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Reunião encaminha processo de exumação do corpo do ex-presidente Jango
O processo para exumação do corpo do ex-presidente João Goulart deu mais um importante e decisivo passo nesta quarta-feira (29), em Porto Alegre (RS). Sob a coordenação da Comissão Nacional da Verdade (CNV), em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) e o Ministério Público Federal (MPF), uma reunião teve como principal objetivo reunir todas as instituições interessadas em colaborar com o processo e definir as estratégias.
No encontro, realizado na sede do MPF no Rio Grande do Sul, ficou definido que a Polícia Federal (PF) terá a responsabilidade de coordenar um grupo de peritos, que contará com a participação de especialistas uruguaios e argentinos. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) também garantiu que atuará nos trabalhos.
Um dos encaminhamentos é que esse grupo deverá se encontrar no dia 25 de junho, em Brasília (DF) ou na capital gaúcha. Enquanto isso, a PF terá acesso a toda documentação já levantada pela CNV, SDH/PR e MPF para apropriar-se do contexto histórico e solicitar novos materiais, caso julgue necessário.
A ministra Maria do Rosário, da SDH/PR, destacou que o Brasil vive um momento muito importante de afirmação “desse direito fundamental que é o direito à verdade”. Rosário ainda ressaltou a participação de técnicos argentinos e uruguaios no processo. Segundo ela, da mesma forma que as ditaduras do Cone Sul articularam a Operação Condor, os países se unem novamente, agora com intuito de buscar resgatar a memória e a verdade.
A coordenadora da CNV, Rosa Cardoso, frisou que não é possível marcar uma data para que a exumação aconteça, visto que o processo é bastante complexo. Porém, Rosa disse esperar que o trabalho se conclua até a vigência da comissão, que tem mais um ano e meio de atividades previsto.
João Vicente Goulart, filho do ex-presidente, ao lado da irmã Denise e do seu filho Christopher, afirmou que a família está satisfeita com o andamento e reforçou que se resgata não apenas a história de Jango, como do próprio país. “Essa (a causa da morte de João Goulart) é uma dúvida que levamos há tantos anos e, para a família, é necessário esclarecer da melhor forma possível”, declarou.
A procuradora da República, Suzete Bragagnolo, considerou “produtivo” o encontro que classificou como um “momento inicial de aproximação de todos os órgãos envolvidos”.
Histórico - Presidente brasileiro entre 1961 e 1964, Jango foi deposto pela ditadura civil-militar. Exilado, João Goulart faleceu em 6 de dezembro de 1976, em Mercedes, província de Corrientes, na Argentina. Em busca de esclarecimentos sobre a causa da morte, visto que não houve autópsia na época, os familiares do ex-presidente solicitaram a abertura de investigações ao MPF há seis anos. O corpo de Jango está sepultado em São Borja (RS).