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Conferência discute gênero, raça e juventude em Belo Horizonte
Entre os dias 10 e 12 de abril ocorre, em Belo Horizonte, a IV Conferência Nacional de Gênero, Raça e Juventude da UGT (União Geral dos Trabalhadores do Brasil), com o objetivo de impulsionar a incorporação de gênero, raça e juventude nas diversas secretarias da central sindical.
Na abertura do evento, que ocorreu na noite do último domingo (10), o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos foi representado pelo secretário especial de políticas de promoção da igualdade racial, Ronaldo Barros, que destacou os avanços brasileiros nas politicas sociais dos últimos 13 anos, principalmente as ligadas a gênero, raça e juventude.
“Hoje o filho trabalhador, do peão, do construtor, do pobre, do índio, do quilombola, pode acessar a universidade. Hoje um peão pode ser doutor, um filho de pedreiro pode ser engenheiro. É isso que a elite não está suportando e está conduzindo uma crise política, porque tem medo de eleição”, destaca o secretário, referindo-se às citações sobre a crise política e econômica no país que outros membros da mesa fizeram na solenidade de abertura da conferência.
A solenidade iniciou com apresentação musical e poética do Coletivo de Negras Autoras de Belo Horizonte Negr.A e teve a participação de autoridades locais e membros da direção local e nacional da UGT, como o presidente da UGT-MG, Paulo Roberto Silva; o secretário municipal do trabalho, Alvimar Paiva e o secretário municipal de políticas sociais, Marcelo Mourão, representando o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda; o secretário de organização de políticas sindicais da UGT, Chiquinho Pereira; o vice presidente, Salim Reis, e o presidente da central, Ricardo Patah. A solenidade contou ainda com a participação da representante da organização de cooperação internacional Solidarity Center, Jana Silverman.
Para o presidente da entidade, as questões de gênero, raça e juventude precisam ser discutidas no âmbito das secretarias específicas, mas tem que ser ampliadas e potencializadas por toda a central. “Respeitando e resolvendo a questão da mulher, por exemplo, com certeza teremos mais capacidade de mudança efetiva do nosso país”, afirmou o presidente, que mencionou ainda as desigualdades raciais no mundo do trabalho. “Não podemos permitir que os nossos negros, homens ou mulheres, trabalhem e ganhem menos do que os brancos”. Patah também citou O reconhecimento da UGT como segunda maior central sindical do Brasil e agradeceu aos “homens e mulheres que deram sua cor e sua coragem a essa construção”.
Gênero, Raça e Juventude
A secretária nacional da mulher da UGT, Santa Regina Pessoti, mencionou lutas e conquistas femininas no mundo do trabalho ao longo da história, e lembrou que a conferência também ocorre em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março.
Já a secretária nacional da diversidade humana da UGT e conselheira do CNPIR (Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial), Ana Cristina Duarte, ressaltou a importância desta gestão da Seppir na visibilidade aos trabalhadores e trabalhadoras e no avanço da pauta do negro do mercado de trabalho. “Estamos aqui para debater políticas para o mundo do trabalho e para a sociedade como um todo”, declarou Ana Cristina, reforçando a importância do foco das discussões nas pautas de gênero, raça também transversalizadas com a temática da juventude.
O secretário nacional de juventude da UGT, Luiz Gustavo Pádua, reforçou que o crescimento da central só será real e sustentável se levar em consideração as vozes das mulheres, dos negros e dos jovens. “Ouvir as pautas e a voz que vêm dessas bases e incorporar isso ao trabalho, com certeza vai nos fazer crescer e nos tornarmos a maior e melhor central sindical, não só do Brasil, mas de qualquer lugar”, pontuou o jovem, que reforçou ainda a importância de se construir uma conferência mais integrada entre as secretarias, desenvolvendo temas de interesse conjunto e valorizar o trabalho realizado em plenária.
Crise política e defesa da democracia
A crise política e econômica foi mencionada em muitas falas da abertura da conferência. Para o secretário Ronaldo Barros, “a crise política tem nome: é uma reação conservadora aos ganhos que a classe trabalhadora teve nos últimos treze anos”, afirmou o secretário Ronaldo Barros, que se dirigiu aos jovens ao lembrar que, historicamente, já vivemos crises econômicas e políticas piores do que a que estamos passando agora. “O país está passando por uma crise política e econômica séria, mas esta não é a primeira crise, nem será a última. Crises são da natureza do modo capitalista de existir e de organizar a produção e a vida”, pontuou Ronaldo, que alertou para a construção de um golpe à democracia.
“Crise econômica não é justificativa para golpe político. A história dos trabalhadores foi enfrentar a ditadura militar para resgatar um princípio fundamental que é a democracia. Eu tenho certeza que a segunda maior central deste país vai honrar a luta dos trabalhadores e vai garantir a democracia”, finalizou o secretário.
A conferência
Além de ter o intuito de impulsionar a incorporação de gênero, raça e juventude nas diversas secretarias da central sindical, a IV Conferência Nacional de Gênero, Raça e Juventude da UGT tem também como propósito analisar os avanços obtidos através das diretrizes das Conferências realizadas nos últimos anos e traçar estratégias para garantir proposições inclusivas na agenda sindical da UGT Nacional. Cerca de 300 representantes da central em todo o país participam do evento.