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NOVA INDÚSTRIA BRASIL
Inovação e regionalização da NIB são temas de debates na 5ª CNCTI
A Nova Indústria Brasil (NIB) esteve bastante presente nos debates desta quinta-feira (31) da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. O ministro interino do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Elias Rosa, coordenou a mesa sobre a “Nova Indústria e seus rebatimentos regionais”. O secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do MDIC, Uallace Moreira, participou do diálogo sobre a “NIB: Missões para a CT&I nas empresas”.
À tarde, na mesa que tratou sobre a regionalização da NIB, o ministro em exercício do MDIC afirmou que uma política industrial legítima é aquela que busca alcançar a regionalização e aplacar as desigualdades regionais. “Não se fará no Brasil uma política industrial legítima nem sequer válida do ponto de vista social se ela não tencionar de fato alcançar a regionalização e, dentro da regionalização, a territorialização”, completou Elias Rosa. Ele representou o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin, que está em missão internacional.
Para tratar da territorialização, a NIB conta com um Grupo de Trabalho (GT) que irá elaborar a proposta de um Sistema Nacional de Territorialização do Desenvolvimento Industrial com o objetivo de indicar novas possibilidades para reduzir as fragilidades estruturais e fomentar o desenvolvimento industrial regionalizado.
Segundo o ministro em exercício, as superintendências de desenvolvimento da Amazônia (Sudam), do Centro-Oeste (Sudeco), do Nordeste (Sudene) e o Ministério do Desenvolvimento Regional estão envolvidos na construção do documento.
Elias Rosa destacou, ainda, como a regionalização irá fomentar a bioeconomia. “A bioeconomia oferece, por exemplo, na região Norte, uma riqueza inigualável. Para a geração de energia, cuja matriz elétrica, no nosso caso que já é de fontes limpas e renováveis, encontra no Nordeste uma condição ainda mais competitiva. Para alcançar esses resultados, a indústria no Brasil, no tempo atual, precisa respeitar essas potencialidades regionais”, finalizou.
O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, participou do diálogo e reforçou a importância do aproveitamento das riquezas locais para o desenvolvimento regional. O presidente reforçou, também, a importância de se promover uma convergência entre o setor industrial, a comunidade científica e as universidades. “Nós precisamos produzir desenvolvimento no Brasil, e o papel da universidade é decisivo nisso”, apontou Cappelli.
Márcia Oliveira, diretora substituta do Instituto Nacional de Tecnologia (INT), falou sobre o papel dos Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs) e das Unidades de Pesquisa (UPs) para a industrialização. Segundo ela, é importante que o setor produtivo se aproprie de todos os mecanismos que o governo federal está disponibilizando para que possa haver uma recuperação mais rápida da industrialização.
Também participaram do diálogo representantes da Confederação Nacional da Indústria (CNI), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), como relator da mesa.
NIB, Ciência, Tecnologia e Inovação
No início da noite, na plenária “Nova Indústria Brasil: missões para CT&I nas empresas”, o secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do MDIC, Uallace Moreira, destacou o importante papel da política industrial de consolidar as bases do desenvolvimento, com ciência, tecnologia e inovação, ao mesmo tempo em que se torna um instrumento de redução das desigualdades sociais.
“Pensar nesse processo de desenvolvimento e adensamento é pensar em como fortalecer o sistema setorial de inovação de cada missão da NIB. E pensar no sistema setorial de inovação é entender o papel da universidade, dos centros tecnológicos, das empresas estatais e privadas e o papel do governo”, ressaltou Moreira.
Ele explicou a importância de o Brasil aumentar o nível tecnológico da produção. “A estratégia chave para o desenvolvimento é o catch up tecnológico. Ele só é possível quando você tem políticas industrial e de inovação de caráter estrutural. E que também não seja um programa de governo, mas uma política de estado”, disse Moreira.
No debate que contou com representantes das principais instituições financiadoras da Nova Indústria Brasil, BNDES e Finep, o secretário explicou que o governo federal criou o Plano Mais Produção, que conta com R$ 300 bilhões para até 2026, para financiar o desenvolvimento industrial e de inovação. Ele destacou a importância desse instrumento público para fomentar o investimento produtivo, a exemplo do que acontece com o Plano Safra.
“As vantagens competitivas do agronegócio foram construídas através de políticas públicas. Hoje, um dos grandes papéis da política industrial é a gente consolidar o Plano Mais Produção como um programa de Estado, como se transformou o Plano Safra. É fazer com que a gente consolide um conjunto de linhas de crédito que dê previsibilidade para o investimento produtivo”, explicou.
O diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, José Gordon, salientou que a construção da política industrial representou a reconstrução da agenda de desenvolvimento econômico nacional.
“A Nova Indústria Brasil vem exatamente com essa ideia de trazer para o centro da discussão a indústria, mas junto com ela toda a agenda de Ciência, Tecnologia e Inovação. Porque não dava para pensar em uma indústria inovadora, exportadora, produtiva e verde (quatro eixos do Plano Mais Produção), sem falar em ciência, tecnologia”, disse Gordon.
Coordenando o debate, o presidente da Finep, Celso Pansera, ressaltou que a NIB pode dar à indústria brasileira o protagonismo que ela já teve na economia nacional. “Mais ou menos 19% do PIB mundial é industrial. Aqui no Brasil esse índice está em torno de 10% a 12%. Então, eu acho que a Nova Indústria Brasil, de fato, é um programa ativo, para reindustrializar o Brasil em novos termos”, concluiu.