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Ministra participa de lançamento de pesquisa sobre realidade de meninas brasileiras
A pesquisa, encomendada pela organização não-governamental Plan Internacional e realizada pelo Instituto Socializare, revela contextos de direitos, violências, barreiras, sonhos e superações de 1.771 crianças e adolescentes com entre 6 e 14 anos de idade. As informações foram apuradas em 58 escolas comuns e nove escolas quilombolas, em áreas urbana e rural. Tanto públicas quanto privadas, as escolas de Ensino Fundamental pesquisadas são das cinco regiões do país.
Segundo a ministra Ideli, o tratamento dispensado a homens e mulheres e os papéis sociais que desempenham na sociedade se cristalizam desde muito cedo a partir de casa, de detalhes como a diferenciação na atribuição de afazeres domésticos. “Nosso papel é trabalhar principalmente as nossas políticas educacionais para diminuir estereótipos e promover os direitos da criança e do adolescente”, destacou. “Isso é fundamental para que ambos cheguem à idade adulta tendo oportunidades iguais.”
A diretora nacional da Plan International Brasil, Anette Trompeter, concordou. “Embora as mulheres e crianças sejam reconhecidas em políticas e planejamentos, as necessidades e direitos das meninas frequentemente são ignorados”, disse. “Trabalhamos para que elas sejam as principais agentes transformadoras das suas realidades e para a diminuição da pobreza no país.”
Resultados da Pesquisa
Enquanto quase 77% das meninas lavam louça e 65% limpam a casa, seus irmãos cumprem essas mesmas tarefas em apenas 12,5% e 11,4% das vezes. A atribuição do cuidado com as crianças à figura materna é outro dado que aponta para a construção do ideal feminino: enquanto 76% das entrevistadas disseram ficar, no dia a dia, sob os cuidados da mãe, apenas 26,8% responderam que ficam sob responsabilidade do pai.
No que diz respeito ao conhecimento de seus direitos, 70,7% das meninas “nunca ouviram falar” ou “ouviram falar, mas não leram” o Estatuto dos Direitos da Criança e do Adolescente (ECA). Quase 14% das meninas de 6 a 14 anos do país afirmaram trabalhar ou já ter trabalhado para terceiros. Mais de 37% delas disseram trabalhar na casa de outras pessoas, cuidando das crianças, fazendo faxina e outras atividades domésticas.
Um total de 16,5% trabalham em estabelecimentos comerciais; 7% em atividades relacionadas à agropecuária ou à pesca e 6% em fábricas. Cerca de 5% das entrevistadas revelaram que trabalham nas ruas vendendo coisas, recolhendo material reciclável, vigiando ou limpando carros e em outras atividades informais.
Uma em cada três meninas entrevistadas disse não ter tempo suficiente para brincar e estudar - sendo que muitas revelaram ser obrigadas pelos pais a exercer atividades domésticas que sem sempre são cobradas dos meninos. De acordo com os pesquisadores, tal situação revela a manutenção da desigualdade de gênero entre as famílias, com reflexos sobre a construção do imaginário feminino.
Outro dado diz respeito à familiaridade das meninas com a violência infantil, mesmo que a partir do relato de amigos e amigas. Uma em cada cinco entrevistadas disse conhecer garotas que já sofreram violência. O maior índice de respostas afirmativas, 26,4%, foi registrado no Pará. O menor, 13,3%, no Maranhão. O percentual de meninas que afirmaram conhecer outra garota vítima de violência foi menor entre as entrevistadas quilombolas.
De maneira geral, as meninas brasileiras disseram gostar de ser meninas e ver nos estudos e na vida saudável os meios para serem felizes. Em um universo de entrevistadas pardas (53%), brancas (39%), negras (6%), amarelas (1,2%) e indígenas (0,3%), 71% das garotas disseram se considerar bonitas. Quase todas (94,8%), acreditam ter cor de sua pele bonita.
Acesse a íntegra da pesquisa aqui.