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Juventude Negra
Audiência discute desigualdade étnico-racial
Foto: Luis Macedo - Agência Câmara Notícias
Estudantes, lideranças sociais e deputados discutiram hoje (3), na Câmara dos Deputados, as desigualdades étnico-raciais, os direitos e a cidadania dos brasileiros, com enfoque na juventude negra.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, deputado Paulo Pimenta (PT-RS) destacou a importância da pauta, e explicou o porquê do termo “minorias” já que grande parte da plateia era de negros, maioria populacional no país.
“A comissão de direitos humanos e minorias tem 20 anos, e o termo minorias foi utilizado para dar visibilidade a todos os grupos que sofrem preconceito e são marginalizados pela sociedade, sejam eles minorias ou não. É uma forma de autoafirmação, e isso deve ser constante”, explicou.
Para o secretário de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Ronaldo Barros, é fundamental que o governo continue promovendo políticas de distribuição de renda como forma de combater a desigualdade existente no país.
“O governo deve executar ações para garantir as condições de existência, principalmente dos grupos que mais sofrem com a desigualdade no país. A nossa diversidade enriquece a cultura existente no Brasil”.
Barros também disse que o país precisa abandonar o “eurocentrismo” na pedagogia das escolas. Para o gestor, o governo deve atuar para que os modelos ensinados aos jovens estejam em sintonia com o retrato da sociedade brasileira, de maioria negra.
“Isso vai além da efetivação da Lei 10.639 (que regulamenta o ensino de história africana para os estudantes brasileiros). É preciso mudar a forma de ver a sociedade, alterar a distribuição de renda do país”.
Crimes de Racismo
Para o representante do Governo Federal, ações como a Lei de Cotas nas Universidades, a destinação de 70% dos royalties do petróleo na educação fizeram ressurgir um ódio de classes, um racismo perigoso que vitimiza principalmente os jovens negros.
O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) disse que a audiência é um momento para refletir a atual situação de desigualdade no país, incluindo os casos recentes de crimes de racismo contra negros, principalmente contra jovens.
“Temos que rever a nossa política de Estado. A guerra ao tráfico de drogas, por exemplo, é uma guerra contra jovens negros e pobres. Está provado que isso não funcionou”, declarou o parlamentar.
A visão de Wyllys é compartilhada pela representante do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente do Distrito Federal (Cedeca-DF), Andréa Crispim.
“Trabalho há dez anos na área e uma de nossas tarefas é dar visibilidade para os invisíveis. Os jovens negros hoje em dia tem idade marcada para morrer”, afirmou.
Para o representante da Unicef na audiência, Mário Volpi, antes de tudo é preciso que o Brasil reconheça a gravidade do problema.
“Precismos avançar no reconhecimento do racismo. Muitos países na Europa já fizeram isso. O Brasil precisa reconhecer que é um país racista”, argumentou.