Notícias
Ministra anuncia retomada dos trabalhos sobre a vala clandestina de Perus
A ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), Ideli Salvatti, anunciou oficialmente a retomada nos trabalhos de análises forenses dos restos mortais encontrados na Vala Clandestina no Cemitério de Perus. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (4), exatos 24 anos após a descoberta da vala, a familiares de desaparecidos políticos na ditadura civil-militar e autoridades, presentes na solenidade pública sobre o tema na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Emocionada, Ideli garantiu todos os esforços na busca pela verdade sobre o caso. “Essa luta, assumida com trabalho em várias mãos, remete a um período difícil e doloroso para a sociedade brasileira”, disse. “Descobrir a verdade é o desejo do governo e uma obrigação inalienável do Estado brasileiro. A ditadura legou à sociedade obstáculos que precisam ser combatidos para que a democracia se realize cada vez mais plenamente em nosso país”.
A ministra destacou ainda que assumir a tarefa histórica de procurar uma resposta definitiva sobre os desaparecidos políticos da Vala Clandestina de Perus é avançar no combate a todas as expressões da violência de Estado – especialmente o desaparecimento forçado de pessoas, considerado crime de natureza continuada pelos organismos internacionais.
Depositados no Ossário Geral do Cemitério Araçá desde 2002, os restos mortais voltarão a ser analisados por especialistas em antropologia forense do Brasil, e do exterior, assim como por peritos legistas cedidos de diferentes órgãos públicos. No dia 22 deste mês, os especialistas realizarão uma oficina de nivelamento de procedimentos, com a participação das equipes forenses nacionais e internacionais.
SPM – O ato, realizado em parceria da Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva, contou ainda com a presença da ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), Eleonora Menicucci, que frisou seu orgulho por ter participado do enfrentamento à ditadura e ter sobrevivido para contar a história. A ministra também elogiou a retomada dos trabalhos. “Tenho muita satisfação e alegria de estar no governo para dar início a esse trabalho e acompanhá-lo de perto”, celebrou.
Demanda – A retomada das análises é fruto de anos de empenho de familiares de mortos e desaparecidos políticos que há décadas cobram do Estado esforços de reparação às vítimas das violações de Direitos Humanos ocorridas durante a ditadura civil-militar de 1964.
Em resposta, a SDH/PR – em conjunto com a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo e a Universidade Federal de São Paulo – firmou convênio para viabilizar a retomada dos trabalhos. Desde julho, pesquisadores compilam informações sobre a ditadura, o Cemitério Dom Bosco e a estrutura da repressão em São Paulo. A partir dessas informações, foi possível definir os nomes de possíveis vítimas inumadas na vala clandestina e reunir dados necessários para as análises antropológicas.
Após os exames antropológicos, o material genético coletado será encaminhado a laboratórios especializados para a elaboração de perfil genético das ossadas, sendo que a lavagem, secagem, catalogação, triagem e análise genética será realizada ao longo de 2015.
Perus – A vala clandestina de Perus foi aberta em 1990. Nela, foram encontradas 1.049 ossadas, dentre as quais estariam os restos mortais de desaparecidos políticos da ditadura, indigentes e vítimas de grupos de extermínio. Na primeira fase do trabalho de identificação, serão investidos R$ 2,4 milhões, de um total de R$ 3,5 milhões. Este investimento está sendo destinado à contração dos peritos e ao aluguel do espaço que será utilizado nas análises.
Assessoria de Comunicação Social