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“Servidão”, documentário sobre trabalho escravo contemporâneo com apoio do MDHC, terá pré-estreia especial em Brasília
Será realizada, na próxima segunda-feira (15), em Brasília (DF), a pré-estreia do documentário “Servidão”. Dirigido por Renato Barbieri, o filme aborda o trabalho escravo contemporâneo, com foco na Amazônia brasileira. A produção teve o apoio do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). A sessão especial de pré-estreia está marcada para as 19h, no Cine Brasília.
Após a exibição do longa documental, será realizada uma roda de conversa com Barbieri e com o jornalista e cientista político Leonardo Sakamoto. A coordenadora-geral de Erradicação do Trabalho Escravo da Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos do MDHC, Andreia Minduca, participará do evento.
Com narração da artista Negra Li, “Servidão” é um contundente registro sobre uma das maiores mazelas do Brasil. Embora as condições de trabalho análogas à escravidão sejam consideradas crime previsto pelo Código Penal, o regime da servidão é praticado com frequência no Brasil. Para o longa-metragem, foram ouvidos trabalhadores rurais escravizados em frentes de desmatamento na Região Norte e abolicionistas de diferentes vertentes.
“Conforme fui conhecendo em campo trabalhadores rurais que haviam sido escravizados, fiz uma seleção de personagens reais para o filme. O exemplo mais emblemático é o maranhense de Pindaré-Mirim Marinaldo Soares Santos, que foi escravizado 13 vezes e liberto em três diferentes ocasiões pelo Grupo Móvel [do Ministério do Trabalho e Emprego]”, conta o diretor do documentário.
“O filme nasce como uma peça de resistência no combate ao trabalho escravo, com conceitos relevantes de como se opera a mecânica escravagista contemporânea no Brasil e de como a resistência abolicionista vem se organizando e ganhando força ao longo das últimas décadas. Estou certo de que, passados 135 anos da Lei Áurea, caberá à nossa geração o combate e a erradicação do trabalho escravo contemporâneo. Somente com a sociedade como um todo, tomando para si o projeto abolicionista, isso um dia será possível. Fato é que não podemos mais adiar isso”, avalia Barbieri.
“Servidão” será lançado oficialmente nos cinemas de todo o país em 25 de janeiro.
Assista ao trailer do documentário aqui
Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo
Em 28 de janeiro é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo. A data foi instituída em homenagem aos auditores fiscais do trabalho Eratóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva e ao motorista Aílton Pereira de Oliveira. Eles foram mortos em 28 de janeiro de 2004, quando investigavam denúncias de trabalho escravo em fazendas na cidade mineira de Unaí, no episódio que ficou conhecido como a Chacina de Unaí.
Para tornar viva a memória das vítimas do atentado e rememorar a história de luta contra a exploração humana no ambiente de trabalho, a Lei 12.064/2009 instituiu o dia 28 de janeiro como o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo. Neste dia também é comemorado o Dia do Auditor Fiscal do Trabalho.
Passados 135 anos da abolição da escravatura e quase 20 anos da Chacina de Unaí, a existência de trabalho em condições análogas à escravidão ainda é uma realidade frequente no território brasileiro, que vitimiza, principalmente, pessoas com baixa escolaridade e em situação de extrema pobreza.
Segundo o artigo 149 do Código Penal Brasileiro, reduzir alguém à condição análoga à de escravo significa submeter a pessoa a trabalhos forçados ou à jornada exaustiva, quer sujeitando-a a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto.
Texto: A.F.
Edição: R.D.
Revisão: C.S.
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