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Central de Atendimento à Mulher Ligue 180 completa 10 anos
Participaram da cerimônia a representante da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman, a secretária de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres da SPM, Aparecida Gonçalves, a representante do Itamaraty, a ministra Luiza Lopes da Silva, as representantes da Secretaria de Promoção de Políticas para Igualdade Racial, Luciana Ramos, e da Secretaria Especial de Direitos Humanos , a ouvidora Irina Karla Baccia, a ex-ministra das Mulheres, Emília Fernandes, profissionais que atuaram e que atuam no Ligue 180 desde 2006, representantes de parceiros na área de Segurança Pública e da Justiça e da Rede de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres.
Entre 2006 e 2015, a Central consolidou-se como canal de informações sobre legislações e direitos, violências e crimes e serviços especializados no atendimento de mulheres em situação de violência. Ao longo de 10 anos, foram prestadas 1.661.696 de informações pelo Ligue 180 e feitos 824.498 encaminhamentos a serviços da Rede de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres. “O 180 cumpre o seu papel de ser espaço de acolhimento e de garantia do direito da mulher a viver com dignidade”, afirmou a ministra Nilma Lino Gomes. “A luta pela superação da desigualdade de gênero não é só das mulheres, é de todos nós, brasileiros e brasileiras”, completou.
Do total de atendimentos deste ano, 39,52% corresponderam à prestação de informações, principalmente sobre a Lei Maria da Penha; 9,65% foram encaminhamentos para serviços especializados; e 40,28% encaminhamentos para outros serviços de tele atendimento, tais como 190 da Policia Militar, 197 da Polícia Civil e Disque 100 da Secretaria de Direitos Humanos.
Para a secretária de Enfrentamento à Violência da SPM/Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Aparecida Gonçalves, “o Ligue 180 é uma prova de que política pública se faz com qualidade, respeito e coerência”.
Em 2015, do total de atendimentos, 63.090 foram relatos de violência, dos quais 58,55% foram cometidos contra mulheres negras. Na avaliação dos técnicos da Central, esses dados demonstram a importância da inclusão de indicadores de raça e gênero nos registros administrativos referentes à violência contra as mulheres.
Uma das atendentes do 180 presentes à cerimônia, garante que “a denúncia é o primeiro passo para a mudança de vida e a tão sonhada liberdade”. Dentre os relatos, 49,82% corresponderam a relatos de violência física; 30,40% de violência psicológica; 7,33% de violência moral; 2,19% de violência patrimonial; 4,86% de violência sexual; 4,87% de cárcere privado; e 0,53% de tráfico de pessoas. Outra atendente da central, explicou que muitas mulheres desconhecem os seus direitos. “É muito importante que elas tenham o conhecimento de fato, de que não devem se submeter à violência física, sexual, moral, psicológica e patrimonial.”
Em comparação com o mesmo período em 2014, a Central de Atendimento à Mulher constatou que houve aumento de 300,39% nos registros de cárcere privado, com média de dez registros/dia; de 165,27% nos casos de estupro, com média de oito relatos/dia, ou seja, a cada 3 horas é registrado um caso de estupro no Ligue 180; e de 161,42% nos relatos de tráfico de pessoas, com registro médio de 1 registro/dia. Outra atendente revela que, além do cárcere privado, os casos que a deixam mais triste são “de mulheres de policiais agredidas por seus maridos”.
Campo Grande permanece com a maior taxa de relatos de violência, seguida por Rio de Janeiro e Natal. Foi em Campo Grande que a Secretaria de Políticas para as Mulheres inaugurou a primeira Casa da Mulher Brasileira, em fevereiro de 2015. Entre as unidades da federação, foi no Distrito Federal a maior taxa de relatos de violência pelo Ligue 180, seguido por Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro.
Nos primeiros seis meses de 2015, o Ligue 180 atendeu todas as 27 unidades da federação, com média de 52,45 relatos de violência por 100 mil mulheres.
A quantidade de relatos de violência entre janeiro e outubro de 2015 foi 40,33% superior aos relatos registrados no mesmo período em 2014 (44.957).