Notícias
INTERNACIONAL
Na África do Sul, Symmy Larrat defende pacto contra o preconceito e em defesa da humanidade
Gestora argumentou que o diálogo não suporta algozes da democracia (Foto: Divulgação/MDHC)
“Para vencer o preconceito, é preciso estabelecer um pacto a favor de uma nova humanidade. Jamais vamos abrir mão das nossas identidades e da defesa da nossa existência, jamais vamos voltar para os armários”, declarou a secretária nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, Symmy Larrat, durante a ILGA World 2024 – Conferência Internacional com Líderes LGBQTIA+. O evento ocorreu entre quarta (13) e quinta-feira (14) na Cidade do Cabo, na África do Sul.
A secretária foi uma das palestrantes do painel “Construindo solidariedade para além das identidades” e lembrou que para avançar e reivindicar direitos a população LGBTQIA+ precisou se reconhecer na luta, ressignificar a dor e ter orgulho de ser quem é. “Foi a trajetória da luta de podermos ser quem somos e amar quem amamos que nos trouxe a unidade necessária para nos tornarmos uma população que reivindica suas demandas se apoiando conjuntamente”, disse.
Em sua fala, Symmy Larrat defendeu a diversidade sexual e afirmou que a luta contra o machismo, o racismo e a LGBTQIAfobia não podem ser minimizados. “Nós somos seres humanos. Necessitamos de saúde, assistência social, educação e de tantos outros serviços públicos como todas as pessoas”, afirmou. “Queremos uma democracia em que caibam todas as existências”, reivindicou.
Ao refletir sobre a atualidade, a gestora alertou sobre extremismos políticos. “Podemos dialogar com diversas pessoas: com a periferia, com as pessoas religiosas e com representantes do capital”, defendeu. “Queremos dialogar com todo mundo, mas dialogar com as pessoas e não com algozes. Não há pacto possível com o fascismo. Jamais”, ponderou.
Políticas públicas
De acordo com a representante do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, a defesa da população LGBTQIA+ passa pela criação de uma Política Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ que deverá estabelecer políticas públicas de alcance nacional que garantam a participação da sociedade civil e de representantes de movimentos sociais.
O desafio, no entanto, é traduzir aos gestores públicos, aos operadores da democracia e a todo sistema internacional que a população LGBTQIA+ possui demandas específicas. “A nossa existência é parte da sociedade” defendeu. “Somos uma população que precisa ter seus direitos garantidos”, afirmou.
Workshop
A agenda incluiu ainda participação no workshop “Visualizando o Futuro dos Direitos Humanos e da Liderança Política Feminista LGBTQI+”. Primeira travesti a chegar ao alto escalão do governo federal brasileiro, Symmy Larrat abordou as ações da Secretaria da qual é titular como a instituição de políticas públicas de acolhimento, trabalho digno e ações voltadas às pessoas LGBTQIA+ que vivem no campo, nas águas e na floresta.
A secretária também abordou o crescente número de pessoas LGBTQIA+ eleitas no Brasil: em 2024 foram 237 lideranças em 186 municípios – 52,5% são negros, pardos e indígenas. Ao todo, foram mais de 1,7 milhão de votos. “A grande maioria delas são mulheres negras”, afirmou em referência às 22 mulheres – 15 delas negras e 5 trans – eleitas em 13 capitais brasileiras. “A nossa população tem se engajado na eleição de pessoas LGBTQIA+ com esses marcadores”, observou.
Na ocasião, Symmy Larrat argumentou que a violência política de gênero deve ser enfrentada por meio da criação de protocolos e regramentos que permitam o acesso de mulheres e pessoas LGBTQIA+ ao espaço de disputa eleitoral de maneira igualitária. “Diferentes esferas da segurança pública e do judiciário precisam se envolver na proteção dessa parcela da população”, defendeu.
Agendas bilaterais
Durante os compromissos internacionais, foram realizados encontros bilaterais com a enviada especial para a Política Externa Feminista do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, a embaixadora Gesa Bräutigam; e o especialista em Desenvolvimento Social com Prática Global de Sustentabilidade Social e Inclusão do Banco Mundial, Dominik Koehler.
Seminário
Nesta sexta-feira (15), Symmy Larrat se desloca a Joanesburgo, onde participa do seminário “Ciclo da Diversidade - Diversidade, Gênero, Combate ao Racismo e todas as formas de discriminação”. O evento é promovido pela Embaixada do Brasil, em Pretória. Na ocasião, a secretária falará sobre os desafios e as oportunidades por meio da inclusão e do empoderamento econômico na África do Sul e no Brasil.
ILGA
Fundado em 1978, a ILGA é uma associação internacional que congrega grupos locais e nacionais dedicados à promoção e defesa da igualdade de direitos das pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans e intersexo ao redor do mundo. Atualmente, a entidade conta com a participação de mais de 400 organizações de 90 países.
Texto: D.V.
Edição: R.D.
Para dúvidas e mais informações:
Atendimento exclusivo à imprensa:
imprensa@mdh.gov.br
Assessoria de Comunicação Social do MDHC
(61) 2027-3538
(61) 9558-9277 - WhatsApp exclusivo para relacionamento com a imprensa