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MEMÓRIA E VERDADE
Projeto sobre memória de africanos escravizados no Brasil é apresentado no 3º Fórum Global da Unesco contra o Racismo e a Discriminação
O Fórum realizado em São Paulo (SP) contou com a participação da secretária-executiva do MDHC, Rita Oliveira, e da coordenadora-geral de Memória e Verdade da Escravidão e do Tráfico Transatlântico de Pessoas Escravizadas, Fernanda Thomaz
O projeto "Sinalização e Reconhecimento de Lugares de Memória dos Africanos Escravizados no Brasil” esteve entre os destaques do 3º Fórum Global da Unesco contra o Racismo e a Discriminação, nesta quarta-feira (29), em São Paulo (SP). A iniciativa do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) vai fixar placas em 100 lugares de memória dos africanos escravizados no Brasil com comprovação histórica, conforme detalhado por meio de apresentação digital no evento da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Presente na mesa de abertura do 3º Fórum Global da Unesco contra o Racismo e a Discriminação, a secretária-executiva do MDHC, Rita Oliveira, ressaltou a importância de dar visibilidade aos principais lugares de memória do tráfico de escravizados e à história dos africanos forçados a virem ao Brasil, com destaque para as ações de memória, verdade, justiça e reparação promovidas pelo ministério. Na ocasião, a gestora também chamou atenção para a possibilidade de diálogo e troca de experiências entre os países no âmbito do enfrentamento ao racismo e promoção da igualdade racial.
"Nós consideramos importante esse espaço de discussão sobre os impactos do racismo na nossa sociedade como um todo. Apesar do Brasil ter um processo de racialização distinto em relação a outros países, é fundamental esses momentos de escuta e de diálogo entre o Brasil e outras experiências de países também atravessados pelo processo do tráfico transatlântico e da escravização de pessoas africanas e afrodescendentes. Mesmo nas diferenças nós temos problemáticas comuns cujas soluções podem ser encontradas conjuntamente", afirmou.
Também presente no evento, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, enfatizou que "o 3º Fórum Global da Unesco contra o Racismo e a Discriminação nos provoca a pensar nas questões raciais como elementos centrais da organização de estratégias que buscam desenvolvimento socioeconômico". "Enfrentar o racismo é combater as raízes das desigualdades e da exclusão social. Um Brasil que promove a igualdade racial é um país mais desenvolvido economicamente, mais justo e democrático para todas as pessoas. Que bom que nós temos conseguido avançar nessas discussões", completou.
Resistências históricas
Coordenadora-geral de Memória e Verdade da Escravidão e do Tráfico Transatlântico de Pessoas Escravizadas do MDHC e responsável pelo projeto "Sinalização e Reconhecimento de Lugares de Memória dos Africanos Escravizados no Brasil", Fernanda Thomaz afirma que "a memória é necessária para a luta antirracista, para pensarmos o que foi o passado e os impactos dele; as violências do passado; e a memória e história da cultura, das resistências e das lutas de diferentes agentes do passado e esse processo até hoje.""E também pensar o quanto nossa história foi apagada, descortinar isso; essa importância de pensar memória como um caminho para pensar uma história contada a partir daqueles que tiveram sua história apagada, negligenciada. Fazer uma exposição como essa é mostrar como é importante a gente pensar memória. Como diz o ministro Silvio Almeida, sem memória não há justiça, não há democracia. É importante para que as pessoas inclusive entendam não só o processo histórico, mas o impacto dele na nossa sociedade e o quanto a memória é importante para construirmos também um futuro diferente", acrescenta.
Projeto
Nessa quinta-feira (30), o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) fará o lançamento oficial do projeto, no Rio de Janeiro. Desenvolvido pelo MDHC em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e os Ministérios da Igualdade Racial (MIR), da Cultura (MinC) e da Educação (MEC), o projeto de afixação de placas nos locais de memória dos africanos escravizados no Brasil tem como objetivo dar visibilidade à história da matriz africana no país.
Dividido em duas etapas, a primeira visa à elaboração e fixação de placas alusivas ao reconhecimento pelo Programa Rotas do Escravizado da Unesco de cem lugares de memória dos africanos escravizados no Brasil, situados em 16 diferentes unidades da Federação.
Já a segunda etapa será voltada para ampliar a política de memória da escravidão nas regiões onde serão sinalizadas a partir deste projeto. O foco será a disseminação do projeto por meio de plataformas digitais e a educação e cultura em direitos humanos, por meio da elaboração de material pedagógico e de apoio para professoras e professores sobre o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.
O projeto conta ainda com o apoio da Rede de Pesquisa Passados Presentes (LABHOI/UFF – Laboratório de História Oral e Imagem da Universidade Federal Fluminense e NUMEM-UNIRIO – Núcleo de Memória e Documentação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro); e da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
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Texto: R.O.
Edição: R.D.
Revisão: A.O.
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