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Autoridades abrem reunião da ONU sobre Década Internacional de Afrodescendentes
Gestores de diversos países, autoridades da Organização das Nações Unidas (ONU) e representantes da sociedade civil organizada deram início nesta quinta-feira (3/12), em Brasília, à Reunião Regional para a América Latina e Caribe sobre a Década Internacional de Afrodescendentes.
A ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Nilma Lino Gomes, discursou na abertura do evento e destacou as ações feitas no Brasil para promover a igualdade racial e combater todas as formas de racismo.
“As políticas de promoção de igualdade racial no país ainda são recentes e se intensificam a partir da luta do movimento negro na década de 80. Houve um reconhecimento de que não bastava a tipificação de que o racismo é crime. Era preciso fazer mais”.
A gestora destacou pontos importantes no histórico da política no país, como a promulgação da Constituição Cidadã em 1988, incluindo o racismo como crime inafiançável e imprescritível; a Marcha Zumbi dos Palmares em Brasília, feita em 1995; e a criação da Seppir em 2003.
“O racismo é incompatível com a democracia. É um fenômeno global e muita cooperação é necessária para superarmos. Temos que avançar e jamais reduzir a proteção”, concluiu.
Visibilidade
Para o Alto Comissário das Nações Unidas para Direitos Humanos - Zeid Ra’ad Al Hussein, a Década tem a missão de alterar em dez anos um quadro de desigualdade que se construiu ao longo de séculos.
“É uma luta por visibilidade de pessoas que durante muito tempo foram vistas como menos humanas que as outras. É pouco tempo, mas acredito que podemos propor ações concretas para o jovem afrodescendente que nasce hoje e daqui a 10 anos (final da Década) precisa de um futuro com chances”, afirmou.
Para Hussein, a desigualdade social faz com que um jovem negro da favela da Rocinha (RJ), de Puebla (México) ou da Venezuela não tenha as mesmas chances que um jovem branco nesses mesmos lugares.
“Ele já nasce fadado a ter pouco acesso aos serviços públicos, pouca educação, chances de cair no mundo da violência e depois ter um emprego mal remunerado. Nosso trabalho durante a Década é dar condições para que esse jovem possa ter uma vida digna”.
Ações Concretas
Diógenez Diaz, representante venezuelano da sociedade civil, defendeu a participação dos movimentos sociais na construção de um mundo menos racista e com chances iguais para todos.
“Muitas vezes, as políticas públicas são de difícil acompanhamento. Eu faço um pedido aqui para termos uma interlocução direta com a ONU e demais órgãos para financiar ações de igualdade racial e combate ao racismo diretamente com os movimentos sociais, sem depender do Estado”.
Segundo Diaz, a pobreza é outro problema que exige rápido enfrentamento, porque atinge majoritariamente a população negra latino-americana.
“Dos cerca de 200 milhões de negros na América Latina, metade deles vive abaixo da linha da pobreza. Esse é um problema grave, que precisa de uma resposta urgente. Temos que chamar a atenção de todos quando nossos direitos básicos não estão sendo atendidos”, finalizou.