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MEMÓRIA E VERDADE
“Políticas de memória são pilares de toda e qualquer política de direitos humanos”, ressalta Silvio Almeida ao visitar o Memorial da Resistência de SP
Exposição "Mulheres em Luta! Arquivos de Memória Política" apresenta um olhar a partir da perspectiva de gênero para a Ditadura Civil-Militar (Fotos: Gabriela Catunda - Ascom/MDHC)
A preservação da memória para a construção de um futuro que repare as mazelas exercidas pelo Estado brasileiro a partir do golpe militar de 1964 foi a tônica das agendas do ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, nesta sexta-feira (1º), em São Paulo (SP). O gestor visitou o Memorial da Resistência de São Paulo, oportunidade na qual participou do evento “Mulheres em Luta por Memória, Verdade e Justiça”, promovido pela instituição em parceria com a Fundação Friedrich Ebert (FES) Brasil.
“As políticas de memória são fundamentais e importantíssimas, são pilares de toda e qualquer política de direitos humanos. A memória não é apenas recordar, não é apenas estabelecer a reconstituição de fatos do passado. Para nós, falar de memória é falar da dimensão da própria existência. O que constitui o que chamamos de humanidade é justamente a capacidade de preservação de uma memória”, apontou o ministro ao abrir a programação.
Além de Almeida, a mesa de abertura contou com a presença da ex-ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres do governo da presidenta Dilma Rousseff, Eleonora Menicucci, que foi presa e torturada por três anos durante a ditadura militar.
“Estou aqui representando as ex-presas políticas da ditadura civil-militar. Eu fiquei três anos presa, fiquei 72 dias aqui, onde está o memorial, depois mais 80 no DOI-Codi e o restante dos três anos em vários presídios entre São Paulo e Minas Gerais”, relatou a ex-ministra.
No local, onde atualmente está o Memorial da Resistência de São Paulo, funcionou, entre os anos de 1940 e 1983 o chamado Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo, órgão repressivo durante a ditadura. As paredes do espaço têm marcados os nomes de pessoas presas e torturadas à época, entre elas, o de Nilmário Miranda, atual assessor especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC).
Também estiveram na mesa de abertura a militante e integrante do Clube de Mães da Zona Sul, Ana Dias; a ativista independente pelos direitos das pessoas negras LGBTQIAP+, Neon Cunha; e a Integrante do Movimento de Familiares das Vítimas do Massacre em Paraisópolis e pesquisadora da Unifesp, Maria Cristina Quirino.
‘Mulheres em Luta! Arquivos de Memória Política’
Após o evento, o ministro acompanhou a exposição temporária ‘Mulheres em Luta! Arquivos de Memória Política’, com curadoria de Ana Pato. A mostra apresenta um olhar a partir da perspectiva de gênero para a Ditadura Civil-Militar (1964-1985) e revela como as marcas profundas deste período se entrelaçam com o presente.
A exposição ressalta as lutas coletivas de mulheres, a partir de dois eixos: a Luta por Memória, Verdade e Justiça e a Luta por Direitos. Entre os destaques, está a série ‘Conhecendo o Corpo Feminino (1984)’, de Nair Benedicto.
Na mostra, também está sendo exibido pela primeira vez no Brasil o filme Inês (1974), da atriz e cineasta feminista Delphine Seyrig, um importante documento histórico que denuncia a misoginia praticada pelos agentes do Estado durante a ditadura. Poemas escritos por Beatriz Nascimento, nos anos 1980, sobre resistência, violência, racismo e impunidade, também fazem parte da exposição.
Visita ao DOI-Codi
No período da tarde, o ministro se reuniu com pesquisadores, historiadores e integrantes do projeto de pesquisa de arqueologia que vem sendo desenvolvido sobre o Departamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), em São Paulo, além de familiares de pessoas mortas e desaparecidas políticas e ex-presos políticos para troca de informações sobre a política de memória no Brasil.Durante a agenda, o ministro caminhou pelo antigo centro de repressão em estrutura que é conhecida por ser o principal ponto de tortura durante a ditadura militar no Brasil. Na ocasião, ele participou de uma roda de conversa com integrantes do projeto de pesquisa interdisciplinar que vem sendo desenvolvido no espaço, cujo objetivo é a implementação de um memorial para preservar a história das vítimas da repressão.
Silvio Almeida esteve acompanhado pelo deputado federal Ivan Valente (Psol -SP), ex-preso, perseguido e torturado pela ditadura. Neste ano, às vésperas dos 59 anos do golpe, Valente recebeu o pedido formal de desculpas por parte do Estado brasileiro e foi anistiado durante a primeira sessão da Comissão da Anistia de 2023.
Pelo MDHC, acompanhou o ministro a coordenadora de Apoio a Políticas de Memória e Verdade da Assessoria Especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade, Paula Franco.
Texto: T.P.
Edição: R.D.
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