19/10 – Correio Braziliense – Câncer de mama: é possível curar (Artigo) – Eleonora Menicucci
Publicado em
12/11/2014 12h27
Atualizado em
30/11/2019 14h04
A Secretaria de Políticas para as mulheres (SPM) da Presidência da República iluminou-se de rosa no início de outubro, assim como o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional, o Ministério da Saúde e outros prédios públicos. Com isso, chamamos a atenção para a importância da prevenção do câncer de mama, o segundo tipo mais frequente no mundo e o primeiro entre as mulheres, sobretudo na faixa dos 30 aos 65 anos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, sua incidência é de cerca de 1,38 milhão de novos casos e 458 mil mortes por ano.
No Brasil, entre 2000 e 2012, essa neoplasia maligna ocupou o primeiro lugar entre as mortes por câncer entre as mulheres. O Ministério da Saúde estima que ocorram anualmente 52,6 mil casos - um risco, portanto, de 52 novos casos para cada 100 mil mulheres. Assim, o controle dessa modalidade foi definido como uma de suas principais políticas para a população feminina.
Mas não bastam políticas públicas. A sociedade precisa se mobilizar e pressionar para sua efetiva implementação. Precisa, também, se conscientizar dos riscos da doença e da importância do diagnóstico precoce. O Outubro Rosa é um movimento internacional que contribui para isso na medida em que leva empresas e entidades em todo o mundo a, neste mês, iluminar em cor-de-rosa edifícios e prédios históricos para chamar a atenção para a importância do diagnóstico precoce.
O movimento começou em Nova York, em 1990, com a Corrida pela Cura. O evento foi um sucesso e passou a ser promovido todos os anos. Em 1997, as cidades californianas de Yuba e Lodi definiram um calendário anual de atividades neste mês, e o laço rosa foi adotado como marca. Em poucos anos, se tornou marca internacional. A mobilização chegou ao Brasil em 2 de outubro de 2002, na capital paulista, quando um grupo de mulheres iluminou de rosa o obelisco do Ibirapuera.
O câncer de mama tem chance de até 90% de cura quando diagnosticado no início. Esse diagnóstico "é a coisa mais dolorida que uma mulher pode ouvir", afirma Anita (nome fictício), que teve os seios extraídos aos 40 anos. "Perder a mama afeta a identidade feminina: seios e cabelos são símbolos da sexualidade da mulher... e, para elas, isso amplia as dificuldades de reconstrução das relações amorosas". Mas ela afirma que o medo do diagnóstico não pode afugentar as mulheres da verdade. "A doença, além de grave ameaça à vida, ainda significa a perda da autoimagem", corrobora um cirurgião de mama mineiro. Ele acrescenta que, por isso, a mulher tem dificuldade de lidar com o tratamento, ao contrário de com os cânceres que afetam outras partes do corpo.
Campanhas de esclarecimento sobre o autodiagnóstico são extremamente importantes para que a descoberta se dê ainda no início. É fundamental estar atenta à mudança no tamanho ou no formato das mamas, vermelhidão, coceira ao redor do mamilo ou vazamento neles, inchaço das axilas ou ao redor da clavícula; nódulos ou espessamentos diferentes do restante do tecido da mama, mudança na textura da pele, com enrugamento ou covas, inversão ou mudança de posição ou formato do mamilo e, ainda, dor constante na mama e nas axilas.
O Plano Nacional de Políticas para as mulheres dedica grande atenção ao assunto. A SPM trabalha em parceria com o Ministério da Saúde, visando à implantação de novos serviços de diagnóstico e tratamento. Isso significa ampliar o acesso com qualidade à mamografia no SUS, com garantia de detecção e tratamento em tempo adequado. O especialista mineiro enfatiza a importância de, na ocasião de o médico propor a cirurgia para a extirpação dos nódulos, "informar sobre a possibilidade da cirurgia reparadora da mama pelo SUS - isso pode dar mais tranquilidade à mulher".
A SPM tem trabalhado para assegurar a ampliação do acesso aos tratamentos de recuperação e reabilitação após tratamentos cirúrgicos, e à reconstrução cirúrgica das mamas, nos casos clinicamente indicados, respeitando a decisão da mulher. Sabemos, também, da importância de apoio psicossocial às mulheres durante o tratamento, razão pela qual acompanhamos as ações que vêm sendo empreendidas pelas autoridades da saúde.
Assim, do seu lado, as mulheres seguem na busca, a cada dia, de mais informações, para poder tomar as decisões corretas em momento tão delicado de suas vidas. Ao Estado fica a obrigação de prover sempre bons serviços - os quais, além de levarem à cura, as tratem com o respeito e a dignidade que merecem; e à sociedade, a responsabilidade de entrar com o apoio constante, permanente e sem discriminação.
Eleonora Menicucci
Ministra de Estado chefe da Secretaria de Políticas para as mulheres da Presidência da República