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Sustentabilidade
CBA realiza oficina de extração de óleos essenciais com mulheres agroextrativistas do interior do Amazonas
Como parte das ações de fortalecimento das cadeias produtivas e valorização do conhecimento tradicional, pesquisadoras do Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA) estiveram, durante o mês de julho, na comunidade São Raimundo, no município de Carauari, na região do Médio Juruá, a 787 quilômetros de Manaus (AM) para ministrar uma oficina de extração de óleos essenciais e boas práticas de fabricação para a Associação das Mulheres Agroextrativistas do Médio Juruá (Asmamj).
A Associação já trabalhava com uma produção manual e artesanal de óleos para exposições e feiras. Em 2022, ganharam o destilador por arraste a vapor, que permite o aumento e profissionalização da produção dos óleos essenciais, mas ela estava parada por falta de capacitação da mão-de-obra. Com o treinamento fornecido pelas pesquisadoras do CBA, as mulheres estão mais perto de entrar no mercado.
"Foi uma troca de conhecimento. Nós demos um treinamento de como elas poderiam utilizar melhor o equipamento que possuem, além de orientar sobre a melhor forma de armazenamento, embalagem e identificação dos resíduos, como folhas e galhos utilizados na extração dos óleos essenciais", explicou a pesquisadora Iracelma Pereira, do Núcleo Central Analítica do CBA, que viajou até a comunidade com a pesquisadora Vanessa Leal e uma equipe de apoio da Asmamj.
Além do treinamento prático, as pesquisadoras sugeriram melhorias nas rotinas de trabalho para otimizar o processo produtivo da comunidade. "Propusemos uma divisão de responsabilidades desde o recebimento da matéria-prima, passando pela extração, armazenamento, expedição e gerenciamento dos pedidos", acrescentou Iracelma.
Durante os dois dias de treinamento na comunidade, as pesquisadoras acompanharam a extração de óleos de Mutamba, utilizado no tratamento de problemas do couro cabeludo como caspa e seborreia, e de Louro Mamuí, com propriedades antissépticas e anti-inflamatórias, usado no tratamento de problemas de pele e em diversos cosméticos.
Na localidade, o grupo utiliza a técnica de arraste a vapor, considerada sustentável por não utilizar solventes químicos. Este método é um dos mais eficazes para a extração de óleos essenciais de baixo custo, embora não possa ser utilizado para compostos com alto índice de ácidos graxos, como andiroba e murumuru.
A oficina atendeu a um grupo de oito mulheres da Asmamj, que atuarão como multiplicadoras para as demais agroextrativistas da região do Médio Juruá.
Para uma das coordenadoras da associação, Luana Leite, a contribuição do CBA foi bastante positiva para a expansão do projeto. "As mulheres que acompanharam a oficina do CBA ficaram mais motivadas com o projeto. Tínhamos alguns experimentos e agora queremos comercializar o material. Os ensinamentos repassados serão multiplicados", afirmou Luana.
Visita ao CBA foi o ponto de partida
A psicóloga Fernanda Souza, que acompanha de perto a atuação das mulheres agroextrativistas do Médio Juruá, lembrou que a iniciativa de contratar os serviços do CBA surgiu após uma visita realizada em 2023 aos laboratórios do Centro de Bionegócios.
"Ficamos impressionados com o trabalho que o CBA realiza. Após a visita ao Centro com outras organizações, compreendemos a capacidade do CBA em nos ajudar. Desde então, acompanhamos mais de perto o trabalho do Centro e firmamos essa parceria. Esperamos contar novamente com o apoio do CBA em outras iniciativas voltadas às mulheres agroextrativistas", destacou Fernanda.
O diretor de Operações do CBA, Caio Perecin, comentou sobre a importância dessa iniciativa. “A Asmamj é um exemplo de como as lideranças femininas são fundamentais para a organização das comunidades ribeirinhas para a atuação em bionegócios. É o tipo de iniciativa que o CBA está buscando apoiar e ajudar a replicar, levando capacitação técnica e valorizando o conhecimento tradicional para promover desenvolvimento econômico e social na Amazônia”, destacou.
Com informação do CBA
Fotos: Luana Leite/ASMAMJ