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Jovens relatam vontade de abandonar a escola e queda da renda familiar na pandemia, revela pesquisa
Foto: Banco de Imagens/Internet.
Pesquisa feita com mais de 33 mil entrevistados, em todo o país, mostra o impacto do novo coronavírus (Covid-19) na vida dos jovens. Com base nos dados coletados, o levantamento revela a percepção dos participantes do estudo quanto aos reflexos da pandemia na rotina e os sentimentos compartilhados por eles após a disseminação da doença.
Promovida pelo Conselho Nacional da Juventude (Conjuve), em parceria com Em Movimento, Fundação Roberto Marinho, Mapa Educação, Porvir, Rede Conhecimento Social, Unesco e Visão Mundial, a pesquisa “Juventudes e a pandemia do Coronavírus” levou em conta quatro temas: economia; saúde e bem-estar; educação; e perspectivas para o futuro.
As perguntas foram feitas para jovens, com idade entre 15 e 29 anos. A maior parte deles estuda no ensino médio ou já está na universidade. Ao serem questionados sobre o ensino remoto, os estudantes relataram ser um desafio. Oito em cada dez disseram ter passado a realizar algum tipo de atividade de ensino em casa. Nesse caso, o que mais atrapalha, segundo o levantamento, não é a infraestrutura tecnológica - para acessar conteúdos e aulas - nem a falta de tempo, mas sim o próprio equilíbrio emocional e a capacidade de organização para manter os estudos.
A pesquisa foi além e descobriu que quase 30% dos jovens que participaram do estudo pensam em não voltar para a escola, mesmo quando a pandemia passar. Além disso, entre os que estão se preparando e planejam fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), 49% já pensaram em desistir de fazer as provas.
“Observamos que precisamos cada vez mais investir na saúde mental da juventude. Os dados demonstram que a falta de equilíbrio emocional afeta uma grande parcela dessa população, sendo necessária a criação de políticas, com o apoio das escolas e faculdades, tais como a disponibilização de atividades para lidar com as emoções e para aprender estratégias de gestão do tempo e organização”, ressaltou a secretária nacional da juventude, Jayana Nicaretta.
Outro fator crítico são os impactos no trabalho e renda dos jovens e suas famílias nesse período. Seis em cada dez disseram ter tido alteração em sua carga de trabalho desde o início da pandemia (mais ou menos trabalho, parada temporária das atividades ou ainda interrupção por demissão). A renda também foi afetada: quatro em cada dez indicam ter diminuído ou perdido seu ganho financeiro e cinco em cada dez mencionam que suas famílias tiveram redução salarial. Diante dessa realidade, 33% dos participantes relatam ter buscado alguma maneira para complementar suas economias.
A pesquisa também destaca que há uma grande preocupação dos jovens com as suas emoções. Sete em cada dez participantes disseram que seu estado emocional piorou por causa da pandemia. Entre os sentimentos mais apontados durante a pandemia, estão a ansiedade, tédio e impaciência.
Perspectivas para o futuro
Embora 34% dos jovens ouvidos estejam pessimistas em relação ao futuro e 72% achem que a pandemia vá piorar a economia do Brasil, eles também têm algumas perspectivas positivas em relação à maneira como a sociedade vai se reorganizar a partir da crise sanitária.
Metade deles imagina que o modo como trabalhamos vai melhorar e acredita que novas oportunidades de trabalho podem surgir para quem mora afastado dos grandes centros urbanos, por conta do aumento do trabalho remoto. Ao todo, 48% também acreditam que surgirão novas formas de estudar mais dinâmicas e acessíveis que as atuais.
Em relação à ciência e à saúde, entre eles, 96% dizem que confiam na descoberta da vacina contra o coronavírus como uma ação importante para a retomada depois da pandemia. Além disso, 46% preveem que a ciência e a pesquisa terão mais prestígio e investimentos.
Por fim, 48% dos jovens também acreditam ainda que as relações humanas e a solidariedade receberão mais atenção.
Metodologia
A pesquisa coletou informações, entre 15 e 31 de maio, após mobilização dos participantes pelas redes sociais e por instituições que compõem o Conjuve. Os dados foram levantados por meio de um questionário disponibilizado pela internet. A metodologia usada para realizar a pesquisa foi a PerguntAção - desenvolvida pela Rede Conhecimento Social - que envolve o público-alvo em todas as suas etapas em um processo colaborativo, unindo pessoas de diferentes perfis para conceber e desenvolver, em grupo, o levantamento de opiniões sobre o contexto em que estão inseridas.
A participação no levantamento se deu por adesão, em resposta ao convite enviado pelas organizações parceiras da iniciativa e por outras instituições e redes que atuam com juventudes. Durante a coleta de dados, foi realizado um monitoramento diário que influenciou o trabalho de mobilização para as respostas, com o objetivo de garantir diversidade geográfica, de faixa etária, gênero, cor e raça entre os participantes.
Logo depois, também foi realizado um trabalho de ponderação dos dados para evitar distorções em relação ao grupo que participou da pesquisa e à distribuição dos jovens brasileiros por todos os estados brasileiros, tendo como referência a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua 2019 (IBGE).
Outros detalhes sobre os dados da pesquisa podem ser acessados.
Mais informações:
Assessoria de Comunicação Social do MMFDH
(61) 99558-9277