Notícias
INTERNACIONAL
Na Argentina, secretária Symmy Larrat traça panorama de combate a movimentos antigênero
Os desafios do governo brasileiro frente às ofensivas à pauta de gênero ao longo dos últimos anos, bem como o fortalecimento de políticas públicas afirmativas, foram colocados pela secretária nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), Symmy Larrat, durante sua participação na mesa “Discursos e movimentos antigênero na América Latina". A gestora representou o Brasil no Espaço Memoria e Direitos Humanos da ex-Escola de Mecânica Armada (Esma), na capital argentina.
“A política antigênero é um guarda-chuva que se alimenta do medo. Essa estratégia ganha força na América Latina, onde o foco central é a transgeneridade. Não podemos cair no erro de olhar isso de uma maneira isolada”, disse a secretária ao defender uma reação ao sistema de opressão. “A gente precisa reagir a esse pânico de que a pessoas trans vão acabar com a família, transformar crianças. Esse pânico faz com que pessoas comecem a perseguir pessoas”, alertou.
Outro ponto abordado foi o alto índice de assassinatos de pessoas trans no Brasil. “Fazemos um levantamento muito sério sobre os casos de assassinatos. Somos um dos países que, infelizmente, mais registra esse tipo de caso. E essa narrativa de que somos uma ameaça é culpada por tudo o que acontece conosco”, acrescentou a gestora.
A fala é uma referência ao levantamento realizado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA). O estudo revela que 131 pessoas trans foram assassinadas no Brasil em 2022. Outras 20 tiraram a própria vida diante da discriminação e do preconceito presente na sociedade brasileira. O documento foi entregue ao MDHC no dia 26 de fevereiro deste ano.
Desafios frente ao preconceito
De acordo com Symmy Larrat, as pessoas LGBTQIA+ são usadas como ameaça para manter um projeto de poder entre pessoas ricas, brancas, cisgênero e heterossexuais. Ela aponta caminhos para a mudança de padrão. “Para vencer precisamos entender como opera esse sistema, escutar a sociedade, os direitos humanos e os partidos políticos. Explicar para a sociedade que não somos uma ameaça, e lutarmos por acesso a que toda pessoa tem direito”, reivindicou.
Para Larrat, tais desafios também são do próprio governo brasileiro no sentido de ir além da visibilidade no sentido de cota, mas de existência. “Saúdo o governo Lula porque abriu espaços. Precisamos de ousadia e do comprometimento. Temos que ter política para todos. Eu não quero mais ser a primeira (travesti a assumir cargo no segundo escalão do governo federal), quero ser a milionésima”, prenunciou.
Também participaram do debate a representante especial sobre Orientação Sexual e Identidade de Gênero da Chancelaria Argentina, Alba Rueda; a representante nacional do Chile, Emília Schneider; e a representante do Colégio Popular Mocha Celis, Virgínia Silveira.
A secretária Symmy Larrat é uma das integrantes da comitiva brasileira no Fórum junto ao ministro Silvio Almeida, que participa nesta quarta-feira (22), às 17h, da mesa “A Luta dos Povos pela dignidade nos novos contextos democráticos”, no Espaço da Memória.
Texto : R.L.
Edição : R.D/P.V
Para dúvidas e mais informações:
Atendimento exclusivo à imprensa:
Assessoria de Comunicação Social do MDHC
(61) 2027-3538
(61) 9558-9277 - WhatsApp exclusivo para relacionamento com a imprensa