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Ministro participa de atividade em memória aos 22 anos da chacina da Candelária e se solidariza às mães das vítimas
O ministro da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), Pepe Vargas, participou nesta quinta-feira (23) do ato Candelária 22 anos - lembrar é resistir, na cidade do Rio de Janeiro. A atividade começou às 10h com uma missa na igreja de Nossa Senhora da Candelária, já que foi nas proximidades dessa igreja que, em 1993, policiais abriram fogo contra cerca de 70 pessoas que dormiam na rua, matando oito jovens. Depois da missa houve um ato interreligioso dentro da igreja, uma caminhada pelas ruas do centro, um ato público na Cinelândia e uma audiência pública.
Na missa, o arcebispo de Niterói, Dom José Francisco Rezende Dias, lembrou do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que completa 25 anos, e fez uma prece em memória aos jovens vítimas da chacina, "que morreram e não tiveram os direitos respeitados". Ele também lembrou que é preciso rezar pelos defensores dos direitos humanos. "Essa é uma luta pela vida, e quem se dedica a ela precisa ter a fé sempre renovada".
Durante a celebração, movimentos de direitos humanos levaram para o altar faixas e cartazes em memória às mortes ocorridas 22 anos antes, em defesa ao Estatuto da Criança e do Adolescente, e contrários à redução da maioridade penal. O arcebispo finalizou a missa convidando as pessoas para participarem das demais atividades do dia. "Para que não aconteçam mais mortes dessa natureza e que a vida seja amada e respeitada entre nós."
Ato interreligioso
Após a missa, iniciou-se um ato interreligioso com manifestações de pessoas espíritas, umbandistas, católias e evangélicas. A representante da comunidade judaica e da organização de Direitos Humanos Bnai Brith, Patricia Tolmasquim, fez uma bênção especial. E o presidente da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, o Babalawo Ivanir dos Santos, encerrou com um cântico de candomblé.
O ministro Pepe Vargas ressaltou que aquele ato era em memória às vítimas da Candelária, mas também de todas as vítimas de violência do País. "Fico triste pela chacina. Mas também fico feliz por saber que aqui existem pessoas que colocam luz nas violações de direiros humanos, que infelizmente ainda ocorrem no nosso País".
Pepe também alertou sobre os riscos de perda de direitos da sociedade caso sejam aprovadas, no Congresso Nacional, as propostas para mudar o estatuto do desarmamento, as regras para trabalho infantil e para trabalho escravo e a demarcação de terras indígenas e quilombolas. "A redução da maioridade penal, que não vai diminuir a criminalidade - é importante ressaltar-, não é o único retrocesso. Precisamos ficar atentos."
A caminhada saiu da igreja da Candelária e seguiu pelas ruas do centro da capital carioca. Durou cerca de uma hora e encerrou na Cinelândia, onde foram novamente estendidas faixas em defesa dos direitos das crianças e adolescentes.
As atividades finalizaram com uma audiência pública no auditório do Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro. O ministro usou a palavra para lembrar que os indicadores sociais melhoraram muito desde 1993, quando ocorreu a chacina da Candelária, mas a violência aumentou, sendo que a principais vítimas são os jovens. "Temos que ter formas mais efetivas de investigar e julgar grupos de extermínio e abrir o debate sobre a política antidrogas, que faliu no mundo inteiro, entre outras medidas".
Pepe Vargas ouviu os depoimentos de mães de jovens assassinados por agentes de segurança pública e se solidarizou a elas. O ministro se colocou a disposição para recebê-las em Brasília.