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CAPACITAÇÃO
Agentes penitenciários e profissionais de comunidades terapêuticas serão capacitados para acolher mulheres
Cerca de 400 profissionais que atuam em instituições carcerárias e comunidades terapêuticas participaram da abertura do curso “Amparo – Aprendendo sobre a dependência química em mulheres acolhidas e reclusas: oportunidades de cuidado e atenção”, nesta terça-feira (22). A capacitação é promovida pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), em parceria com o Ministério da Cidadania (MC) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e já conta com aproximadamente 1,8 mil inscritos.
Participante do evento, a secretária adjunta de Políticas para as Mulheres do MMFDH, Viviane Dutra, ressaltou que a capacitação integra o Projeto Recanto, no âmbito do Programa Mães do Brasil. O programa foi instituído por meio de decreto assinado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, no Dia Internacional da Mulher. Saiba mais.
“O curso Amparo nasceu da necessidade de nós trabalharmos a humanização e o tratamento das mulheres dependentes químicas no contexto de privação de liberdade e acolhimento, tornando os profissionais que atuam com essas mulheres aptos para lidar com as especificidades de cada uma”, afirmou a secretária.
De acordo com a gestora, além da capacitação dos profissionais, o projeto também tem o intuito de promover políticas de geração de renda e reinserção da mulher dependente química e familiares no mercado de trabalho, por meio da qualificação profissional. “Serão oferecidas capacitações dentro dos presídios, como corte e costura, bijuteria, manicure, cabeleireira, artesanato, informática e depilação. Também estão previstas palestras para incentivar a autoestima dessas mulheres”, completou.
Secretária substituta de Cuidados e Prevenção às Drogas do Ministério da Cidadania, Cláudia Gonçalves Leite destacou que “o uso de álcool e outras drogas é uma das questões mais complexas e cruciais do nosso tempo”. Para ela, este é um problema de saúde pública que precisa ser discutido por toda a sociedade, para ser melhor compreendido e deixar de ter um sobrepeso sobre as pessoas que sofrem as consequências da dependência química.
“Em relação às mulheres, esse sobrepeso é muito maior, uma vez que existem diversos fatores que dificultam ainda mais a recuperação, como o abandono da família, perda da guarda dos filhos, violência doméstica, baixa autoestima e sentimento de culpa, a falta de tratamento específico para o sexo feminino e tantos outros fatores que contribuem para um contexto de vulnerabilidade”, enfatizou.
Ressocialização
Participante da solenidade de abertura do curso, a coordenadora substituta de Atenção às Mulheres e Grupos Específicos do Departamento Penitenciário Nacional (Depen/MJSP), Manuela da Silva Amorim, lembrou que a prisão tem duas funções em uma – punir e ressocializar.
“Lidamos diariamente com esses estigmas, a prisão é um local estigmatizado e, consequentemente, aquelas pessoas chegaram ali por questões específicas, por uma história de vida específica. Quando falamos do sexo feminino, temos que lembrar como a nossa sociedade trata as mulheres e as variáveis que levaram a mulher aquele lugar. Então punir e ressocializar são duas coisas contraditórias que tornam o nosso trabalho no dia a dia desafiador”, observou.
Para a professora conteudista do curso, Clarice Sandi Madruga, é admirável o comprometimento das instâncias governamentais para essas causas que são tão relevantes socialmente. “Eu fiquei muito feliz quando eu vi todas as participantes aqui na aula inaugural. Praticamente são mulheres e eu posso dizer que o curso, em termos de conteúdo, também foi feito para e por mulheres. A nossa equipe é predominantemente feminina”, celebrou.
História de vida
Atendida pela Missão Vida em Abundância de Brasília (DF), Rosângela Batista de Carvalho Castro contou que viu sua vida mudar há 10 anos, quando foi acolhida pela instituição. Ela enfatizou que foram 38 anos vivendo sob a dependência química.
“Tem muitas pessoas que estão vivendo essa tragédia que eu também vivi. Eu estou aqui agora para trazer um pouco dessa contribuição e dizer que há esperança. Fui funcionária pública durante alguns anos e apesar das questões financeiras resolvidas, eu tive um histórico de dependência química que me deixou no fundo do poço. Não havia esperança para mim, eu não via um caminho a seguir”, disse.
O evento também contou com a participação da presidente da Missão Vida em Abundância de Brasília (DF), Marlene Santana Silva, que auxilia pessoas a superarem a dependência química.
Curso
Com carga horária total de 28h, o curso será realizado no período de 22 de março a 12 de maio de 2022. Ao final, os participantes que completarem todas as avaliações obrigatórias e obtiverem o desempenho exigido receberão certificado de extensão universitária, emitido pela UFSC, com validade em todo o território nacional. O documento será eletrônico e com autenticidade digital.
Entre os temas, serão abordados o consumo de substâncias psicoativas e dependência química no Brasil e no mundo; a diferença entre sexo no uso, abuso e dependência de substância; e o impacto da dependência química na vida da mulher.
Completam as temáticas a vulnerabilidade social e dependência química; o tratamento e recuperação; o contexto do encarceramento feminino; e recomendações para prevenção e cuidado da Covid-19 no sistema prisional brasileiro e nas comunidades terapêuticas.
Mães do Brasil
O Projeto Recanto faz parte da Linha de Ação V do Projeto Mães do Brasil, que fomenta o desenvolvimento de ações em atenção aos desafios específicos da mãe adotiva, da mãe ou filho com deficiência, doenças raras ou crônicas, da mãe de criança prematura e mães em situação de vulnerabilidade, risco e distintas realidades socioculturais.
A proposta é humanizar a execução da pena da mulher privada de liberdade e o acolhimento à dependente química. A iniciativa vai beneficiar cerca de 37 mil mulheres do sistema prisional e cerca de 1 mil mulheres nas comunidades terapêuticas.
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