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IGUALDADE RACIAL
Encerramento da campanha Ódio ou Opinião traz reflexões contra o racismo
No âmbito da campanha, foram realizadas mobilizações contra a violência nas escolas, atos antidemocráticos, xenofobia, homofobia, misoginia e intolerância religiosa, entre outros temas (Foto: MDHC/Divulgação)
Documento final do grupo de trabalho (GT) criado no âmbito do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), o “Relatório de recomendações para o enfrentamento ao discurso de ódio e ao extremismo no Brasil” aponta o racismo como uma das principais manifestações de ódio e extremismo a serem enfrentadas. Com a colaboração do GT, o tema também é o destaque do encerramento da campanha Ódio ou Opinião.
No âmbito da campanha, desde junho deste ano, foram realizadas mobilizações contra a violência nas escolas, atos antidemocráticos, xenofobia, homofobia, misoginia e intolerância religiosa, entre outros temas apontados pelo grupo de trabalho. O GT é composto por representantes do Estado e da sociedade civil.
“O discurso de ódio de natureza racial decorre da existência do racismo estrutural no Brasil, atinge interseccionalmente a população negra e indígena, correlaciona-se com as ações genocidas contra tais grupos e induz à naturalização das mais diversas formas de violência – físicas e simbólicas –, perpetradas por agentes de Estado ou ocorridas no âmbito das relações privadas”, afirma o relatório.
Confira o “Relatório de recomendações para o enfrentamento ao discurso de ódio e ao extremismo no Brasil” na íntegra
ObservaDH
Ainda no que se refere à campanha, a iniciativa chama atenção para o aumento dos casos. Conforme dados do Observatório Nacional dos Direitos Humanos (ObservaDH), promovido pelo MDHC, houve aumento de 6,1 mil denúncias de crimes de racismo na internet em 2017 para mais de 9,2 mil em 2022.
A campanha reforça que é urgente reparar as violações provocadas pela imposição de padrões que privilegiam algumas raças em detrimento de outras, enfatizando que as redes sociais não podem ser espaço para extravasar sentimentos de repulsa e ódio racial impunemente.
“Vai ter que alisar esse cabelo se quiser arrumar um emprego” é uma das frases e atitudes que exemplificam a violência de cunho racial. Entre as práticas criminosas, há também a intolerância religiosa cometida contra as religiões de matriz africana.
Racismo religioso
Adepta do candomblé (nação ketu), Amandha Moreira, de 38 anos, relata ser uma vítima recorrente de racismo religioso, principalmente às sextas-feiras, dias nos quais usa roupas brancas. A cor simbolicamente está associada ao respeito aos Orixás Funfun e, visualmente, comunica a paz. Moradora de Sacomã, em São Paulo (SP), a especialista em Comunicação e educadora antirracista narra que os casos incluem inúmeras viagens rejeitadas em aplicativos de transporte, "sermões no estilo pregação”, acusações de “servir a demônios”, desrespeito e violência psicológica. Ela frequenta o terreiro Ilé Obá Ketu Axé Omi Nlá, localizado em Mairiporã (SP).
Em um dos muitos episódios de racismo religioso, Amandha só queria chegar em casa após um dia exaustivo de trabalho e chamou uma corrida por um aplicativo de transporte. “Entrei no carro, o motorista estava distraído no celular. Quando me viu, ele cancelou a corrida e, sem nenhuma justificativa mais elaborada, apenas me pediu para sair do carro, que não iria me levar mais. Essa foi uma das situações em que fiquei estática, sem ter ferramentas possíveis para fazer algo que expusesse o crime contra mim cometido”, conta a educadora.
Confira o relato na íntegra: Laicidade estatal e o livre exercício religioso: até onde sua opinião não é discurso de ódio?
Denuncie
O Disque 100 (Disque Direitos Humanos) recebe denúncias de violações de direitos humanos por meio de ligação gratuita; pelo WhatsApp (61) 99611-0100; Telegram (digitar "direitoshumanosbrasil" na busca do aplicativo); página da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, no site do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. Em todas as plataformas as denúncias são gratuitas, anônimas e recebem um número de protocolo para que a pessoa denunciante possa acompanhar o andamento da denúncia diretamente com o Disque 100.
Acesse o portal Ódio ou Opinião, do MDHC
Leia também:
MDHC entrega relatório com propostas para enfrentar o discurso de ódio e o extremismo no Brasil
Texto: R.O.
Edição: F.T.
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