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Competição mundial sobre tecnologias para mapeamento de biodiversidade de florestas tropicais se inicia em Manaus (AM)
- Foto: Bolinha Fotografia
Uma parceria entre o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a XPRIZE Foundation e o Instituto Alana trouxe para a Floresta Amazônica a competição XPRIZE Rainforest Florestas Naturais. O prêmio, que tem como objetivo o desenvolvimento de novas tecnologias para o mapeamento de diversidades das florestas tropicais do mundo, reúne 6 equipes do mundo todo e irá premiar os vencedores com US$ 10 mi. A final começou nesta quarta-feira (4), em Manaus (AM), e contou com a presença do secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do MDIC, Rodrigo Rollemberg.
A competição começou com 100 grupos de cientistas de 40 países, que apresentaram projetos de tecnologia de ponta, que incluíam sequenciamento de material genético ambiental, drones com sensores biacústicos, uso de robótica terrestre, inteligência artificial e ciência cidadã, todas voltadas para descobrir variedades de biodiversidade. Do total de inscritos, 6 equipes foram selecionadas para a final. Entre elas, o Brazilian Team, de Piracicaba (SP), que desenvolveu uma tecnologia envolvendo drones, arranjos de sensores, robótica terrestre e drones com podadores projetados para coletar amostras de DNA ambiental (eDNA) para avaliação. Além da equipe brasileira, há times da Suíça, Espanha e três dos Estados Unidos.
A fase final tem a previsão de durar um mês, onde as equipes irão testar e demonstrar suas tecnologias in loco para pesquisar de forma rápida e abrangente a biodiversidade da Floresta Amazônica, produzindo dados que melhorem a compreensão sobre o ecossistema, beneficiando a biodiversidade e as comunidades locais.
Além disso, para os testes finais, as equipes devem ser capazes de rastrear 100 hectares de floresta tropical em 24 horas e produzir insights de tempo real impactantes em um período de 48 horas. As equipes também precisam demonstrar a escalabilidade da sua tecnologia e maximizar o desempenho no levantamento da biodiversidade e na produção de conhecimentos que cumpram os critérios do prêmio, de modo a transformar de maneira fundamental a maneira que avaliamos a biodiversidade hoje.
Um fator que será relevante para a competição é a inclusão, o reconhecimento e o direito dos Povos Indígenas e comunidades locais, que deverão ser incluídos como parceiro das equipes para a fixação de metas, desenvolvimento, implementação e ampliação das soluções.
Durante a cerimônia de abertura da XPRIZE Rainforest, Rollemberg explicou sobre a importância do projeto. “É fundamental para desenvolver novos produtos que serão usados para a agricultura, para a saúde humana, para a alimentação humana, enfim, para a vida humana”, afirmou o secretário.
“Ter a oportunidade de conhecer com mais profundidade a biodiversidade, aproveitar para fortalecer os institutos de pesquisa locais como o INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) e fazer com que esse conhecimento reverta em benefício para os nossos povos e a humanidade é algo realmente fantástico”, completou Rollemberg. O INPA é um parceiro do projeto e irá reunir os dados coletados pelas equipes e inseri-los ao Sistema Nacional de Gestão de Patrimônio Genético e do Conhecimento Tradicional Associado (SisGen), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).
"Esse prêmio ilumina uma questão central que é o uso de tecnologias para auxiliar na conservação de nossa biodiversidade e o impulsionamento da bioecobomia, levando em consideração os direitos de povos indígenas e comunidades tradicionais. Quando falamos de indústria, estamos falando de tecnologia e essa iniciativa irá nos ajudar a usar a inovação tecnológica para a defesa de nossa sociobiodiversidade", afirmou o coordenador-geral de Cadeias Produtivas dos Biomas e responsável técnico pelo projeto, João Francisco Araújo Maria.
Saiba mais sobre as equipes finalistas e suas tecnologias:
- Brazilian Team, Piracicaba (SP) - drones, arranjos de sensores, robótica terrestre e drones com podadores projetados para coletar amostras de DNA ambiental (eDNA) para avaliação.
- ETH BiodivX, Suíça - drones patenteados e modificados usados para coletar amostras digitais e físicas que podem ser analisadas usando a tecnologia de “backpack lab” combinando IA inovadora, ciência cidadã e eDNA de campo para análise remota econômica.
- Map of Life, EUA - veículos aéreos não tripulados (UAVs) equipados com captura de imagem de alta resolução e sensores acústicos que transmitem dados para um painel baseado em nuvem.
- Providence Plus, Espanha - grandes sensores implantados por drones projetados para produzir dados ricos em vários níveis de cobertura que, de outra forma, seriam difíceis de acessar.
- Team Waponi!, EUA - novas armadilhas de captura de insetos e sensores bioacústicos inovadores para serem implantados e recuperados via drone.
- Welcome to the Jungle, EUA - drones com sensores bioacústicos e de imagens personalizados para deixar para trás apenas material orgânico nativo da floresta após a recuperação.
O prêmio que será concedido à equipe vencedora não envolve recursos públicos.
Sobre o XPRIZE
Há mais de 25 anos, o XPRIZE vem lançando competições globais para solucionar os maiores desafios da humanidade, sempre tendo em vista: romper novas fronteiras, garantir a sustentabilidade do planeta e despertar o potencial humano. O primeiro prêmio foi o Ansari XPRIZE para voos espaciais privados, que gerou avanços exponenciais, impulsionando a indústria de voos espaciais comerciais, inspirando o surgimento de empresas pioneiras e nomes conhecidos como Virgin Galactic, Blue Origin e SpaceX. Desde então, o XPRIZE conta com a realização de 25 competições e já ofereceu mais de US$ 269 milhões em premiações.
O XPRIZE Rainforest | Florestas Tropicais é uma competição de cinco anos que tem por objetivo estimular as equipes a desenvolverem tecnologias autônomas para a avaliação da biodiversidade com o intuito de melhorar a compreensão dos ecossistemas da floresta tropical, usando a rápida integração de dados para fornecer novos conhecimentos sobre a floresta. Entre os seus conselheiros estão nomes como o ator Harrison Ford e o cientista brasileiro Carlos Nobre, membro da Academia Brasileira de Ciências
A equipe da XPRIZE RAINFOREST Florestas Tropicais está trabalhando em parceria com os povos indígenas e as comunidades locais, os tradicionais guardiões e protetores das florestas tropicais, juntamente com ONGs locais e com o governo para garantir que as testagens finais na floresta sejam um evento colaborativo, seguro, de respeito e positivo. Todas essas esferas estarão envolvidas no planejamento e facilitação das finais, e serão consideradas parceiras e consultoras deste marco.