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“Trago a troca de saberes, o trabalho em rede e a mobilização social”, diz nova assessora do MDIC
Carmem da Silva Ferreira, umas das principais lideranças na luta por moradia digna do país, tomou posse nesta quarta-feira (26/4) no comando da Assessoria de Participação Social e Diversidade do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Carmem Silva, como é conhecida, lidera há mais de 20 anos o Movimento dos Sem-Teto do Centro (MSTC) – um dos mais atuantes de São Paulo. A assessoria que ocupará no MDIC foi criada pelo atual governo e tem equivalentes em todas as Pastas. Embora todos os ocupantes sejam indicados pelos respectivos ministros, formam um grupo ligado à Secretaria Geral da Presidência da República. São canais diretos do governo com o movimento social e têm a missão de intensificar a agenda da inclusão nas políticas públicas desenvolvidas pelas pastas.
“Todos os assessores vêm do movimento social. Existe uma grande diversidade. No caso de ministérios que são mais técnicos, essa participação exige um olhar especial para a inclusão das pautas populares e das minorias”, avalia o advogado Nilton Melo, que até aqui ocupou a função no MDIC.
Carmen Silva, a nova assessora, completa 63 anos no próximo dia 16 de maio e foi convidada para assumir o cargo pelo vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin. Ela chega a Brasília com muitos planos e muitas ideias.
“Trago a troca de saberes, o trabalho em rede e a mobilização”, disse Carmem, em entrevista à Assessoria de Comunicação do MDIC. Para ela, a criação das Assessorias demonstra a vontade de escuta do governo e aponta para a construção de políticas públicas capazes de reduzir as desigualdades sociais.
Movimento — O MSTC, sob sua liderança, é responsável pela Ocupação 9 de Julho, antigo prédio abandonado do INSS onde hoje moram cerca de 120 famílias – um modelo de organização popular que conta com escola, horta comunitária, galeria de arte, brechó e programação cultural.
Entre outras ações, a Ocupação realiza almoços periódicos em que os pratos são produzidos com alimentos da agricultura orgânica fornecidos pelo MTST.
O movimento liderado por Carmen também é responsável pela ocupação do antigo Hotel Cambridge, que deu origem a um premiado documentário de Eliane e Carla Caffé (Era o Hotel Cambridge) e que depois de 11 anos de luta se transformou num condomínio de moradias populares financiadas pelo programa Minha Casa Minha Vida.
Abaixo, a entrevista:
Como vê a iniciativa do atual governo de criar assessorias de participação social em todos os ministérios?
A iniciativa do atual governo demonstra a vontade de integração entre os ministérios e a vontade de escuta dos vários setores da sociedade civil, com uma grande perspectiva de efetivar políticas públicas para redução de danos em eixos da desigualdade social.
Qual sua expectativa em relação ao trabalho que pretende desenvolver em Brasília?
Minha principal expectativa de trabalho, com a equipe da assessoria do Ministério, é estabelecer um diagnóstico para um coletivo bastante diverso, com oportunidades que incluam outras identidades, com objetividade para executar a com garantia de direitos constitucionais, incluindo a todos.
Você tem grande experiência na organização do movimento social, na luta por moradia digna. O que pretende trazer dessa experiência para sua atuação no MDIC?
Com minha experiência na luta digna por moradia e pelo direito à cidade, trago a troca de saberes, o trabalho em rede e a mobilização social em diferentes classes.
Do ponto de vista da participação social e da diversidade, quais seriam as principais necessidades em relação à indústria, ao comércio e aos serviços?
Indústria, serviços e comércio fazem parte de um mesmo conjunto econômico. É necessária uma grande gestão integrada, porque o que acontece em um setor afeta os outros. Os vários segmentos econômicos precisam estar fortalecidos em ações integradas entre si e com as pautas sociais e da diversidade, em um grande esforço conjunto.
Foto: Cadu Gomes/VPR