em Goiás, e a Expansão da Irrigação na Região Araguaia-Xingu (MT).
O Projeto Ametista visa obter dados hidrometeorológicos para contribuir com a modernização e a evolução da gestão dos recursos hídricos na bacia do rio Samambaia, localizada no Polo de Agricultura Irrigada do Planalto Central de Goiás. Ao todo, será investido R$ 1,5 milhão, com vigência até dezembro de 2024.
A Expansão da Irrigação na Região Araguaia-Xingu se dará por meio de propriedades modelos, visando o atendimento e apoio técnico aos produtores (médio, pequeno e da Agricultura Familiar) da região atendida pelo Polo de Irrigação, em Canarana (MT). O valor total do programa foi estipulado em R$ 1,5 milhão.
Em conjunto com a Codevasf, está sendo celebrado um TED com o objetivo de atualizar o projeto executivo da Barragem Extrema, localizada no Ribeirão Extrema, no município de São João D’Aliança-GO, no montante de R$ 3,5 milhões e a oferta de kits de irrigação para a expansão do Polo de Fruticultura Irrigada do Vão do Paranã, localizado na área de abrangência do Polo de Irrigação do Planalto Central de Goiás, cujo valor foi de R$ 3 milhões. A previsão de início da execução dos programas é em setembro de 2024, com conclusão em dezembro de 2025.
Ficou previsto, também, o repasse de R$ 2,9 milhões para a Codevasf em setembro, que será destinado à implantação de sistemas de irrigação e de espaldeira para o cultivo de espécies frutíferas em propriedades rurais de pequenos produtores vindos da reforma agrária. O objetivo é a expansão do Polo de Fruticultura Irrigada do Vão do Paranã, localizado na área de abrangência do Polo de Irrigação do Planalto Central de Goiás.
Lançamento de livro
No seminário, as palestras foram ministradas por representantes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Universidade de Brasília (UnB) e Serviço Geológico do Brasil (SGB). Na ocasião, também foi lançada a segunda edição do livro “Agricultura Irrigada no Cerrado: Subsídios para o Desenvolvimento Sustentável”, de autoria do pesquisador da Embrapa e conselheiro honorário da Rede Nacional da Agricultura Irrigada (Renai), Lineu Neiva Rodrigues.
Para o pesquisador, o evento foi uma grande oportunidade para debater temas importantes para o desenvolvimento da irrigação no Cerrado, que responde por mais de 40% de toda a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas produzidas no país.
Segundo ele, o livro consiste em uma compilação de conhecimentos adquiridos ao longo de mais de 25 anos de trabalho e contou com a cooperação de diversos especialistas em temas de importância para a agricultura irrigada. “Foram muitas pessoas que contribuíram para este projeto, não apenas com informações técnicas, mas também com conversas informais, que foram essenciais para o entendimento da importância da agricultura irrigada para a produção sustentável de alimentos. Neste sentido, gostaria de agradecer aos irrigantes, com quem aprendo todos os dias”, concluiu Lineu.