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Comunidades Tradicionais
Paraíba sedia encontro regional de ciganos
Foto: José Roberto da Silva - SEMDH-PB
Quinhentos ciganos nordestinos das etnias Calon, Sinti e Rom estiveram reunidos em Sousa (Paraíba) nos dias 13 e 14 de agosto para discutir propostas para aumentar o acesso às diversas políticas públicas estaduais e federais. O 1 o Encontro de Ciganos do Nordeste foi promovido pelo Governo da Paraíba, por meio da Secretaria da Mulher e da Diversidade Humana, em parceria com o Governo do Estado de Pernambuco e as Associações de Ciganos de Condado na Paraíba e de Pernambuco.
A gerente de programas da Seppir, Desirée Tozi, esteve presente no evento e disse que as reivindicações dos ciganos são fundamentadas no conceito de que eles são invisíveis a sociedade.
“É como se eles não existissem, ninguém sabe onde vivem e quantos são. Essas queixas feitas pelos ciganos são concentradas na dificuldade de acesso às políticas públicas e aos serviços gerais”, explica a gestora.
Segundo o IBGE, o Brasil tem 800 mil ciganos em 291 cidades. No Nordeste, os ciganos afirmam que a maioria não tem registro civil, o que impede o acesso a uma série de serviços básicos, como saúde e educação.
Percepção
Desirée relata que uma das queixas feitas pelo grupo é que os ciganos ainda são vítimas de preconceito generalizado por parte da sociedade. O pedido é que a Seppir atue em conjunto com outros órgãos públicos para aumentar a oferta de serviços públicos e também realize campanhas educativas para desmitificar certos preconceitos existentes a respeito dos ciganos.
“Eles se queixam que as pessoas acham que eles são nômades sem entender que muitas vezes isso só ocorre porque eles são expulsos dos lugares ou por falta de terra. Os ciganos querem que o brasileiro saiba quem eles são”, afirmou.
Carta de Sousa
No final do evento, o grupo elaborou um documento, chamado de “A Carta de Sousa”, com propostas e reivindicações da categoria ao poder público.
“O evento foi positivo porque os ciganos passaram a ter uma ideia de que as demandas registradas na carta são compartilhadas pelo grupo em todo o país, não são questões pontuais. O contato com o governo ainda é recente para os ciganos, e aos poucos eles conquistam espaços e melhorias no acesso aos serviços públicos”, resumiu Desirée.
Além da Seppir, gestores do Ministério da Saúde também estiveram presentes no encontro. Antes do evento, tanto a Seppir quanto o Ministério da Saúde participaram de reuniões técnicas com representantes do governo da Paraíba, para discutir políticas em conjunto para o atendimento da população cigana no estado.