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Unesp entrevista Ronaldo Barros: As cotas não são um privilégio para um grupo, mas para toda a sociedade
Ronaldo Barros, secretário de Políticas de Ações Afirmativas da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) conversou com o Repórter Unesp sobre os programas de cotas raciais, de permanência estudantil de negros nas universidades e sobre os benefícios desses programas para mudar os cenários político, econômico e social no Brasil. Leia a íntegra da entrevista:
Repórter Unesp: Como a SEPPIR começou a implementar essas políticas afirmativas? Quando que perceberam que havia uma demanda necessária para isso?
R.U.: Além das políticas de cotas nas universidades há uma necessidade de criar o debate e um espaço nesses ambientes universitários, para que quando essas pessoas forem inseridas neles não haja casos como os das pichações encontradas na Unesp. Então, como que a Secretaria, junto a quem vive no ambiente universitário, podem trabalhar para que esse seja um espaço mais igualitário?
R.U.: Além das cotas para o corpo discente das universidades, existe também a necessidade de mudar o quadro dos cargos mais altos da universidades, de gestores, administradores, técnicos?
R.U.: Recentemente tivemos casos de fraudes no ingresso de estudantes da UFRJ e da UNB pelo sistema de cotas. Essas pessoas entraram nessas universidades pelo sistema sem serem negras. Novos critérios de seleção são pensados para que casos como esses não ocorram mais?
R.U.: As últimas estatísticas de vestibulandos e ingressantes da Unesp de questionários de cor dos alunos constava que não haviam alunos classificados como negros ou um número muito pequeno, apenas pardos se auto declararam dessa cor. Como esse quadro reflete a questão do negro no Brasil e nas instituições de ensino superior?
R.U.: O que se espera para os seguintes anos a respeito das políticas de cotas?
As políticas afirmativas vêm no sentido de primeiro qualificar as políticas universais, melhorando a qualidade das políticas universais. Um exemplo disso são as políticas de acesso ao ensino superior. Segundo que elas não são um privilégio para um grupo, ela beneficia toda a sociedade, então todo mundo ganha. Imagina se todos tiverem acesso a informação da história e da cultura africana, do papel que essa história tem, de que as pessoas, embora diferentes, são iguais, têm a mesma capacidade intelectual, têm a mesma competência e podem contribuir no mesmo nível. Quando a gente chegar a esse grau de conhecimento, nós criamos um novo processo civilizatório e com isso também ganha toda a sociedade. Essa medida não é só para um grupo, mas para todo o Brasil; nosso objetivo não é ter um Brasil para os negros, mas um Brasil para todos. Então nós achamos que as políticas afirmativas vêm no sentido de melhorar nosso país.
Link para a matéria no site Repórter Unesp: “As cotas não são um privilégio para um grupo, mas para toda a sociedade”