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No 8º Webinar do Integra Brasil, participantes debatem igualdade de oportunidades por meio do esporte
Foto: Divulgação/Ministério da Cidadania
Com o tema “Futebol, um grito de igualdade”, o 8º Webinar do projeto Integra Brasil abordou questões étnico-raciais e a importância do esporte para a construção da igualdade de oportunidades para todos. A oitava edição do evento, promovido em parceria pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) e o Ministério da Cidadania (MC), ocorreu em formato virtual, nesta quinta-feira (26).
“É possível que algumas pessoas digam que preconceito não existe, que todo mundo é tratado de maneira igual. Então, eu desafio essas pessoas a me darem outro nome para essa dor. Para quem não sabe, sou mãe de uma menina indígena. Havia pessoas que não entravam no elevador com a minha filha porque diziam que ela tinha doença. Lembro de uma vez que ela me perguntou se tinha cérebro porque na escola disseram que índio não tinha. Que nome tem a nossa dor?”, questionou a titular do MMFDH, ministra Damares Alves.
“A única coisa que eu sei é que isso dói demais e a única coisa que eu quero é que mais nenhuma criança ou adulto sinta essa dor. Podem dar o nome que quiserem, mas a gente tem que repudiar. Parabéns ao Integra Brasil por trazer à tona um tema tão delicado. O jogo continua e vamos fazer gol”, reforçou a ministra.
Para o secretário nacional substituto da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SNPIR/MMFDH), Esequiel Roque, é preciso falar sobre esse tema. “Há uma miscigenação muito grande em nosso país e temos que discutir a igualdade de oportunidades para todos os brasileiros. Nossa secretaria tem como responsabilidade a articulação das políticas voltadas à população negra e aos povos e comunidades tradicionais que formam nossa nação, muitos deles ainda invisibilizados”, ressaltou.
O secretário adjunto da Secretaria Especial do Esporte, André Alves, elogiou a iniciativa. “Esse tema é extremamente importante, assim como o projeto Integra Brasil como um todo, que tem sido construído nessa parceria com o MMFDH”, disse.
O titular da Secretaria Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor (SNFDT), Ronaldo Lima, também destacou a importância do debate. “À medida que eliminarmos a ignorância, essa dor da discriminação vai diminuir cada dia mais”, afirmou. “Assim como a grande maioria, eu não tinha noção da imensidão de culturas existentes no Brasil. Como podemos melhorar o acesso dessas culturas ao esporte? É algo que precisamos discutir!”, provocou Lima.
Flamengo
Convidado especial do projeto, o vice-presidente do futebol de base e futsal do Flamengo, Vitor Zanelli, acredita que a responsabilidade social dos clubes de futebol é algo muito grande. “Estamos formando não apenas jogadores, mas homens para a sociedade. É um trabalho árduo, que temos que fazer com todos eles. Esperamos, no mínimo, poder contribuir com a formação dos indivíduos. Temos inúmeros resultados positivos nesse nosso cenário de formação”, relatou.
Santa Cruz
Outro convidado foi o presidente do clube Santa Cruz, de Pernambuco, Constantino Júnior. Segundo ele, o clube nasceu com a função de promover a inclusão social. “O Santa Cruz foi fundado no pátio de uma igreja de Recife, a igreja Santa Cruz, e tinha jogadores negros, o que já quebrava os paradigmas da época. A maior ferramenta de transformação social é o futebol”, declarou.
“O futebol une, integra, e estamos aqui para isso. Na hora do gol, você quer comemorar, não importa quem está do seu lado, não importa a cor da pele ou se a pessoa tem alguma deficiência”, acrescentou a coordenadora do departamento social do clube, Danielle Andrade.
Quilombos
Uma das linhas de trabalho do Integra Brasil é a realização de eventos temáticos em locais de vulnerabilidade social. Pouco antes da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), o projeto organizava uma ação no quilombo Kalunga, localizado na região de Cavalcante (GO). A realização do evento não foi possível, mas isso não impediu o desenvolvimento de outras ações importantes no local.
O titular da SNPIR citou algumas dessas iniciativas. “Na comunidade Kalunga, já fizemos distribuição de máscaras de proteção individual, entregamos três mil cestas de alimentos em parceria com a Fundação Cultural Palmares, fiscalizamos também as queimadas que ocorreram este ano, fizemos várias articulações para ajudar a comunidade nessa luta e queremos fazer mais, para que situações como essa não voltem a ocorrer”, contou.
O secretário falou ainda sobre as certificações e titulações de territórios quilombolas. “Não só igualdade formal, mas igualdade material é o que desejamos para toda a comunidade brasileira. Hoje, temos no Brasil quase 3,5 mil comunidades quilombolas certificadas pela Fundação Palmares. Dessas, mais de 300 já foram tituladas e estão com seus territórios regularizados”, informou na ocasião.
O projeto
Lançado em 2019 pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), pelo Ministério da Cidadania e pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) – em parceria com clubes de futebol, universidades e governos municipais e estaduais –, o Integra Brasil promove ações de inserção em campo e eventos temáticos em regiões de vulnerabilidade social para o enfrentamento de graves violações de direitos humanos.
O projeto também amplia o acesso e o alcance da prática esportiva no país e contribui para a prevenção do uso de álcool e outras drogas nos diversos espaços e ambientes esportivos. Além da paz no futebol, trata de temas como discriminação, inclusão de pessoas com deficiência, direitos da criança e do adolescente, esporte como instrumento de inclusão social, combate à discriminação da mulher, entre outros.
Os seminários promovidos pelo projeto têm o objetivo de sensibilizar quanto às violações de direitos humanos, à defesa dos direitos do torcedor, à educação em antidopagem e aos valores do espírito esportivo. Também buscam a prevenção ao uso de álcool e outras drogas nos diversos espaços e ambientes esportivos.
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