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MEMÓRIA
Brasil reafirma compromisso com políticas de reparação para populações afrodescendentes, em evento da Unesco em Paris
Fernanda Thomaz disse que o programa tem sido referência fundamental para o desenvolvimento de pesquisas e políticas públicas sobre o tema (Foto: Acervo pessoal)
A Coordenação-Geral de Memória e Verdade da Escravidão e do Tráfico Transatlântico de Pessoas Escravizadas (CGMET) representou o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) no 30º aniversário do programa Rotas dos Povos Escravizados, organizado pela Unesco. O evento aconteceu nos dias 9 e 10 de outubro, em Paris, na França, onde está a sede da organização.
Fernanda do Nascimento Thomaz, coordenadora-geral da CGMET, integrou uma das mesas de debates da programação. Na ocasião, a gestora reafirmou o compromisso do Brasil com a preservação da memória da escravidão e com o avanço de políticas de reparação para as populações afrodescendentes. Ela também abordou o impacto do programa Rotas dos Povos Escravizados na conscientização sobre o legado da escravidão no Brasil e no mundo
Desde sua criação em 1994, a iniciativa da Unesco tem desempenhado um papel central na realização do conhecimento sobre a escravidão e suas consequências globais. Durante o evento em Paris, foi lançada a Rede de Lugares de História e Memória da Unesco, um marco importante na preservação e disseminação desse patrimônio.
Segundo Fernanda Thomaz, o programa que completou 30 anos tem sido referência fundamental para o desenvolvimento de pesquisas e políticas públicas sobre o tema, “ao nos lembrar constantemente que a escravidão não foi apenas uma tragédia histórica, mas um processo cujas feridas ainda afetam milhões de pessoas de ascendência africana, inclusive no Brasil", observou a coordenadora.
Ao mencionar no evento os desafios que o Brasil enfrenta para implementar políticas de reparação para os descendentes dos povos escravizados, Fernanda destacou a criação, em 2023, da CGMET como um passo crucial na promoção da memória, reconhecimento e reparação. “A Coordenação que represento é um esforço inédito do Estado brasileiro para enfrentar esses problemas com seriedade e profundidade”, constatou.
Para a gestora, o país ainda vive os impactos de ter sido a última nação a abolir oficialmente a escravidão nas Américas. Os reflexos desse passado, lembrou a coordenadora, são observados com os registros de violência policial contra jovens negros, a marginalização socioeconômica e as desigualdades estruturais no Brasil. “Precisamos de políticas públicas que enfrentem essas desigualdades históricas. A reparação não é apenas sobre o passado, é uma questão de justiça social para o presente e o futuro”, completou Thomaz.
Fernanda enfatizou ainda a importância de eventos como o realizado pela Unesco para mobilizar a sociedade civil e fortalecer o diálogo entre países. "Esta celebração não é apenas uma lembrança do passado, é uma chamada para que todos nós governos, organizações e cidadãos assumamos a responsabilidade de garantir que a justiça reparatória se torne uma realidade tangível", ressaltou.
MDHC e a Rota dos Escravizados
Lançado em 1994, Programa "Rotas dos Povos Escravizados: Resistência, Liberdade e Patrimônio" da Unesco procura construir a produção de conhecimento inovador, no desenvolvimento de redes científicas de alto nível e no apoio a iniciativas de memória sobre a escravidão, sua abolição e a resistência que provocou. O trabalho da Coordenação Geral de Memória e Verdade, junto ao Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, busca pavimentar o caminho para uma sociedade mais justa e inclusiva, onde o reconhecimento das injustiças do passado sirva de base para a construção de um futuro mais igualitário.
Texto: R.G. e M.C.
Edição: B.N.
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