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Autoridades do MDHC participam da pré-estreia do documentário “Servidão” e destacam comprometimento com a luta contra o trabalho escravo
Fotos: Ariel Morais - Ascom/MDHC
O Cine Brasília foi palco, nessa segunda-feira (15), da pré-estreia do documentário “Servidão”, dirigido por Renato Barbieri. O evento contou com a participação de autoridades do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), membros da sociedade civil, jornalistas, historiadores e africanistas, além dos organizadores e responsáveis pela produção audiovisual.
A secretária-executiva do MDHC, Rita Oliveira, o secretário nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Bruno Renato Teixeira, a coordenadora-geral de Combate ao Trabalho Escravo da Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos Andreia Minduca, o coordenador-geral de Educação e Cultura em Direitos Humanos, João Moura, e outros gestores do Ministério, prestigiaram o pré-lançamento.
O documentário, que teve o apoio do MDHC, aborda de maneira diferenciada o tema do trabalho escravo, traz um relato sobre as condições degradantes de trabalho encontradas em algumas regiões do país e se destaca pela sua abordagem intensa e realista. A coordenadora-geral Andreia Minduca ressaltou, antes da exibição ocorrida em Brasília, a importância de se desvelar uma realidade grave e preocupante. “O trabalho escravo ainda é um tema invisibilizado e as pessoas, por muitas vezes, não têm conhecimento que elas estão passando por essa situação”.O diretor do filme, Renato Barbieri, enfatizou a necessidade da resistência do ato de fazer cinema, destacando, também, a relevância de unir esforços entre os meios culturais e os órgãos que lutam contra o trabalho escravo no país. “É uma construção e consciência coletiva. Estamos falando de desperdício de vidas que são jogadas no lixo quando falamos de trabalho escravo. Combate ao trabalho escravo deve ser uma metassíntese do Brasil. Isso só vai acontecer se a sociedade como um todo assumir isso para si. E cabe à nossa geração fazer isso”, disse.
O jornalista Leonardo Sakamoto, que mediou um debate sobre o filme, trouxe à tona a responsabilidade coletiva na erradicação do trabalho escravo. “Todos nós somos responsáveis por isso [erradicação do trabalho escravo]. Comprar é um ato político tão importante quanto votar. Vemos trabalho escravo em cadeias de produção a todo momento. Não adianta ter processo limpo de produção, se há a mancha do trabalho escravo”, ressaltou, destacando que a população deve despertar a consciência quanto à sua forma de consumo.
O documentário
Com narração da artista Negra Li, “Servidão” é um contundente registro sobre uma das maiores mazelas do Brasil. Embora as condições de trabalho análogas à escravidão sejam consideradas crime previsto pelo Código Penal, o regime da servidão é praticado com frequência no Brasil. Para o longa-metragem, foram ouvidos trabalhadores rurais escravizados em frentes de desmatamento na Região Norte e abolicionistas de diferentes vertentes.
“O filme nasce como uma peça de resistência no combate ao trabalho escravo, com conceitos relevantes de como se opera a mecânica escravagista contemporânea no Brasil e de como a resistência abolicionista vem se organizando e ganhando força ao longo das últimas décadas. Estou certo de que, passados 135 anos da Lei Áurea, caberá à nossa geração o combate e a erradicação do trabalho escravo contemporâneo. Somente com a sociedade como um todo, tomando para si o projeto abolicionista, isso um dia será possível. Fato é que não podemos mais adiar isso”, avalia Barbieri.
A produção será lançada oficialmente nos cinemas de todo o país em 25 de janeiro.
Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo
Em 28 de janeiro é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo. A data foi instituída em homenagem aos auditores fiscais do trabalho Eratóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva e ao motorista Aílton Pereira de Oliveira. Eles foram mortos em 28 de janeiro de 2004, quando investigavam denúncias de trabalho escravo em fazendas na cidade mineira de Unaí, no episódio que ficou conhecido como a Chacina de Unaí.
Para tornar viva a memória das vítimas do atentado e rememorar a história de luta contra a exploração humana no ambiente de trabalho, a Lei 12.064/2009 instituiu o dia 28 de janeiro como o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo. Neste dia também é comemorado o Dia do Auditor Fiscal do Trabalho.
Passados 135 anos da abolição da escravatura e quase 20 anos da Chacina de Unaí, a existência de trabalho em condições análogas à escravidão ainda é uma realidade frequente no território brasileiro, que vitimiza, principalmente, pessoas com baixa escolaridade e em situação de extrema pobreza.
Segundo o artigo 149 do Código Penal Brasileiro, reduzir alguém à condição análoga à de escravo significa submeter a pessoa a trabalhos forçados ou à jornada exaustiva, quer sujeitando-a a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto.
Assista ao trailer do documentário aqui
Texto: A.M/A.F.
Edição: P.V.C.
Revisão: C.S.
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