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Homenagem
Naná Vasconcelos recebe título doutor honoris causa
As expressões das mais de 500 pessoas presentes eram emblemáticas. Durante a cerimônia que concedeu o título doutor honoris causa ao músico Naná Vasconcelos, lágrimas e aplausos entusiasmados foram abundantes. A comenda, oferecida nesta quarta-feira (9-12) pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), foi o reconhecimento pelo trabalho artístico e cultural do músico pernambucano.
A ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Nilma Lino Gomes, esteve presente na cerimônia e lembrou que Naná não é apenas um gênio da música brasileira, mas também uma importante figura no empoderamento dos negros e na divulgação da cultura brasileira, além de realizar importante trabalho social com jovens em Recife.
Para ela, a música do pernambucano expressa a identidade do negro, do nordestino, e ensina aos jovens a terem orgulho de sua cultura.
“Vivemos um momento único em nossas vidas. Negro e nordestino, Naná Vasconcelos percorreu o mundo divulgando a nossa música e a nossa cultura, sem nunca perder as suas raízes. O seu trabalho foi também uma ferramenta de inclusão que ensinou os jovens a se reconhecerem, terem orgulho de sua cultura”.
A ministra comentou sobre a onda de ataques a praticantes de religiões de matriz africana, e disse que apesar das dificuldades, há avanços importantes, como o reconhecimento da questão da igualdade racial como algo a ser perseguido por toda a sociedade.
A reitora da UFRPE, professora Maria José de Sena, disse que apesar da homenagem concedida, sentia que o homenageado era a Universidade.
“Naná Vasconcelos, você é quem nos presenteia por integrar a galeria de autoridades desta universidade. É com muita alegria e felicidade que concedemos esse título”.
Para o professor Moisés de Melo Santana, autor do requerimento para que o título fosse concedido a Naná, o músico tem muito a ensinar a todos os brasileiros.
“O trabalho de Naná é marcante porque ajuda a combater o racismo e o preconceito. Ele já recebeu oito vezes o prêmio de melhor percursionista do mundo e tem muito a nos ensinar, dentro e fora da música”.
Gratidão
Após ser aplaudido de pé por três minutos ao final de sua apresentação ao vivo (em vez de um discurso Naná optou por uma performance ao vivo com seu famoso berimbau), Naná agradeceu a plateia e disse que o seu trabalho representa “o Brasil que o Brasil não conhece”.
Sobre Naná Vasconcelos
Juvenal de Holanda Vasconcelos é natural de Recife e tem 71 anos. Começou a tocar com seu pai em uma banda marcial, aos 12 anos de idade. Reconhecido internacionalmente, foi eleito oito vezes o melhor percussionista do mundo pela revista americana Down Beat e ganhador de oito prêmios Grammy. É considerado uma autoridade mundial em percussão. Apesar de dominar diversos instrumentos de percussão, Naná ficou mundialmente reconhecido pelo talento com o berimbau.
Naná já morou na França, nos Estados Unidos e desde 2001 comanda a abertura do carnaval de rua de Recife. Entre as parcerias mais notáveis, Naná já gravou com Milton Nascimento, Don Cherry, Colin Walcott e Gato Barbieri.