Notícias
OLIMPÍADAS
No Rio de Janeiro, Secretária Luislinda Valois promove debate sobre igualdade racial no esporte
A Secretária Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do Ministério da Justiça e Cidadania, Luislinda Valois, participou na tarde desta quarta-feira (10/8) de uma entrevista coletiva sobre igualdade racial no esporte, no Rio de Janeiro, com a presença da medalhista de ouro no judô na Olimpíada 2016, Rafaela Silva, e do goleiro Aranha, da Ponte Preta/SP.
Foto: Saulo Pereira Guimarães/Rio 2016
Durante o evento, a Secretária da SEPPIR destacou a importância da participação dos negros nos espaços de poder, seja na política, na Justiça, ou em diferentes áreas profissionais, como Medicina e Engenharia. Em seu discurso, Luislinda Valois reafirmou a igualdade de direitos e pediu: "Respeitemos a tudo e a todos, incluindo o povo preto. Não somos coisas, somos seres humanos".
Na opinião da Secretária Luislinda Valois, os Jogos Olímpicos vão trazer benefícios e incentivos para os negros do Rio de Janeiro e do país. Indagada, durante a coletiva, sobre quais seriam esses benefícios - já que há críticas recorrentes ao fato de o aparato olímpico estar instalado nas áreas mais ricas da cidade - Luislinda Valois declarou: "Olhem esses dois expoentes que estão ao meu lado (referindo-se à judoca Rafaela Silva e o goleiro Aranha). Eles já estão inspirando milhares de pessoas. São parâmetros, exemplos a serem seguidos".
A Secretária também foi enfática ao falar sobre a importância das denúncias de racismo. “Todos nós quando formos vítimas de um delito, vamos denunciar. Façam um auê e busquem seus direitos”, afirmou. A judoca Rafaela Silva lembrou, durante a coletiva, o caso de racismo na Olimpíada de Londres, em 2012, e contou que quase desistiu do judô por causa dos ataques racistas sofridos depois de ser eliminada da competição. “Se eu tivesse dado ouvidos, hoje o Brasil não teria esse ouro olímpico", declarou Rafaela. O goleiro Aranha também foi vítima de racismo durante a Copa do Brasil em 2014 e não se calou diante do preconceito. Ele fez uma denúncia formal e o caso foi parar na Justiça. "Sempre enfatizam o episódio de 2014, que teve uma repercussão grande, e as pessoas começaram a me ouvir. Estar aqui hoje é motivo de orgulho", disse ele.
Luislinda Valois falou, ainda, dos atos de racismo praticados via internet, deixando bem claro que esse tipo de atitude também é passível de punição. "Engana-se quem se utiliza da internet para agredir. A internet é punível do mesmo jeito. Se somos vítimas de delito, temos que procurar as autoridades. Não deixem passar em branco. Temos que denunciar, procurar a Justiça. Vamos em busca do nosso direito!", orientou a Secretária da SEPPIR.
Ao final da coletiva, a Secretária da SEPPIR deu um último recado: "Eu passei por situações difíceis com a caneta. Esses atletas passaram por situações difíceis com a bola e com seus físicos. Vamos unir a caneta e a bola por um Brasil melhor e sem racismo", finalizou.
SEPPIR lança cartilha nesta quinta-feira (11/8)
A Secretária Luislinda Valois lança nesta quinta-feira (11/8) às 17h, no Rio de Janeiro, a cartilha “Por Olimpíadas sem Racismo”, direcionada ao público dos Jogos Olímpicos. O evento, que é realizado em parceria com o Ministério do Esporte, acontece no Terraço da Casa Touring, que fica no espaço Casa Brasil, na Praça Mauá, região portuária do Rio de Janeiro.
A cartilha “Por Olimpíadas sem Racismo” explica as diferenças entre injúria racial e racismo e traz alguns exemplos de racismo velado, que inclui, entre outros atos: inferiorizar e/ou apelidar alguém a partir de suas características físicas (cor e etnia); considerar a pessoa inferior intelectualmente, negando-lhe um cargo ou emprego; ofender verbal ou fisicamente a vítima, bem como desprezar os costumes, hábitos e tradições de uma etnia. O documento, publicado em português e inglês, também traz os contatos do governo federal e do Rio de Janeiro, caso seja necessário fazer uma denúncia.
A cartilha já está disponível na internet e pode ser acessada aqui .