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Mulheres ocupam Brasília na primeira Marcha Nacional das Mulheres Negras
Mulheres de todas as partes do Brasil marcharam hoje (18/11), em Brasília, em um protesto contra o racismo e a desigualdade social e de gênero no país. Segundo os organizadores do evento, mais de 50 mil pessoas participaram do evento, que saiu às 10h do ginásio Nilson Nelson (ao lado do estádio Mané Garrincha) em direção a Praça dos Três Poderes. No final da Marcha, o grupo foi recebido pela presidenta Dilma Rousseff.
Para a ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Nilma Lino Gomes, a Marcha é motivo de orgulho para todos os brasileiros.
“Quero parabenizar a comissão que organizou a Marcha e dizer que nós estamos juntas. Essa luta é nossa, é do Brasil. Tenho muito orgulho de ser uma mulher negra e muito orgulho de estar à frente deste Ministério, que vai pensar e articular cada vez mais políticas que garantam os direitos das mulheres negras.”
Para a gestora, o evento demonstra a capacidade de articulação das mulheres negras no Brasil. A articulação, segundo a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) é uma forma de lutar contra a crescente violência contra as mulheres, em especial as pobres e negras.
A preocupação com os índices de violência é compartilhada por Nilma Lino Gomes.
“Dados do Mapa da Violência 2015 revelam que a violência que assola as mulheres brasileiras tem mais incidência sobre as mulheres negras. Isso é algo que o movimento de mulheres negras vem denunciando há muito tempo no nosso país e que coloca para nós, governo federal, a responsabilidade de uma escuta atenta a essa realidade. Nos coloca também a responsabilidade de cada vez mais aperfeiçoarmos as nossas políticas, tanto as políticas de promoção da igualdade racial, quanto as políticas para as mulheres e de direitos humanos, levando em consideração o recorte de gênero e raça, e levando em consideração a realidade específica dessas mulheres negras.”
Dados do Censo de 2010 indicam que as mulheres negras são 25,5% da população brasileira (48,6 milhões de pessoas) e são as maiores vítimas de crimes violentos. Segundo o Mapa da Violência 2015, os assassinatos de mulheres negras cresceram 54,2% no período de 2003 a 2013, ao passo em que os assassinatos de mulheres brancas caíram 9,8% no período.
A mensagem da ministra Nilma Lino Gomes as participantes é pela continuidade da luta por mais direitos.
“Sabemos da luta que foi para cada uma estar aqui neste momento. A luta nos estados, nos municípios e a luta cotidiana. Hoje, nós, mulheres negras brasileiras, mostramos para o Brasil e para o mundo a nossa força, a nossa garra, a nossa persistência e mostramos que nós temos lugar nessa sociedade. E o lugar da mulher negra é o lugar em que ela quiser estar.”
Além da ministra Nilma, a marcha contou com a presença da secretária especial de Políticas para as Mulheres do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Eleonora Menicucci, da diretora da ONU Mulheres e ex-vice presidente da África do Sul, Phumzile Mlambo, e da consulesa da França em São Paulo, Alexandra Loras, além de parlamentares, lideranças sindicais e universitárias.