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MAPEAMENTO
Brasil tem apenas 110 delegacias especializadas em crimes contra crianças e adolescentes
“Não vamos enfrentar a violência contra as crianças sem investimento em segurança pública, sem valorizar os policiais, sem equipamentos e sem tecnologia”, diz a ministra Damares Alves
O Brasil conta com apenas 110 delegacias especializadas em crimes contra esse público. Os dados estão em levantamento realizado pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) e foram divulgados em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (21) em Cianorte (PR).
Coordenada pela Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (SNDCA), que integra a estrutura do MMFDH, a pesquisa tem dados de 25 unidades da Federação e do Distrito Federal. Apenas o Ceará não encaminhou informações para a Pasta.
Para a ministra Damares Alves, titular do MMFDH, o número mostra a necessidade de colocar a segurança pública no tratamento específico de crimes contra crianças e adolescentes. “Vamos ter que começar a mexer nas estruturas do Brasil. Não vamos enfrentar a violência contra as crianças sem investimento em segurança pública, sem valorizar os policiais, sem equipamentos e sem tecnologia. Aqui presto a minhas homenagens à polícia”, afirmou durante a coletiva.
A região Sul é que apresenta mais unidades especializadas para crianças. São 54 ao todo, sendo 31 em Santa Catarina, 16 no Rio Grande do Sul e 7 no Paraná. No Nordeste são 20 delegacias, sendo duas em Alagoas, uma na Bahia, uma no Maranhão, duas na Paraíba, quatro em Pernambuco, uma no Piauí, uma no Rio Grande do Norte e oito em Sergipe.
Já no Sudeste são 11 delegacias, sendo 8 em São Paulo e 1 em cada um dos outros três estados (Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo). No Norte, estão 13 delegacias: são quatro em Tocantins, quatro no Pará, uma no Acre, uma no Amazonas, uma no Amapá, uma em Roraima e uma em Rondônia.
Na região Centro-Oeste são 12 unidades, sendo oito em Goiás, duas em Mato Grosso, uma em Mato Grosso do Sul e uma no Distrito Federal.
O secretário nacional dos direitos da criança e do adolescente, Maurício Cunha, afirmou que o levantamento evidencia que é preciso avançar na segurança pública como proteção de crianças e adolescentes no país. “Precisamos valorizar a segurança pública como ator efetivo na proteção de direitos em todo país. Essas delegacias são essenciais para que menos crianças sejam agredidas e haja efetividade de investigação e punição de casos”, destaca.
Em 2020, o Disque 100 recebeu mais de 95,2 mil denúncias de violência contra crianças e adolescentes. As violações mais recorrentes são contra a integridade de crianças e adolescentes, como violência física (maus-tratos, agressão e insubsistência material) e violência psicológica (insubsistência afetiva, ameaça, assédio moral e alienação parental). Cerca de 56 mil denúncias possuem pais e mães como suspeitos da violação, 59% do total.
Sistema de Justiça
Além do sistema de segurança pública voltado para crianças e adolescentes, o levantamento da SNDCA ainda fez o mapeamento das varas especializadas em crimes contra crianças e adolescentes. São 59 varas especializadas para esse público em todo o país. A maioria das unidades está em São Paulo: 27 varas especializadas. Nove estados não possuem esse auxílio jurídico: Acre, Amapá, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e Tocantins.
O mapeamento
Para levantar os dados, foram enviados ofícios às Secretarias de Segurança Pública ou secretarias responsáveis pelo tema, além de Tribunais de Justiça, nas 27 Unidades da Federação. As informações poderão ser encontradas em uma plataforma interativa criada pela SNDCA e que estará no ar em 18 de maio.
A SNDCA solicitou que fosse preenchida uma tabela com a identificação de cada delegacia ou vara, endereço, horário de funcionamento e composição da equipe, além da indicação sobre as principais dificuldades ou necessidades das instituições. Os ofícios foram enviados no dia 15 de outubro de 2020 para que fossem respondidos até 28 de outubro de 2020.
Coletiva
A coletiva para apresentação dos dados aconteceu no município de Cianorte em agenda da ministra Damares Alves sobre o caso do menino Cristofer Matos, de 3 anos, que morreu após sofrer violência física. O padrasto da criança foi indiciado por homicídio qualificado como suspeito do crime. Ele está preso.
Emocionada ao falar da morte da criança, a ministra destacou que o caso de Cianorte pode marcar o início de um grande pacto pela defesa e proteção de crianças e adolescentes no Brasil. “Trinta e duas crianças e adolescente são assassinadas por dia no Brasil. Foi esse Brasil que herdamos. Estou aqui por causa de uma delas”, afirmou.
A ministra agradeceu ao prefeito de Cianorte, Marco Franzato, e ao trabalho realizado pela equipe da delegacia da Mulher de Cianorte, representada na coletiva pelo delegado responsável, Wagner Quintão, para onde o caso foi enviado.
Na presença dos deputados federais Filipe Barros Ribeiro (PSL/PR) e Aline Sleutjes (PSL/PR), a ministra ainda afirmou a necessidade de se pensar em uma legislação que efetivamente proteja crianças e adolescentes. “Criança é prioridade absoluta”, disse.
Disque 100 e Ligue 180
As denúncias realizadas por meio do Disque 100 e do Ligue 180 são gratuitas, podem ser anônimas e recebem um número de protocolo para que o denunciante possa acompanhar o andamento. Qualquer pessoa pode acionar o serviço, que funciona diariamente, 24h, incluindo sábados, domingos e feriados.
O serviço cadastra e encaminha os casos aos órgãos competentes. Além de denúncias, a plataforma recebe reclamações, sugestões e elogios sobre o funcionamento dos serviços de atendimento.
Entre os grupos atendidos pelo Disque 100, estão crianças e adolescentes, pessoas idosas, pessoas com deficiência, pessoas em restrição de liberdade, população LGBT e população em situação de rua.
O serviço também está disponível para denúncias de casos que envolvam discriminação étnica ou racial e violência contra ciganos, quilombolas, indígenas e outras comunidades tradicionais. Já as denúncias de violência contra a mulher são registradas pelo Ligue 180.
Para dúvidas e mais informações:
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