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Terreiro de candomblé é reinaugurado em Brasília
Na noite de quarta-feira (05/10), no Paranoá em Brasília, o terreiro de candomblé Ylê Axé Oyá Bagan realizou um ato solene de reinauguração da comunidade de matriz africana após o incêndio ocorrido em 27 de novembro de 2015. Compôs a programação uma contagiante apresentação do grupo de percussão Filhas de Oyá , discursos de autoridades e o descerramento da placa de inauguração. A noite prosseguiu em confraternização ao som de batucadas em homenagem ao terreiro Ylê e exaltando a Oyá. A Secretária Especial de Políticas de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luislinda Valois, esteve entre os convidados.
Os presentes puderam provar além do acarajé, do vatapá e do caruru preparado pelas filhas de santo, o Xinxim de Galinha – prato da cultura afro-brasileira que leva amendoim, frango, camarão, gengibre e outros temperos.
Mãe Baiana, yalorixá do terreiro Ylê Axé Oyá Bagan, iniciou a solenidade convidando todos os babalorixás e as yalorixás presentes a baterem um Paó, ato de agradecimento segundo a tradição candomblecista, à ancestralidade. Em seguida relembrou o ocorrido no ano passado, quando o seu terreiro foi destruído por um incêndio que consumiu os santos, ferramentas e os barracões. Refletiu sobre a necessidade de uma segunda abolição, visto que a liberdade religiosa dos povos tradicionais ainda é sistematicamente comprometida. Enfatizou que a reinauguração é antes de tudo uma declaração simbólica de resistência e luta, onde os frequentadores do terreiro buscaram forças em seus orixás para perseverarem para reerguer o local e retomarem seus ritos religiosos que foram interrompidos naquele espaço.
A yalorixá encerrou a noite mandando uma mensagem para outros povos de terreiro e qualquer outro segmento religioso que também esteja passando perseguição: Gente chegou a hora da gente rezar, chamar pelos nossos orixás, chamar por Deus, por Jesus. Chamar cada um segundo seu segmento de fé e juntos começarmos a combater a intolerância dentro da nossa casa, dentro das escolas, na rua, na parada de ônibus. Começar a combater, não apoiar qualquer tipo de discriminação. Quando alguém é confrontado por seus gestos e ações de intolerância esse alguém tem a oportunidade de rever sua forma de pensar porque ele fica constrangido. E é esse tipo de confronto, de combate que precisamos buscar. Não usando a violência, mas com a bandeira da cultura paz, que é mais lógica e traz mais segurança para todos.
Informações da Fundação Cultural Palmares