Mulheres de diferentes classes sociais e provenientes das mais distintas localidades do País manifestaram solidariedade à presidenta em posição contrária a votação, no Senado, do afastamento de Dilma da Presidência em decorrência do processo por suposto crime de responsabilidade.
Durante o evento, as mulheres lembraram políticas executadas desde 2003 que valorizaram e deram poder ao sexo feminino. Ao mesmo tempo, demostraram temor de recuo nessas ações.
“O que tivemos antes dos governos do presidente Lula e Dilma foram migalhas”, disse a psicóloga e secretária de Políticas para Mulheres de Natal, Aparecida de França. Citando as leis Maria da Penha (sancionada em 2006 no governo do ex-presidente Lula) e a do feminicídio (sancionada em 2015 pela presidenta Dilma) e antevendo riscos, Aparecida diz que a população tem de perceber que o poder pertence ao povo. “Corremos risco de retrocesso nas políticas públicas sociais. É um momento delicado, no qual a população precisa ver que tem força e poder para mudar e evitar retrocessos”, aponta.
A 4ª Conferência Nacional de Política para Mulheres discute neste ano o tema “Mais Direitos, Mais Poder e Mais Participação para Mulheres”. Durante a abertura dos trabalhos, a secretária especial de Políticas para as Mulheres (SPM) do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Eleonora Menicucci, afirmou que avanços não ocorrerão sem que haja ação e organização.
“Nossa mobilização é por mais poder, mais direitos e mais participação. Não iremos conseguir isso sem uma frente democrática”, disse a secretária.
Para algumas das participantes do 4CNPM, o processo que Dilma enfrenta se deve, em grande parte, pelo fato de a presidenta ser mulher.
“Tem muito deputado com medo de ter mulher no governo. Eles não conseguem acreditar no fato de ter mulher governando. Eles não conseguem aceitar ordem de mulher porque estão acostumados a mandar, a ser sempre o homem, o deputado, o presidente, o governador. Para eles é assustador ter uma mulher na presidência da República. E é muito mais pelo machismo enraizado em nossa sociedade que estarmos vendo essa crise política neste momento”, comentou a estudante de Direção e Produção de Arte da Universidade Federal de Goiás (UFG), Sidiana Soares.
As mulheres presentes na abertura da conferência mostraram temor do desmonte e do enfraquecimento das políticas de apoio ao sexo feminino. Cleide Silva, doméstica e presidente do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos de Nova Iguaçu (RJ), é uma dessas pessoas.
“Se houver mudança de governo, com certeza vai ter retrocessos. Vamos perder nossos direitos conquistados. Tenho certeza que se não fosse Dilma, mulher, trabalhadora, a PEC das Domésticas não teria passado”, apontou Cleide.
A 4ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres prosseguirá nesta até sexta-feira (13). O evento está sendo realizado no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.