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MEMÓRIA E VERDADE
Governo brasileiro encerra participação nas cerimônias alusivas aos 50 anos do golpe de Estado no Chile
No último domingo (10), delegação brasileira visitou o Museu da Memória e dos Direitos Humanos de Santiago, na abertura de exposição do fotógrafo brasileiro Evandro Teixeira sobre a ditadura chilena (Foto: Ruy Conde - Ascom/MDHC)
Representantes do governo brasileiro integraram uma série de agendas em alusão aos 50 anos do golpe de Estado no Chile, com encerramento nesta terça-feira (12). Durante três dias, os ministros dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), Silvio Almeida, e da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Flávio Dino; o embaixador do Brasil em Santiago, Paulo Roberto Pacheco; e outras autoridades brasileiras estiveram nas cerimônias oficiais. Entre os destaques das agendas, a inauguração de placas em homenagens aos brasileiros exilados no Chile antes do golpe e aos mortos e outras vítimas brasileiras de violações de direitos humanos.
Último compromisso oficial no âmbito das cerimônias alusivas aos 50 anos do golpe, a inauguração das placas ocorreu na Praça Brasil, em Santiago, e posteriormente será realizada na Embaixada do Brasil no Chile, pois o prédio está em reforma. Embaixador brasileiro no país vizinho, Paulo Roberto Pacheco ressaltou que a inauguração é uma iniciativa do coletivo “Viva Chile!” e um esforço que mobilizou diversas áreas do governo brasileiro, como a Presidência da República, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC).
No evento, o embaixador contou que ouviu relatos emocionantes de compatriotas brasileiros nos últimos dias. Na ocasião, Paulo Roberto Pacheco também enfatizou que, durante o golpe de Estado, a Embaixada do Brasil no Chile não acolheu os brasileiros que buscaram refúgio. “Perseguidos em seu país e enfrentando grandes riscos, meus compatriotas brasileiros não puderam encontrar na Embaixada do Brasil um lugar seguro para eles e suas famílias, nem um aliado em um dos deveres mais fundamentais de uma representação diplomática: o de assegurar a proteção de seus nacionais no exterior", lamentou.
“Ao mesmo tempo que nos indignam, os testemunhos que acompanhei também dão conta da forte solidariedade que une o povo brasileiro e chileno há quase dois séculos, uma solidariedade que persiste mesmo quando nossos governos estavam na estrada divergente. Faço um especial voto a todos vocês que nos visitaram nesses últimos dias para recordar o que aqui viveram em seu período no exílio: que vocês possam desta vez partir do Chile com a certeza de que a Embaixada do Brasil em Santiago estará sempre de portas abertas e é, agora e no futuro, a casa de todos vocês", completou.
Direitos humanos
Também participante da solenidade de inauguração das placas, o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), Silvio Almeida, ressaltou a importância da manifestação. “A luta que nós travamos hoje pela reconstrução da memória, por fazer justiça, por descerrar a verdade e pela não repetição do que houve no passado. Este é o momento de invocação, de divulgação da memória. Este um grito que é dado também para aqueles que se foram”, enfatizou.
Em defesa da democracia, o ministro afirmou que "todo governo só faz sentido se tiver conexão com o povo". A declaração é dada em aceno a regimes políticos que se impuseram à revelia da vontade popular por meio de golpes políticos dados contra a América Latina nas últimas décadas.
Ainda durante a fala, Silvio Almeida lembrou que a história da América Latina é marcada pela ausência do luto. “Para que nós possamos ter luto, nós precisamos fazer luta. Nós estamos aqui lutando pelo luto. E por que é importante lembrarmo-nos dos mortos? Porque quem não respeita a morte não respeita a vida, quem não valoriza os mortos não pode valorizar aqueles que estão vivos”, apontou.
Na ocasião, Silvio Almeida também destacou o compromisso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela democracia e soberania de toda a América Latina. “O governo brasileiro tem compromisso inadiável e inabalável com as políticas de memória, justiça, verdade e não repetição”, frisou.
(O ministro Flávio Dino, o fotógrafo Evandro Teixeira, o ministro Silvio Almeida e o embaixador Paulo Roberto Pacheco)
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Texto : R.O.
Edição : R.D.
Revisão : A.O.
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