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Bate-papo com a Defesa Civil: saiba os efeitos das ondas de calor na população
Brasília (DF) – A 19° edição do Bate-Papo com a Defesa Civil, evento on-line promovido pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), foi realizada nesta quinta-feira (30). O tema foram os efeitos das ondas de calor na população. Os convidados alertaram para o aumento da temperatura nos próximos anos, as causas do desastre climático, as doenças relacionadas e ainda trocaram experiências e tiraram dúvidas dos participantes.
O coordenador-geral de Gerenciamento de Desastres da Defesa Civil Nacional, Tiago Molina Schnorr, foi o mediador da conversa. “Alguns estudos preliminares apontam que 2023 é o ano mais quente da história do nosso planeta. Temos um fenômeno instituído de mudanças climáticas em que esses extremos de temperatura vão ser cada vez mais acentuados”, introduziu.
“Como o Brasil é um país tropical, grande parte das regiões normalmente têm altas temperaturas e isso leva a população a ter uma baixa percepção do risco das ondas de calor e não as entender como um desastre. Acredito que o objetivo maior desse bate-papo é mudar a percepção com relação às ondas de calor”, completou.
A coordenadora-geral de Meteorologia do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Márcia Seabra, esclareceu que a causa das ondas de calor em todo o globo não é somente o fenômeno El Niño, mas que o aquecimento global vem contribuindo significativamente para o aumento da temperatura.
"Estamos falando não só da temperatura do ar, mas também da temperatura dos oceanos. A gente não pode colocar isso somente na conta do El Niño, pois já tivemos El Niños mais intensos, como o de 2015 e 2016, e as temperaturas não ficaram tão elevadas. Isso é um sinal claro de que questões como as mudanças climáticas e o aquecimento global têm influenciado. No total, foram oito ondas de calor em 2023. A maior temperatura já registrada pelo Inmet desde o início das medições foi de 44,8º C em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais", detalhou.
Impacto na saúde
Já Thaís Cavendish, que é analista de Políticas Sociais do Ministério da Saúde, alertou sobre o impacto do calor na saúde da população. "O organismo humano precisa desencadear uma série de reações para se adaptar a uma temperatura exterior. Esse centro de termorregulação do nosso corpo gera uma sobrecarga para os nossos sistemas, principalmente o cardiovascular, respiratório e urinário. Por exemplo, podemos nos deparar com insolação, desidratação, queimaduras e exaustão térmica. Essas são apenas algumas das situações que vamos precisar aprender a conviver porque serão mais presentes daqui para frente", afirmou.
Thaís também alertou que todos os sintomas e riscos observados em períodos de calor são potencializados em pessoas com condições específicas, como idosos, crianças, gestantes, lactantes e aqueles que já têm doenças cardiovasculares ou crônicas. Pessoas em situação de rua, privadas de liberdade, migrantes e trabalhadores em geral também devem ser objetos de atenção especial do Estado.
A última contribuição foi da major Michele Cesar, que compartilhou sua experiência como diretora da Defesa Civil de São Paulo. "Em nosso estado, a temperatura chegou a quase 42º C no município de Registro, entre os dias 10 e 17 de novembro. No centro da capital paulista, a temperatura chegou a 38º C. A fim de minimizar os efeitos na população, principalmente a vulnerável, tivemos a iniciativa de distribuição de água potável para pessoas que estavam circulando nas ruas da cidade. Além disso, fizemos alertas por meio do nosso canal telefônico (199) e nas redes sociais sobre como prevenir os riscos", informou.
Os especialistas finalizaram o evento informando sobre como são feitas as previsões do Inmet, como o sistema de saúde atua após a emissão de alertas, quais as recomendações dos órgãos oficiais e respondendo perguntas dos participantes externos.
Confira abaixo a íntegra do debate:
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