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“Meninas e Jovens fazendo Ciências" incentiva mulheres no Ceará
A estudante Aline Praciano com o biodigestor. Foto: Divulgação CNPq
“Após a minha participação como voluntária no Projeto Meninas e Jovens Fazendo Ciências, surgiu o interesse de cursar uma pós-graduação em Engenharia Agrícola, com o intuito de tornar-me professora universitária”, conta a cearense de 33 anos, que vai receber o prêmio na quarta-feira (16/09), durante a realização do Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola (Conbea). Aline cursava Agronomia e entrou como voluntária no programa "Contribuição de biodigestores na construção da integração entre saberes de nível médio", financiado pelo Meninas e Jovens Fazendo Ciências Exatas, Engenharias e Computação e coordenado pelo professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) Daniel Albiero.
Denominado "Conversão de motogeradores estacionários quatro tempos ciclo Otto gasolina para biogás", o produto desenvolvido por Aline é um subprojeto do programa financiado pelo Meninas e Jovens Fazendo Ciências Exatas, Engenharias e Computação. Ela desenvolveu um kit de baixo custo para conversão de gasolina para biogás de motores a serem utilizados em irrigação de pequeno porte. O trabalho tem como objetivo oferecer uma alternativa econômica na conversão para biogás do motor de irrigação. A tecnologia desenvolvida por ela tem um custo 90% abaixo do preço utilizado hoje nos sistemas adaptadores comerciais.
Meninas na Ciência
Além da pesquisa científica, o projeto global (Contribuição de biodigestores) e seus sub-projetos (Conversão de motogeradores) fomentaram um trabalho de extensão desses pesquisadores, durante um ano, em escolas públicas de Fortaleza (CE). “O Projeto Meninas e Jovens Fazendo Ciência proporciona às mulheres do Ceará a oportunidade de conhecer o cotidiano de um curso acadêmico ainda durante o Ensino Médio, permitindo que essas jovens desmistifiquem o preconceito de que cursos de Engenharia e Ciência Exatas são dirigidos apenas para homens”, afirma Aline Praciano.
Na Escola de Ensino Fundamental e Médio Antonieta Siqueira, localizada próxima ao campus da UFC, os pesquisadores realizaram workshops e proporcionaram dois dias de visitas de campo a um grupo de estudantes. Eles participaram de palestras e depois replicaram esses conhecimentos na escola. No mesmo ano em que essas atividades foram desenvolvidas, 20 alunas escolheram o Curso de Agronomia, no Sistema de Seleção Unificada (Sisu). No ano anterior, não foi verificada nenhuma inscrição em Agronomia entre as alunas daquela escola.
“A partir do momento em que as mulheres se dedicam os resultados surgem, prova disso é o reconhecimento do Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola que premiou a nossa pesquisa, desenvolvida por mulheres”, comemora Aline Praciano, que decidiu cursar o mestrado após integrar o Projeto Meninas e Jovens Fazendo Ciências Exatas, Engenharias e Computação. Ela ressalta que, “porém, para que mais mulheres atinjam esse objetivo, são necessários investimentos para desenvolvimento de pesquisas semelhantes a esta”.
Tecnologia de conversão do biogás
"Essa tecnologia de conversão não é novidade, já existe no mercado, só que com um custo em torno de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil, o que se torna bem pesado para o agricultor familiar. A novidade é que desenvolvemos um sistema de baixo custo para esse mesmo processo, que sairia na faixa de R$ 150,00, bem mais acessível para agricultores de baixa renda", explica Daniel Albiero.
A tecnologia de conversão do motor estará disponível para download, até o fim deste ano, de forma gratuita, na página do Grupo de Pesquisa em Energia e Máquinas para a Agricultura do Semiárido (Gemasa) no Facebook.
Segundo Aline Praciano, a tecnologia à base de biogás tem o semiárido cearense como ambiente ideal para ser aplicada. "Para a agricultura, o biogás é interessante porque todas as unidades agrícolas, no Ceará, trabalham em agropecuária. Nessas unidades, o esterco de animal não é utilizado, fica em esterqueiras, causando mau odor, acúmulo de insetos, doenças para os animais. Nesse caso, pega-se um material que era rejeitado, transforma-se em energia e obtém-se o biofertilizante, um subproduto do biogás, diminuindo o uso de fertilizantes”, comenta. Alguns relatos de assentamentos rurais apontam uma redução de cerca de R$ 3 mil em insumos agrícolas com o uso do biodigestor.
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