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08/08 - Relação entre drogas e violência contra as mulheres precisa ser mais bem estudada, diz ONU em encontro nacional de delegacias
Durante mesa-redonda do encontro nacional “O Papel das Delegacias no Enfrentamento à Violência contra as Mulheres”, ficou constatada a falta de metodologia científica em estudos que abordam tema
Há carência de pesquisas relacionando o uso de drogas à violência contra as mulheres. A constatação foi feita durante o encontro nacional “O Papel das Delegacias no Enfrentamento à Violência contra as Mulheres”, que teve início nessa terça-feira (07/08), em Brasília. Também ficou prejudicado o debate sobre a exploração sexual das mulheres enquanto usuárias de drogas por falta de dados sistematizados sobre o tema. O evento se encerrará nesta quarta-feira (08/08) e é promovido pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR) e o Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp).
O oficial de Programa em Prevenção ao Crime do Escritório sobre Drogas e Crimes das Nações Unidas (UNODC), Nívio Nascimento, questionou o dado de que, em alguns estados, o maior número de assassinato de mulheres está relacionado ao tráfico. “Em que contexto isso está relacionado às drogas? Está ligado ao uso, ao tráfico?”, indagou. Segundo Nívio, o termo “drogas” tem diferentes significados dependendo do contexto e, diante disso, também seria necessário quantificar o número de homicídios contra mulheres relacionados a álcool e outras drogas lícitas, por exemplo.
“Jogar a culpa toda na droga é perigoso. Também é preciso ver o lado do agressor, se ele matou sob efeito de drogas”, alertou Nívio. Ele acredita que é fundamental discutir a exploração sexual por uso e por tráfico – conceitos que, segundo ele, são difíceis de diferenciar.
Aspectos psicológicos
- O coordenador de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Roberto Tykanori, explicou os aspectos psicológicos que envolvem as mulheres em situação de violência. “O ser humano vê o que quer ver. Uma mulher envolvida com violência não é natural e, portanto, se crê que ela deve ser punida em dobro”, explicou.
Ele fez, ainda, uma relação entre o número de internações em instituições psiquiátricas de homens e de mulheres: eles ocupam 65% das vagas enquanto elas, apenas 35%. “É porque o papel social da mulher é mais restrito, ela é vista como um corpo”, disse. Se ela for capaz de executar as tarefas domésticas, não se vê a necessidade de internação.
Para Tykanori, “o uso de drogas é irrelevante para provocar cenário de violência”. Segundo ele, é preciso “criar novos padrões, novos consensos sobre o que é ser mulher, assim muda-se o padrão de violência”, declarou.
Jovens mães e risco social
- A Associação Lua Nova trabalha com jovens mães em situação de risco social, muitas vezes causado pela droga. Sua fundadora, a psicóloga Raquel Barros, explicou que a ONG baseia-se em trabalho de articulação, permitindo as mulheres a se relacionarem. “Não focamos na droga, na tragédia, focamos no que elas têm de bom. Droga é a consequência social em que ela vive”, acrescentou.
A associação verificou que muitas, após saírem da ONG, voltavam para a situação de risco social em que se encontravam, por não terem onde morar. A partir daí, a ONG fundou uma fábrica de tijolos, que, além de serem comercializados, são usados pelas mulheres para fabricarem suas próprias casas.
Comunicação Social
Secretaria de Políticas para as Mulheres – SPM
Presidência da República – PR
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