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CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Com participação do MDHC, IV Simpósio Nacional em Socioeducação abre diálogo sobre direitos humanos e racismo no sistema socioeducacional
Evento acontece na Universidade de Brasília, com a presença do MDHC, até a próxima sexta-feira (23) - (Foto: Samuel Figueira)
“Eu vi a educação como um escudo. Lia tudo. Até que a vida me jogou nas mãos um livro sobre Zumbi dos Palmares. E eu li Zumbi como quem tem fome. (…) Nós precisamos valorizar a nossa história e o nosso terreiro. É a revolução do povo preto estudando, se qualificando e ocupando os espaços. O sangue que escorre hoje, ontem e sempre está lavado agora”.
Foi com essa mensagem apresentada no monólogo Farinha com Açúcar, com encenação do ator Gabriel Mattos, que começou nesta quarta-feira (21) o IV Simpósio Nacional em Socioeducação. Nesta edição, o evento tem como tema “Antirracismo, Direitos Humanos e Cenários de Resistência” e acontece na Universidade de Brasília (UnB) com amplos diálogos que unem governos federal, distrital e estaduais com a presença da sociedade civil.
O objetivo do encontro é compartilhar saberes e experiências, discutir estudos, evidências científicas e práticas bem-sucedidas baseadas na socioeducação comprometida com os direitos humanos.
Representando o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), o secretário nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Cláudio Augusto Vieira, participou da abertura do encontro. O gestor destacou a importância de trazer a Universidade e as instituições para discutir os direitos humanos no contexto do sistema socioeducativo como forma de fortalecer a democracia e construir mecanismos e políticas públicas consistentes para o país.
“Esse simpósio se inscreve nesse conjunto de pessoas que há mais de 40 anos luta pela democracia no Brasil. O Estatuto da Criança e do Adolescente e o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) são filhos da democracia. E esse conjunto de pessoas e instituições que ao longo desses anos vem trabalhando pelos direitos das crianças e dos adolescentes vão sendo atualizadas com estudos e envolvimento das pessoas que trabalham diuturnamente pela garantia de direitos das crianças e dos adolescentes dessas mesmas instituições”, afirmou o secretário.
Cláudio Augusto Vieira frisou ainda que esse constante processo de atualização e busca por boas práticas e evidências fortalece toda juventude, buscando oportunidades equitativas. “Nós fazemos parte desse processo de enriquecimento desse país. Não do ponto de vista financeiro ou somente econômico, mas enriquecimento para que todas as pessoas tenham chance de se desenvolver em sua plenitude. Porque nós somos resistentes, nós somos antirracistas e, portanto, trabalhamos pelos direitos humanos”, finalizou.
Ampliação
A coordenadora do Simpósio, Cynthia Bisinoto, agradeceu a participação de todos envolvidos no encontro, inclusive do MDHC, e destacou que a pasta vem discutindo com mais intensidade o fortalecimento das políticas para garantir os direitos dos adolescentes que ingressaram no sistema socioeducativo.
Bisinoto também comentou sobre a compromisso do encontro para aprofundar conhecimentos, além de discutir desafios comuns a profissionais do sistema em todo país. “A cada simpósio, nós vemos diversificar os participantes. Antes, eram só do Distrito Federal, mas agora temos participantes do Brasil inteiro. Isso mostra a certeza, a importância e o significado de um evento dessa natureza e desse porte para fortalecimento e consolidação da política socioeducativa do nosso país. Isso significa que nós temos um compromisso indiscutível e também muitas questões a qualificar, entender e aprofundar”, avaliou Cynthia Bisinoto.
Luta antirracista
Quênia Cristina Lopes Abrahão, do Conselho Regional de Serviço Social 8ª Região do DF, afirmou que a pauta do Simpósio vai de encontro com o que o serviço social vem buscando em todas as esferas públicas para combater o racismo e capacitar as equipes que atuam no socioeducativo. “Nós defendemos que levar o debate étnico-racial e os direitos humanos para formação e atuação do serviço social é urgente. Nossa profissão tem também o compromisso com a luta antirracista”, comentou.
O deputado distrital Fábio Félix (PSOL-DF) frisou que o trabalho científico realizado pela academia e pelas entidades ligadas ao sistema socioeducativo é fundamental para construção de políticas públicas e afirmou que é preciso derrubar o mito da democracia racial. “Não há democracia racial. A miscigenação, o processo multicultural brasileiro não é sinônimo de democracia racial. Nós vivemos em um país racista e só colocando o racismo no debate público e em cima da mesa é que nós vamos ter capacidade de enfrentar esse tema. Ou a gente debate racismo ou a gente não está discutindo política pública para a infância e a adolescência no Brasil”, refletiu o distrital que também é assistente social e já atuou no sistema socioeducativo.
Também presente na mesa de abertura da atividade, o jovem Ederson Oliveira Carvalho, de 18 anos, fez um relato sobre as capacitações que recebeu no sistema socioeducativo e como elas o ajudaram a conseguir um posto de trabalho formal. “Em 2023, eu cumpri medida e eu passei por várias oficinas, aprendi um pouco mais sobre música, culinária, desenho e achei muito bom. Hoje em dia estou trabalhando como jovem aprendiz”, relembrou.
Participação do MDHC
O evento segue até sexta-feira na Faculdade de Educação da UnB. A coordenadora-geral de Políticas Públicas Socioeducativas do MDHC, Mayara Silva de Souza, participa, na quinta-feira (22), às 9h, de mesa redonda sobre o “Plano Nacional de Atendimento Socioeducativo: os caminhos metodológicos para a avaliação e revisão”.
Já o coordenador-geral de Indicadores e Evidências do Ministério, Roberto Pires, participa no mesmo dia, às 14h, de discussão com o tema “Socioeducação em evidências: por uma política pública baseada em dados”, com mediação da coordenadora de Políticas Públicas Socioeducativas, Jamyle Gonzaga.
Confira a programação completa
Texto: J.F.
Edição: R.D.
Revisão: A.O.
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