Notícias
Ações afirmativas, educação e democracia são discutidas em conferência de universidade sergipana
A luta do movimento negro e a criação da Seppir, ações afirmativas, educação, racismo e democracia foram alguns dos assuntos abordados na noite desta terça-feira (12) pelo secretário Ronaldo Barros em conferência para alunos e professores da Universidade Federal de Sergipe (UFS). O secretário especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos, fez a conferência de abertura do IV Encontro Interdisciplinar de Língua e Literatura (ENILL) da UFS, que ocorre até a próxima sexta-feira (15) no campus de Itabaiana.
“Nos últimos 13 anos a universidade brasileira mudou muito. Mudou a cor, ficou mais colorida, mais diversa. 15 anos atrás nós tínhamos apenas 3% de negros nas universidades, ou seja, aquele formato faliu no princípio de garantir o direito para todos, enquanto as políticas afirmativas reconhecem e asseguram esse direito a esse grupo”, comenta Ronaldo, acrescentando que, apesar das mudanças, ainda há o que avançar na estrutura da universidade brasileira, ainda muito eurocêntrica.
Em sua explanação sobre as políticas de ações afirmativas, Ronaldo explica que elas têm uma dimensão diferenciada, que envolve o reconhecimento e a redistribuição. “No caso das políticas de ações afirmativas, mais conhecidas como cotas, elas reconhece os sujeitos de direitos historicamente excluídos, como os negros, os indígenas, os quilombolas, e eleva para o estado jurídico o direito específico a esse elemento que foi negado”, comenta.
Cotas na pós-graduação
Ronaldo também defende que a política de cotas se estenda à pós-graduação, para que as instituições federais em todo o país aumentem o acesso da população negra à pesquisa, garantindo não apenas o seu ingresso, mas também a diversidade de temas a serem pesquisados e aumentando também a concorrência de negros e negras em concursos para professores na pós-graduação.
“É uma insanidade não criar cotas na pós-graduação quando se criou cotas para professor universitário. Então, para que o concurso para professor universitário tenha maior concorrência e melhore a qualidade da concorrência, tem que ter uma quantidade maior de negros estudando, consequentemente, você vai ter que preencher essas vagas”, pontua o secretário.
Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB)
Os Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB) das universidades brasileiras também entraram na pauta do debate entre alunos e professores na noite desta terça. A professora do Departamento de Educação da UFS, Lia Maria, falou sobre a atuação e funcionamento do núcleo na Universidade Federal de Sergipe.
A abertura da conferência contou com a apresentação teatral de "Auto da Barca do Inferno", do teatrólogo português Gil Vicente, por alunos do curso de Letras da universidade. Além de alunos, diversos professores participaram da conferência, que contou ainda com a presença do reitor da UFS, André Maurício, e do diretor do campus de Itabaiana, Éder Mateus, na abertura.