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Decreto que institui Década Internacional de Afrodescendentes na Bahia é assinado
A etapa baiana da Caravana Pátria Educadora pela Promoção da Igualdade Racial e Superação do Racismo começou na segunda (21), com a assinatura, em ato solene realizado na Governadoria do estado, do Decreto que institui a Década Internacional de Afrodescedentes na Bahia. A SEPPIR também formalizou, na segunda-feira (21), um Acordo de Cooperação Técnica com a Secretaria Estadual de Educação.
A ministra Nilma Lino Gomes fez referência aos três eixos da Década Internacional de Afrodescendentes, “Reconhecimento, Justiça e Desenvolvimento”, e ressaltou que a articulação dos governos federal, estaduais e municipais com a agenda internacional de promoção da igualdade racial é fundamental para a superação do racismo.
Durante a solenidade, o deputado federal baiano Valmir Assunção solicitou ao governador Rui Costa intervenção junto à presidenta Dilma Rousseff para que a Seppir não seja extinta na reforma ministerial que deve ser anunciada nos próximos dias. “A Seppir precisa continuar sendo esse instrumento de defesa da população negra”, ressaltou o parlamentar.
A atividade contou ainda com a participação de diversos secretários de estado e do governador da Bahia, Rui Costa; de parlamentares negros, de lideranças do movimento negro na Bahia, do desembargador Lindivaldo Brito e das ex-ministras da SEPPIR, Matilde Ribeiro e Luiza Bairros.
Na noite do mesmo dia a ministra Nilma Lino Gomes reuniu-se ainda, no Casa do Olodum, com produtores culturais negros da Bahia para discutir políticas culturais voltadas para o segmento.
Terreiros
O primeiro dia de Caravana também contou com agenda na Mansu Banduquenqué ou Terreiro do Bate-Folha, em Salvador/BA. A ministra Nilma Lino Gomes foi recebida pelo Tata Muguanxi, sacerdote da casa, pelo Tata Kitequê, ogan da casa, e pela Nemgua Guanguanceci, mais velha da casa. Também acompanharam a visita o secretário de políticas de ações afirmativas da Seppir, Ronaldo Barros, a secretária de promoção da igualdade da Bahia, Vera Lúcia, o vereador de salvador Luiz Suíca, e a procuradora Márcia Freire.
"Há situações que extrapolam a intolerância, chegam a crimes de violência religiosa. Por isso estamos, vários ministérios, fazendo um trabalho articulado no governo federal, pois precisamos contribuir para a construção de uma cultura de paz e respeito no nosso país", afirma a ministra Nilma Lino Gomes citando o recém-criado Grupo de Trabalho Interministerial de combate a intolerância religiosa.
O Bate Folha é um terreiro de candomblé de tradição Congo-Angola, fundado no ano de 1916 pelo Tata Manoel Bernardino da Paixão. Foi tombado pelo IPHAN em 10 de outubro de 2003, e atualmente presidido por Tata Muguanxi (Cícero Rodrigues Franco Lima).
A Caravana da Igualdade Racial também visitou mais dois terreiros de Salvador na segunda-feira (21): o Ilê Asé Iyá Nassô Oká, mais conhecido como Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho, e o Zoogodô Bogum Malê Rundó, conhecido como o Terreiro do Bogum.
Presidida atualmente pela iyalorixá Altamira Cecília dos Santos, ou Mãe Tatá de Oxum Tominwá, a Casa Branca do Engenho Velho é considerada a matriz do candomblé de tradição ketu no Brasil, pois, possivelmente, muitos terreiros no país são seus descendentes, inclusive os terreiros do Gantois e do Asé Opô Afonjá.
Estima-se ainda que a Casa Branca seja a casa de candomblé de tradição ketu mais antiga de Salvador, e talvez a mais antiga do país em funcionamento, já que foi fundada na década de 1830.
Já o Zoogodô Bogum Malê Rundó, conhecido como Terreiro do Bogum, é um importante representante da tradição Jeje Mahin, e tem sua história associada a fundação das casas do candomblé de tradição Jeje no Brasil.
Segundo historiadores, foi no local onde está o Bogum que Joaquim Jeje, herói do movimento de insurreição de escravos malês, deixou o bogum (baú) onde estavam os donativos que permitiram a famosa Revolta dos Malês ocorrida em Salvador em janeiro de 1835.
O terreiro do Bogum é área de proteção cultural do estado da Bahia e possui processo de tombamento aberto no IPHAN. É presidido desde 2003 por Zaildes Iracema de Mello, Doné “Mãe” Índia.