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Jovens discutem racismo e violência com secretário especial da Seppir
Jovens de todo o país participaram nesta quinta-feira (17/12), em Brasília, de uma roda de conversa com o secretário especial de Políticas de Ações Afirmativas do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Ronaldo Barros.
O debate, feito no “Espaço da Negritude”, um dos espaços organizados pela 3 a Conferência Nacional de Juventude, serviu também para que o gestor pudesse apresentar os dois novos módulos do serviço Disque 100, que a partir deste mês recebe denúncias de violações contra a juventude negra, mulher ou população negra em geral, e também denúncias de violações contra comunidades quilombolas, de terreiros, ciganas e religiões de matriz africana.
Ronaldo discutiu os recentes casos de racismo religioso contra praticantes de religiões de matriz africana, e disse que há uma onda de conservadorismo no país, articulada por setores que se incomodam com o protagonismo dos negros.
“São as mudanças feitas nos últimos anos do país que incomodam esses grupos. O avanço com a lei de cotas e outras medidas do governo causam o ódio de uma quadrilha que não nos suporta e coordena ataques racistas em terreiros, nas ruas, nas universidades. São ataques sistemáticos”, argumenta.
Para o gestor, os jovens devem estar atentos ao processo e lutar para que o retrocesso não vença. Ronaldo lembrou a campanha Novembro pela Igualdade Racial, a Marcha das Mulheres Negras e disse que os movimentos sociais não podem deixar de lutar por melhorias.
“Todo dia é dia de lutar contra o racismo e pela igualdade racial. Também precisamos lutar contra o racismo religioso, porque esta é a palavra correta. Não é intolerância religiosa, é racismo religioso, praticado da forma mais odiosa”.
O Disque 100, na visão do gestor, é mais uma forma de se lutar contra o racismo, tornando públicos os casos de agressão e violação de direitos.
Cenário Político
O debate avançou sobre o momento de instabilidade política do país, sobretudo após a abertura de um processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff. Participantes se queixaram das ofensivas de movimentos que não respeitam as diferenças políticas.
Sobre as ações para combater esse cenário, Ronaldo destacou o papel da Marcha das Mulheres Negras, realizado em Brasília no dia 18 de novembro.
“Elas deram um show e redesenharam a democracia. Conseguiram acabar com um acampamento que pedia o retrocesso e a volta do regime militar. Elas têm muito a ensinar com o protagonismo dos movimentos sociais em defesa da democracia e do voto conquistado nas urnas”.
O gestor lembrou que é preciso trabalhar por um sistema social que, após as ações governamentais, como a lei de cotas, por exemplo, busque incluir os jovens negros no mercado de trabalho.
“O negro entra na universidade e muitas vezes conclui o curso com muita dificuldade e não consegue se inserir no mercado de trabalho. Como temos mais e mais negros se formando, precisamos encontrar uma forma de ofertar empregos para esses jovens”.
Jovens também pediram o fim da violência da polícia nos estados. A crítica é que muitas vezes a ação do Estado, em vez de trazer segurança, acaba gerando mais violência. O pedido do grupo é por uma reformulação na polícia, em todo o país.