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Violência contra jovens negros é debatida na Câmara dos Deputados em solenidade pela eliminação da discriminação racial
O Plenário da Câmara dos Deputados comemorou, nesta segunda-feira (28), o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial. A data foi criada em 21 de março de 1960, em memória do “massacre de Shaperville”, quando tropas militares do Apartheid mataram 69 pessoas e feriram diversas outras durante protestos em Joanesburgo, na África do Sul, contra a “lei do passe”, que limitava os locais por onde negros podiam circular dentro da cidade.
Presente à solenidade, a ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Nilma Lino Gomes, destacou que os marcos históricos são importantes para gerar reflexão sobre avanços e retrocessos na história. Ela aproveitou a oportunidade para também defender a Lei de Cotas, que, segundo ela, já está sendo cumprida por todas as universidades federais do País, chegando a 40% do total de vagas para negros e pessoas com baixa renda em 2014. “São 1,7 milhão de negros nas universidades”, afirmou.
Homicídios de jovens
A ministra Nilma Lino Gomes destacou a incorporação recente, ao ministério, do tema juventude, e lamentou os números da violência praticada contra os jovens no Brasil, ressaltando a diferença das taxas de homicídio de jovens brancos e de jovens negros. “O que eu acho importante repararmos é a distância entre negros e brancos. Isso precisa ser diminuído. Nós precisamos reduzir a taxa de homicídios no Brasil e principalmente em relação aos jovens negros, que são aqueles que mais sofrem”, disse a ministra. “Temos uma taxa de vitimização negra extremamente grave”, completou.
Representando o movimento Negra Sim, Sônia Maria de Souza Raimundo também comentou as mortes de jovens negros no País. “Saúdo as mulheres negras, que sofrem quando não têm o direito ao aborto; e depois que criamos um filho e ele chega aos 15 anos, 20 anos, eles são ‘abortados’; ou seja, nós morremos duas vezes”, disse.
Carlos Ketu, que representou o movimento Hip Hop Posse RAUSSA, lembrou do massacre de Shaperville e o comparou com a realidade atual no Brasil. “Estamos passando por um momento difícil e isso vem lembrar Shaperville e o genocídio da comunidade negra hoje. Aqui no Brasil, há varias mortes, mas principalmente de jovens negros. Temos 30 mil mortes e 25 mil são de negros e negras”, observou.
O deputado Vicentinho (PT-SP), que propôs a solenidade, disse que o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial serve para reforçar a necessidade de manter a luta pela igualdade racial no País. Por fim, Vicentinho propôs um minuto de silêncio em nome de todos os pais e mães que perderam seus filhos por conta da violência e, em seguida, um minuto de palmas pelas conquistas obtidas com a luta pelas causas raciais. O deputado também destacou projetos ligados à causa da igualdade de raças, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 115/15, de sua autoria, que cria o Fundo de Promoção da Igualdade Racial.
Agência Câmara