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No Mês da Mulher, conheça oito brasileiras inspiradoras
Nos últimos 13 anos, as questões de gênero entraram no centro das discussões do País. Progressos foram obtidos, mas o objetivo do governo federal é avançar ainda mais no empoderamento das mulheres. A meta é promover mais direitos, mais poder, mais participação.
Para que a sociedade reconheça os direitos das mulheres, muitas tiveram de reafirmar a sua luta e contribuir com empoderamento feminino das mais variadas formas. De pequenas atitudes até a construção de novas legislações são atitudes que contribuem para o avanço da sociedade brasileira, que fica mais igualitária dia após dia.
Conheça agora oito brasileiras incríveis que, de formas diferentes, contribuíram para um Brasil mais justo:
1 - Adriana de Oliveira Melo - Médica obstetra com mestrado, doutorado e pós-doutorado em parto, saúde materno-infantil e saúde da mulher, Adriana de Oliveira foi a primeira profissional da saúde a fazer a relação entre a epidemia de microcefalia (má-formação dos fetos de bebês) e o vírus zika transmitido pelo mosquito Aedes aegypti . Inédita no mundo, a relação foi detectada no Brasil no segundo semestre de 2015.
Adriana trabalha no interior da Paraíba, dedicada a mulheres grávidas, e é testemunha do sofrimento das mães cujos filhos foram diagnosticados com má-formação do cérebro. Neste Dia da Mulher, ela tem um sonho: “Meu desejo é que eu não tenha que dar a nenhuma mãe a notícia de que o bebê que ela está gestando é portador de microcefalia provocada por um mosquito. Nenhuma mãe merece ouvir isso”.
Participante das ONGs “Amigos do Peito” (que oferece diagnóstico e tratamento de câncer de mama) e do Instituto Engenheiro Apolônio Sérgio de Oliveira Melo (que cuida de idosos), Adriana tem participado ativamente do combate ao mosquito transmissor do zika vírus.
2 - Maria da Penha - A farmacêutica bioquímica que empresta o nome à Lei 11.340/2006 , a Lei Maria da Penha, foi uma vítima da violência que fez de um infortúnio pessoal uma importante conquista de milhões de mulheres. Em 1983, Maria da Penha dormia quando o marido lhe deu um tiro pelas costas, deixando-a paraplégica. O agressor foi julgado e condenado, mas continuou em liberdade devido a recursos apresentados pelos advogados de defesa.
A impunidade acabou resultando na condenação internacional do Brasil pela omissão do Estado em tratar, na época, os casos de violência contra a mulher. A partir disso, o País passou a cumprir algumas recomendações e a assumir alguns compromissos, entre os quais o de mudar a legislação brasileira nas relações de gênero. Em 2006, durante a gestão presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi sancionada a Lei Maria da Penha, criando a partir daí mecanismos para reduzir a violência doméstica e familiar contra a mulher.
Neste Dia da Mulher, Maria da Penha diz que seu desejo é que as próximas gerações sejam capazes de evitar a violência. “As leis que criamos para fazer valer os direitos da mulher não vieram para punir os homens, mas para punir os homens agressores. A pessoa que passa pela violência teme o agressor. Mas se a mulher quiser sair dessa situação, tem de procurar o centro de referência da mulher”, diz.
“Eu sugiro que o governo faça um investimento em educação e nas futuras gerações levando a lei Maria da Penha às escolas. Isso vai conscientizar os jovens, principalmente os jovens que se deparam com a violência em casa em comunidades, isso vai nos ajudar a ter um futuro melhor para nossos descendentes.”
3 - Cármen Lúcia Antunes Rocha - J urista, ministra e vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia tem um currículo de 55 páginas. E só essa apresentação já diz muito da profundidade intelectual desta mulher que presidiu o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e faz parte do STF, a instância máxima do Poder Judiciário.
Autora de sete livros e de duas teses, Cármen Lúcia tem se dedicado à área constitucional. Entre suas publicações constam “O Princípio Constitucional da Igualdade” de 1990, “A Constituição e a Constitucionalidade” de 1991, e “Direito de/para Todos” de 2004.
4 -
Justina Inês Cima -
Trabalhadora rural do município catarinense de Quilombo, Justina Inês Cima é uma liderança feminina que se destaca por lutar para que as mulheres rurais tenham acesso ao ensino superior.
A luta pela educação se confunde com sua trajetória profissional. Em 2006 ela obteve, por meio de um provão, o diploma do ensino fundamental. Com essa etapa garantida, prestou o Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, e tornou-se “prounista”. Neste ano vai conquistar, aos 60 anos, o diploma de pedagoga.
Defensora das trabalhadoras rurais, Justina Cima foi a fundadora, em 1983, do Movimento de Mulheres Agricultoras em Santa Catarina. Atualmente é conselheira do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM). Pronta para participar da 4ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, ela defende como fundamental que as mulheres tenham autonomia econômica e social e maior participação política.
Para ela, a palavra máxima é organização. “Que todas as mulheres da classe trabalhadora possam ter direito de se organizar e, a partir dessa organização, construir e buscar seus direitos. Meu sonho é que ver as mulheres se organizando e saindo da opressão e em busca de seus direitos.”
5 - Sandra Maria - É uma das lideranças quilombolas em Minas Gerais. Nascida e criada na comunidade Carrapato da Tabatinga, em Bom Despacho, no oeste mineiro, Sandra sempre teve o exemplo da mãe, que já era liderança social local. Ela estudou em Belo Horizonte, se formou em contabilidade, e voltou ao quilombo para "pegar o bastão da mãe" das lutas sociais, como ela mesmo define. Com 55 anos e 20 anos de ativismo, foi uma das fundadoras da Federação das Comunidades Quilombolas de Minas Gerais.
Apesar de ter herdado o lugar da mãe nos movimentos sociais, ela observa que o número de mulheres nas lideranças não era muito grande. "Sempre as mulheres trabalhavam e os homens apareceram. A gente trabalhava e eles eram os líderes, decidiam o que fazer. Nesses dez anos de caminhada e empoderamento das mulheres negras, a gente reverteu esses quadro. Hoje no estado de Minas Gerais, chegamos a quase 800 comunidades e a maioria das lideranças são mulheres. Estamos nessa luta para empoderar as mulheres, porque elas são as verdadeiras líderes das lutas".
6 - Juliana Faria - A jornalista Juliana de Faria é fundadora do ONG Think Olga, com foco em direitos das mulheres, e criou as campanhas Chega de Fiu Fiu e Primeiro Assédio, cujo objetivo é combater o assédio sexual. As campanhas viralizaram nas redes sociais e várias mulheres compartilharam os momentos delicados que enfrentaram e, assim, puderam para dar visibilidade ao tema.
Juliana é também uma das autoras do ebook "Meu Corpo Não É Seu", sobre violência de gênero. Para a jornalista, acesso à informação é a principal forma de mudar os problemas de gênero. "Minha missão na Think Olga é empoderar mulheres por meio da informação e retratar as ações delas em locais onde a voz dominante não acredita existir nenhuma mulher".
7 - Joana Neves - Com apenas um ano e meio de vida, a potiguar Joana Neves teve acondroplasia, uma anormalidade na ossificação das cartilagens que causa nanismo. Na adolescência, começou a nadar, por recomendação médica, e depois começou a participar de competições internacionais e ganhar medalhas. Atualmente Joana é uma das apostas do Brasil nos Jogos Paralímpicos de 2016.
Ela garante que ser mulher na natação só contribuiu para que ela tivesse mais força de vontade. Hoje sonha com a medalha de ouro em sua categoria. "Pude ver que nós temos potencial de subir ao pódio igual os homens fazem. O empoderamento, para mim, é ver que nós temos tanta força e potencial quanto os homens - inclusive para bater recordes e conseguir a primeira medelha de ouro".
8 - Chopelly Glaudystton - A recifense transexual e ativista Chopelly, desde criança, sempre se identificou como menina. Gostava de brincadeiras de meninas e, na adolescência, teve muita dificuldade de lidar com a forma como se enxergava. Aos 20 anos, com depressão, fugiu para o Rio de Janeiro e começou a se prostituir, já que não acreditava em outros espaços que poderiam ser ocupados por uma transexual.
Fazendo programa na Lapa, conheceu uma prostituta que recomendou que ela voltasse para casa e pensasse melhor em assumir sua identidade, a de uma mulher que nasceu em um corpo de homem.
Ao voltar para Recife, Chopelly começou a entender melhor sua identidade e se assumiu como mulher. A atitude não foi bem aceita pela família, mas, aos poucos, foi conquistando seu lugar na sociedade. Depois de entender a sua identidade de gênero, a transexual, hoje com 33 anos, é ativista nos direitos LGBT e nas questões de afirmação de gênero, especialmente ajudando mulheres e homens trans a se descobrir e se afirmar.
Fonte: Portal Brasil