Os papéis de gênero tradicionais e a divisão sexual do trabalho
As mulheres ainda são, em grande medida, educadas, ao longo de toda a vida, para ocupar o espaço privado/doméstico e deixar o mundo público/político a cargo dos homens. A chamada “divisão sexual do trabalho” – conceito central para as teorias que buscam explicar a baixa presença de mulheres na política - é uma forma de organização típica da sociedade brasileira e de muitas outras sociedades. De acordo com essa divisão, os homens são prioritariamente associados à esfera produtiva – isto é, o mundo do trabalho remunerado - e as mulheres à esfera reprodutiva – todo o trabalho de reprodução humana, de cuidado, de afeto, alimentação, limpeza e as demais atividades domésticas necessárias para que as pessoas se mantenham vivas e possam participar das outras esferas sociais: a educação, o trabalho, a política, etc.
Ainda que os papéis de gênero tradicionais -comportamentos, atitudes e modos de pensar que associam a mulher à casa e o homem ao espaço público- estejam se alterando, a mudança é muito lenta, por envolver padrões reproduzidos ao longo de gerações. Não apenas a família, onde começamos a incorporar esses papéis, mas também a escola, as empresas, a mídia e as demais instituições sociais contribuem para que esses padrões tradicionais sejam mantidos. Assim, as pessoas em geral acreditam que esses padrões sejam determinados pela natureza e imutáveis, ou seja, decorrentes de nossos atributos biológicos. O reconhecimento de que os papéis de gênero são construções sociais e que variam entre culturas e ao longo do tempo é fundamental para o aumento do número de mulheres na política.