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Participantes ressaltam a diversidade encontrada nas Conferências Conjuntas de Direitos Humanos
A diversidade marcou as Conferências Conjuntas de Direitos Humanos, que terminam nesta sexta-feira (29) no Centro Internacional de Convenções do Brasil, em Brasília. Durante seis dias, o espaço reuniu mais de sete mil participantes do poder público e da sociedade civil, entre eles pessoas com deficiência, população LGBT, idosos, representantes do movimento negro, ciganos, indígenas, adolescentes e crianças. Todos debatendo a construção de novas políticas públicas de direitos humanos para o país.
Esta foi a primeira vez que o Brasil realizou as conferências temáticas da criança e adolescente, pessoa idosa, LGBT e pessoa com deficiência de forma simultânea, garantindo os princípios da transversalidade, interdependência e indivisibilidade dos direitos humanos. A Conferência Conjunta incluiu também a realização da 12ª Conferência Nacional de Direitos Humanos, o que ampliou ainda mais os temas debatidos.
"Foi muito interessante a diversidade das conferências conjuntas. Nos intervalos, conversamos com muitas pessoas e passamos experiências em ações diversas. Em conjunto, podemos fazer uma grande diferença. A união é tudo, em todos os setores", afirmou a participante Rosângela Rezende Rozin, vice-presidente do conselho de idosos de Foz do Iguaçu (PR). Para a representante do Conselho Municipal do Idoso do município de Sapé (PB), Josefa Terezinha, é fundamental conhecer as demandas de outros setores da sociedade. "É muito importante ver a conferência da pessoa idosa acontecendo junto das outras, porque tem muita coisa que a gente não sabe, não participa e aqui podemos ver, entender, ouvir e falar. Podemos conhecer outras demandas de outras pessoas diferentes de nós que normalmente não temos tanto acesso", disse.
A indígena Edna Marajoara, que veio do Pará para a 12ª Conferência Nacional de Direitos Humanos, ressalta a importância da ampliação dos debates sobre os direitos de diversos grupos da sociedade, como os indígenas. “A Conferência ajudou os povos indígenas nas questões que tanto lutamos, uma dela é o fortalecimento das questões de memória do nosso povo”. O representante do Candomblé, Thiago Dantas, afirma que a conferência serviu para fortalecer ainda mais o combate ao preconceito. “Estamos todos juntos. Isso mostra que a união tem força de verdade, e juntos vamos avançar cada vez mais”, disse.
As conferências entraram para a história também por garantir a maior participação de crianças e adolescentes nas discussões. As Conferências Conjuntas reuniram cerca de 500 pessoas com até 18 anos de idade, entre elas Gabriela de Sena Souza, 16 anos, que veio de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, e aprovou as dinâmicas, as plenárias e os desenvolvimentos realizados. “Saber dos meus direitos e fazer parte de um movimento grande e que pode mudar a vida de crianças e adolescentes é gratificante”, disse emocionada. Gabriela conta que a influência dos pais, que há mais de 20 anos são do movimento negro, foi fundamental para que ela também ingressasse na militância pelos direitos humanos. “A minha esperança no futuro como mulher, negra, feminista e adolescente é que um dia acabe todo o preconceito e o racismo. Nós crianças e adolescentes sofremos demais. Muitas vezes os adultos não acreditam nas possibilidades que podemos oferecer, como participar de um movimento, fazer coisas grandes, ter responsabilidade. Hoje a gente tem conseguido mudar essa realidade e ter um futuro melhor, escolas melhores, saúde e vamos tentar acabar com os assédios e o racismo”, afirmou.
Maria Eduarda Leite Nonato, ou simplesmente Duda, tem 11 anos e mora no Pará, com os avós. Ela foi uma das 30 delegadas com menos de 12 anos de idade na 10ª Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. Duda veio para Brasília discutir políticas e entre as propostas que defendeu foi a maior divulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). “Vim para debater não só o meu direito, mas o direito de todas as crianças: do meu município, do meu estado, do Brasil, de todo o mundo”.
Wandriele Duarte, 11 anos, também participou da conferência, representando o Amapá. Animada em fazer todas as atividades, conta que aprendeu que as crianças têm muitos direitos, incluindo o de ser ouvida pelos adultos que fazem a política pública para atender crianças e adolescentes. “Aprendi que a gente tem que prestar atenção no que os outros estão falando, mas eles também têm que prestar atenção no que a gente tá falando”, explicou. “Vários adultos não sabem dos direitos da criança, e tem criança que não sabe os direitos dela. Hoje eu sei: tenho direito de brincar, de estudar e de ser escutada também”, completou.
Após participar das conferencias municipal, em Vitória do Jari (AP), e da estadual do Amapá, Arlysson Yoda Santos da Costa, de oito anos, chegou a 10ª Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente como delegado. “Cada delegado veio representar seu município e seu estado. A gente está aqui para lutar pelos direitos da criança e do adolescente”, disse. “Todo mundo acredita só nos adultos e nos adolescentes. Parece que só eles têm voz, mas a criança também tem que ser respeitada”, disse Arlysson, que completou: “Nós temos que falar mais do estatuto, toda criança tem que estar na escola e a criança também não pode dormir na rua, na calçada”, concluiu.
Propostas
As Conferências Conjuntas de Direitos Humanos incluíram a realização de cinco conferências temáticas: a 10ª Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, a 4ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, a 4ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência e a 3ª Conferência Nacional de Políticas Públicas de Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – LGBT, além da 12ª Conferência Nacional de Direitos Humanos. Cada evento terminou com a aprovação de mais de 600 propostas para ampliar a promoção e a proteção aos direitos humanos no país.
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